Com a recuperação das pastagens no mês de outubro, a produção nacional (média de seis estados pesquisados) aumentou 7% em relação a setembro, com destaque para São Paulo, com 9%; Minas, com 8,7% e Goiás, 15,6%, conforme pesquisas do Cepea. Excetua-se desta situação o Rio Grande do Sul, onde o período de safra está no fim e o volume captado foi 9% menor.
Como o consumo não apresentou acréscimo, pelo menos não o suficiente para acompanhar o aumento da produção láctea, a maior oferta gerou recuo dos preços do leite pagos à maioria dos produtores neste mês de novembro - referente ao leite entregue em outubro. Na média nacional, a queda do valor bruto foi de 2,20% em relação aos valores pagos em outubro. Já na região noroeste do Rio Grande do Sul, a principal bacia produtora desse estado, os preços pagos aos produtores mostraram-se superiores em 1,4% em relação ao mês anterior. Fato que pode ser atribuído ao aumento da concorrência dos laticínios naquela região e à menor captação.
Boa parte da queda dos preços pagos aos produtores também pode ser explicada pelos valores dos derivados lácteos no atacado. Destacam-se os atuais baixos preços do leite longa vida em São Paulo, comercializado por volta de R$ 1,18/litro.
Outro ponto a destacar são as variações nos preços líquidos, ou seja, nos valores recebidos pelos produtores (já descontados frete e INSS), que neste mês de novembro apresentaram queda de 3,15% em relação a outubro. Pesquisadores do Cepea explicam que esta variação foi maior por dois motivos. Em alguns casos, laticínios que já cobravam o frete do produtor repassaram o aumento dos custos decorrentes do encarecimento do diesel. Em outros, os laticínios voltaram a descontar o frete do preço do leite, fato que no período de entressafra neste ano era menos freqüente.
Se, por um lado, o consumo doméstico não aquece, por outro, as exportações vão de vento em popa. Em outubro, as vendas externas foram 32% superiores às de setembro, e quando comparadas ao mesmo período de 2003, o crescimento foi de 126%. Isso significa que, de janeiro a outubro, o Brasil exportou o equivalente a 495 milhões de litros, cerca de 3,4% da produção formal do país. É bom lembrar que há quatro anos, a participação nas exportações era de apenas 0,60% e que as importações chegavam à casa dos 15%, também com base na produção formal.
Do lado do produtor de leite, boas notícias chegam das bolsas de valores de Chicago. As cotações do farelo de soja, devido à alta perspectiva de safra norte-americana, estão fazendo com que os preços no mercado interno paulista batam na casa dos R$ 500,00/tonelada e a saca de milho oscile em torno dos R$ 17,00. Esses preços estimulam a alta produtividade baseada apenas em pasto com pequeno complemento de ração. Estima-se, neste mês de novembro, que o custo da dieta à base de cana para vacas de 15 litros/dia esteja na casa dos R$ 0,20/litro e, para vacas de 30 litros/dia, o custo somente com alimentação seja de R$ 0,16/litro.

Fonte: CEPEA
Fonte: CEPEA, adaptado por Equipe MilkPoint