No Rio Grande do Sul, o volume pluviométrico permaneceu elevado e os preços pagos aos produtores em setembro ficaram 4% abaixo dos valores de agosto (referentes ao leite entregue em julho). No Paraná, onde a disputa entre os laticínios pela matéria-prima é maior, os preços se mantiveram de agosto para setembro. Entretanto, os valores máximos nesse Estado, em setembro, estiveram ligeiramente menores que os de agosto, e o valor mínimo apresentou-se maior. Mesmo com essa diminuição da distância entre os preços maiores e os menores, o Paraná ainda é o Estado com maior amplitude dos preços.

Já em São Paulo, Minas e Goiás, a queda nos valores pagos aos produtores pode ser atribuída à diminuição dos preços dos derivados lácteos no mercado paulista (referência nacional), gerada pelo aumento da oferta proveniente da região Sul. Esse fato preocupa os produtores dessas regiões, uma vez que não houve aumento de produção para compensar a queda dos preços - principalmente pela falta de chuvas.
Esta época do ano é crítica para o setor leiteiro. As margens dos laticínios de algumas regiões, como MG, SP e GO, são estreitadas devido à falta de matéria-prima no mercado local e à queda dos derivados no atacado. Do outro lado, estão os produtores, com suas receitas também pressionadas, especialmente aqueles de praças onde a estiagem ainda persiste. Nesses casos, tem ocorrido queda dos preços no litro de leite e diminuição, simultânea, do volume produzido.
Em valores reais - tirando o efeito da inflação medida pelo IGP-DI -, os preços do litro de leite permanecem com uma valorização média de 2,31% em relação a setembro de 2003. Somente os Estados de Minas Gerais e da Bahia apresentam valores reais negativos, de 1,92% e 1,8% respectivamente.
Evolução dos preços do leite nos principais Estados produtores em R$/litro
(Deflator IGP-DI em agosto/04 = 100)

Os custos das dietas à base de milho e à base de cana proporcionaram um alívio aos produtores nos meses de agosto e setembro. Os preços tanto do farelo de soja quanto do milho recuaram, melhorando a relação de troca com o leite nos últimos meses. Em agosto, por exemplo, o farelo esteve em torno de R$ 560,00 a tonelada em Campinas e a saca de milho ficou na casa dos R$ 18,50/sc. Em julho, o produtor necessitava de 600 litros de leite para adquirir 1 tonelada de dieta à base de milho (silagem de milho + concentrado) e, em agosto, despendia apenas 550 litros, uma melhora de 5,9% do ponto de vista do produtor de leite. Importante lembrar que os custos aqui apresentados referem-se apenas ao montante com alimentação, não contabilizados os custos com mão-de-obra, vacinas, medicamentos, depreciação e manutenção da propriedade.
Litros de Leite necessários para adquirir uma tonelada da dieta à base de silagem de milho mais concentrado


Fonte: CEPEA, adaptado por Equipe MilkPoint