Pode-se assegurar que esse aumento é dado principalmente pela diminuição da oferta. Levantamentos do Cepea mostram que, na região Sul, o volume captado em março foi de 10,34% menor quando comparado ao de fevereiro - note que esse volume é ponderado pelo número de dias no mês; fevereiro: 28; março: 31. O mesmo ocorreu nas outras regiões pesquisadas. Em São Paulo, a redução foi de 9,1%, em Minas Gerais, de 6,5%, no estado de Goiás, diminuiu 3,8% e na Bahia, 7,2%.
Quanto aos preços, as maiores altas foram registradas em Goiás, onde a média do leite tipo C alcançou R$ 0,5961/litro, em abril. Dentro do estado, a principal região que puxou essa alta foi a sul, cujos preços atingiram valorização significativa de 11,3% para o produtor.
Para os preços brutos, o Rio Grande do Sul teve a menor valorização, de 2,2%, mas a segunda maior quando se observam os preços líquidos recebidos pelos produtores (5,9%), ficando atrás somente do Paraná (7,5%). Pesquisadores do Cepea explicam que a variação dos preços líquidos é dada principalmente pelo frete, sendo que nesses dois estados do Sul, laticínios/cooperativas assumiram os custos do transporte do leite da fazenda para a indústria, não descontando, pelo menos neste mês, o frete do produtor.
Em Minas Gerais, maior produtor nacional, o preço bruto teve ligeira alta de 3,6% e o líquido, de 3,3%. Em São Paulo, puxado principalmente pelo consumo de leite longa vida, os preços ao produtor apresentaram alta de 7,2%.
Comparando-se os valores deflacionados de abril aos do mesmo período de 2004, os preços pagos ao produtor na média nacional estão 17,2% superiores, destacando-se as valorizações ainda maiores nos estados de Goiás (24,4%) e São Paulo (19,3%).
No início do Plano Real, em julho de 1994, os preços do leite estavam em torno dos R$ 0,22/litro, ou seja, cerca de US$ 0,21/litro. Depois das desvalorizações cambiais ocorridas em 1999 e 2002, o produto chegou aos US$ 0,15/litro no pico da entressafra em 2001 e a US$ 0,11/litro no pico da safra em 2002. Esses patamares desestabilizaram muitos produtores e acarretaram no fechamento de muitos laticínios/cooperativas.

Observação: Preço bruto é o pago pelos laticínios/cooperativas, e preço líquido, o efetivamente recebido pelo produtor - ressalva-se que os valores acima são médias ponderadas.
Fonte: Cepea, adaptado por Equipe MilkPoint