Para o diretor do departamento econômico da CBCL, Vicente Nogueira, o resultado das exportações em 2005 é digno de comemoração: "a atividade leiteira no Brasil esteve marcada historicamente pelas importações em larga escala. No início do Plano Real, em 1995, os gastos com as compras externas de produtos lácteos superaram a marca de USD 600 milhões", lembra. "Pelo segundo ano consecutivo, o Brasil teve superávit na balança comercial de lácteos", constata.

Analisando a balança comercial de lácteos mensalmente, de janeiro a junho o resultado foi predominantemente deficitário. De julho a dezembro, porém, houve uma clara mudança de tendência e os superávits mensais foram suficientes para garantir o resultado positivo no acumulado do ano. "Tais dados apontam para um novo cenário, a perspectiva do país ser superavitário no comércio internacional de leite e derivados, com expectativa de geração de novos empregos e renda", afirma Vicente.

Segundo o diretor da CBCL, os números positivos de 2005, apesar do câmbio desfavorável, são resultado de iniciativas profissionais de algumas empresas de laticínios. Ele destaca a criação da Serlac Trading S.A, em maio de 2002. "Das cinco indústrias que compõem a Serlac, três são cooperativas centrais: Itambé, Cooperativa Central de Laticínios do Estado de São Paulo (CCL) e Cooperativa Central Agro-Industrial Ltda (Confepar)", comemora.

Outros aspectos de destaque, segundo ele, são a recuperação dos preços internacionais e a aplicação de direitos antidumping sobre as importações desleais de leite em pó provenientes da União Européia e Nova Zelândia, bem como fixação de preço mínimo para o leite em pó oriundo da Argentina e do Uruguai. "Para que o Brasil consolide sua vocação inequívoca de país exportador de leite, é indispensável a prorrogação dessas medidas de defesa comercial", finaliza.