CEPEA: Vendas internas e externas garantem bons preços em 2004

A demanda interna aquecida por leite e derivados, somada ao bom desempenho das exportações estão favorecendo produtores de leite. Pesquisas do Cepea mostram que, em 2004, o preço real do leite (descontando a inflação medida pelo IGP-DI) na média dos seis principais Estados produtores foi praticamente igual ao de 2003 e superior ao de 2001 e de 2002 - considerando os valores deflacionados. Já se for comparada a média de dezembro de 2004 à do mesmo período de 2003, constata-se um aumento real (acima da inflação) de 16,5% do preço bruto pago ao produtor.

O crescimento da demanda interna por leite e derivados é estimado em torno de 2,8% em relação a 2003. Já as exportações somaram 548 milhões de litros até novembro, com importações de somente 287 milhões de litros.

Por outro lado, pesquisadores do Cepea destacam como negativa a grande diferença entre os preços máximos (entressafra) e os mínimos (safra) praticados neste ano. Na média nacional (seis Estados), os preços pagos aos produtores em fevereiro estavam na casa dos R$ 0,41/litro, chegando em agosto ao pico de R$ 0,57/litro. Isso significa uma oscilação de 38%, menor somente que os 55% observados em 2002. Essas variações prejudicam o planejamento financeiro tanto do produtor quanto dos laticínios.

Em relação aos valores pagos no último mês do ano, há poucas alterações frente a novembro, segundo o levantamento contínuo do Cepea. Na média nacional, houve um recuo de 1,42%, com o litro a R$ 0,4941. Quedas mais expressivas foram observadas em São José do Rio Preto (-6,3%), Vale do Paraíba (-4,2%), Sul de Minas (-5,4%) e na mesorregião Metropolitana de Belo Horizonte (-6,3%), áreas onde o volume captado aumentou significativamente por conta da melhora das pastagens. Na média dessas praças, a oferta da matéria-prima foi cerca de 12% maior que em novembro.

As únicas bacias produtoras que registraram alta nos preços foram o sul da Bahia (+2,6%) e a região nordeste do Rio Grande do Sul (+2%), onde a falta de chuvas prejudicou as pastagens e fez com que o volume captado diminuísse, em média, 6,1% frente a novembro.

Além do patamar de preços relativamente bom do leite ao produtor, também os custos de insumos importantes, como o farelo de soja e o milho, lhe estão favoráveis. Com isso, os concentrados - parte da dieta animal - estão cerca de 17% mais baratos que no ano passado. Num momento de preços como os atuais, é importante lembrar da existência de mercados futuros da soja e o milho, que podem assegurar os preços desses insumos, facilitando o planejamento dos custos em médio e longo prazos.



Fonte: CEPEA - Boletim do Leite, adaptado por Equipe MilkPoint