Dois fatores são atribuídos a este novo cenário. O primeiro mostra claramente o aumento da oferta diária de leite de junho para julho nos principais estados produtores e o segundo é o crescimento das importações.
No Rio Grande do Sul e em São Paulo, por exemplo, o volume captado aumentou 4,7% em julho, no Paraná, 2,1% e, em Minas Gerais, um pouco menos, 1,3%. Já em Goiás, o volume diário captado chegou a diminuir 2,1%, mas os preços também sofreram influência dos outros estados. Na média dos cinco maiores estados produtores, o amento no volume foi de 3,47%.
A Bahia foi o único estado onde os preços médios não recuaram no último mês - mantiveram-se estáveis. A exemplo de Goiás, a oferta também diminuiu nesta praça, mas o total disponível é bem menor que no outro estado.
O aumento do volume importado é outro fator, ainda mais preocupante, de pressão sobre as cotações do leite. Neste segundo trimestre de 2005, o Brasil importou o equivalente a 137 milhões de litros. Em contrapartida, as exportações não foram suficientes compensar o volume importado. De abril a junho de 2005 o volume exportado foi de apenas 117 milhões de litros, acarretando um aumento real de 20 milhões de litros na oferta nacional. Já em 2004, também no segundo trimestre, a balança comercial do leite mostrava o oposto. As exportações somavam o equivalente a 119 milhões de litros e as importações apenas 81 milhões, o que propiciou o superávit do equivalente a 38 milhões de litros.
As quedas mais significativas do preço do leite pago ao produtor no mês de julho foram observadas no Paraná (-7,9%), em São Paulo (-6,6%) e em Goiás (-6,3%).
Em algumas bacias produtoras de Minas Gerais e de São Paulo, onde alguns laticínios começaram a pagar por qualidade do leite, nota-se que as quedas nos preços pagos aos produtores foram menores, contudo as diferenças entre os preços máximos e os mínimos pagos continuam na casa dos R$ 0,10 por litro - num intervalo de R$ 0,08 a R$ 0,14/litro.
A análise regional das cotações mostra ainda que, nos estados do Rio Grande do Sul, Paraná e São Paulo, os pequenos produtores sofreram recuos maiores que os grandes ofertantes. A queda dos preços mínimos (em geral, pagos aos pequenos produtores) foi na média dos três estados de 10,25%, enquanto que a queda dos máximos valores (grandes produtores) se limitou a 4,12%.
Preços pagos e recebidos pelo produtor - Leite tipo C

Fonte: Cepea/Boletim do Leite
Notas: Preço bruto é o pago pelos laticínios/cooperativas, e preço líquido, o efetivamente recebido pelo produtor. Os valores acima são médias ponderadas.
Fonte: CEPEA, adaptado por Equipe MilkPoint