Batávia deve sair do vermelho este ano

Publicado por: MilkPoint

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Quando os sócios minoritários da Batávia afastaram judicialmente a controladora Parmalat da sociedade, em fevereiro deste ano, conseguiram manter não só a marca da multi italiana, mas também o executivo contratado por ela com a missão de tirar a empresa do vermelho. Dez meses depois, o engenheiro mecânico José Antonio do Prado Fay está concluindo o relatório que apresentará no fim do mês aos nove integrantes do conselho de administração. "Vamos fechar o ano com lucro", avisa.

Parte dos números é mantido em segredo, mas Fay afirma que o faturamento deverá ficar acima de R$ 550 milhões, ante R$ 480 milhões em 2003, quando a Batávia registrou prejuízo de R$ 32 milhões. Outro dado favorável é a redução da dependência do leite longa vida, que há três anos respondia por 70% do volume de vendas da empresa. Hoje representa menos de 50%. "Estamos crescendo em refrigerados, que têm margens maiores".

Embora responda por quase metade do volume, o leite líquido representa 20% da receita. Segundo Fay, os resultados melhoraram com a mudança de foco, mesmo com a manutenção do volume de leite processado em torno de 18 milhões de litros por mês.

Depois de trabalhar na Petrobras, Bunge e Electrolux, Fay foi convidado há pouco mais de dois anos pelo ex-presidente da Parmalat, Ricardo Gonçalves, para assumir a diretoria geral da Batávia. Desde 1998, a empresa tinha como sócios a Parmalat (51%), a Cooperativa Central de Laticínios do Paraná (45,5%) e a cooperativa Agromilk (3,5%). Fay decidiu permanecer na empresa a convite dos sócios minoritários mesmo depois do afastamento da Parmalat.

"Tinha um plano em andamento. Conversei com o Ricardo Gonçalves sobre o assunto e decidi ficar", conta o executivo. "Hoje a Parmalat é minha concorrente".

A Batávia tem uma fábrica em Carambeí (PR) e outra em Concórdia (SC). Quem entra na unidade de Carambeí, região central do Paraná, onde os refrigerados são industrializados, encontra embalagens da Batavo e da Parmalat. E pelos próximos dez anos a Batávia pretende continuar vendendo produtos da concorrente, cujo direito de uso também foi conquistado por meio judicial em junho. Mas a aposta está concentrada na Batavo, que responde por todos os 42 recentes lançamentos. Segundo Fay, há cerca de 150 itens com a marca Parmalat e outros 200 da Batavo. Entre as novidades, está o leite de soja, cujo mercado tem crescido 12% ao ano, segundo a empresa.

Distribuição

Até fevereiro deste ano, a distribuição dos produtos era feita pela Parmalat, que na época vivia o auge da crise que a levou a pedir concordata. Após a decisão judicial de afastamento, em que os minoritários alegaram que a presença da Parmalat colocava em risco a Batávia, uma nova operação de distribuição teve de ser montada, passando a ser terceirizada.

Fay conta que aumentou a capacidade de estoque e conseguiu ampliar de 17 mil para os atuais 22 mil os pontos de venda em todo o Brasil, onde a empresa ocupa a terceira posição em refrigerados, atrás de Danone e Nestlé. "Estamos concluindo a reestruturação e a Batávia está pronta para crescer".

Segundo ele, a prioridade foi recuperar os resultados da Batávia, que começaram a ficar positivos a partir de maio. O próximo passo será o de reforçar os investimentos em marketing para mudar a visão do consumidor, habituado a vê-la como uma empresa de leite.

A decisão da Parmalat de transferir sua operação de refrigerados para Carambeí, em junho de 2003, ajudou nos planos. Na época, foram fechadas as unidades de refrigerados de Porto Alegre (RS) e Jundiaí (SP) e ampliada a capacidade da unidade paranaense. Os equipamentos que eram da companhia italiana continuam sendo usados em comodato pela Batávia e os valores dos royalties pelo uso da marca são depositados em juízo.

A Parmalat comunicou por meio de uma nota que este assunto está "sub judice". "Na jurisprudência brasileira não existe qualquer precedente que tenha amparado, em última instância, o afastamento de sócio majoritário, nem base legal no ordenamento jurídico nacional, até onde entendemos, que dê suporte à situação ou ao pleito feito", diz o texto. "A posição da Batávia encontra-se calcada em um despacho liminar da primeira instância do Poder Judiciário Estadual".

O advogado dos minoritários, Marcelo Bertoldi, informa que a Parmalat não terá direito aos dividendos pelos lucros que a Batávia vier a apresentar. "Ela não é mais sócia. A Batávia sempre deu prejuízo com a Parmalat e só com a saída dela voltou a ter resultado positivo", defende.

Como a exclusão da sociedade não elimina o direito ao patrimônio, Bertoldi afirma que será realizada uma avaliação de quanto a Parmalat deveria receber pelos 51% que detinha da Batávia. Isso ainda não foi feito, mas Bertoldi não acredita que a Parmalat voltará a ser sócia da empresa. "Sei que não há nenhum outro caso como esse e a ação só foi possível porque usei o novo Código Civil, que permite a exclusão do sócio de uma sociedade anônima", afirma.

Fonte: Valor (por Marli Lima), adaptado por Equipe MilkPoint
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