Assentamentos na região de Araras têm auxílio técnico

Publicado por: MilkPoint

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Representantes do Centro de Ciências Agrárias (CCA) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e técnicos do Instituto de Terras do Estado de São Paulo (Itesp) - Regional Leste - reuniram-se no último dia 27 de abril para avaliar o andamento de um projeto iniciado em fevereiro de 2004 com o objetivo de levar eficiência produtiva em bovinos de leite e qualidade de vida a assentamentos da região de Araras, no interior do Estado de São Paulo, onde está instalado o CCA. Ligado ao projeto de extensão "Produção intensiva de bovinos a pasto", o trabalho envolve cinco núcleos produtores e já apresenta resultados relevantes na viabilização técnica da produção de leite.

No encontro, foram analisados o atual modelo do projeto, os requisitos para continuidade do trabalho e as áreas identificadas pelo Itesp para ampliação. Atualmente, o projeto está em andamento nos assentamentos de Araras, Casa Branca, Cordeirópolis, Ipeúna e Mogi Mirim e envolve seis famílias de assentados.

Na metodologia utilizada atualmente, o Itesp faz o primeiro contato com as famílias do assentamento para a seleção do perfil dos produtores. Em seguida, pesquisador e alunos da UFSCar apresentam um projeto para produção de leite, que envolve um cronograma de 12 meses. Os que forem selecionados terão treinamento e acompanhamento de suas atividades realizadas por 10 alunos do curso de Engenharia Agronômica da UFSCar, integrantes do Grupo de Estudos e Trabalhos em Agropecuária (GETAP).

Para o aumento da produção é utilizada a seleção de matrizes de alto padrão e a tecnologia do manejo rotacionado de pasto, uma técnica que permite elevar a produção em um pequeno espaço. Alguns produtores podem também receber por empréstimo, e por tempo determinado, uma máquina de ordenha para melhor iniciar suas atividades. Com isto, os responsáveis pelo projeto esperam aumentar consideravelmente a renda dos assentados.

Jozivaldo Morais, professor no campus de Araras da UFSCar e coordenador do projeto, esclarece que muitos assentados trabalham de forma desorganizada e arcaica, limitando a produção e a qualidade do leite. "Nosso objetivo é aumentar a produção de leite e maximizar o trabalho sem comprometer todo o lote do assentamento com apenas um tipo de atividade", ressalta o pesquisador. Dessa forma, o projeto não limita a expansão de outras atividades dentro do lote, como criação de galinhas e horticultura, por exemplo.

O professor ressalta ainda a importância do projeto para os alunos, que têm a oportunidade de adquirir uma rica experiência na área de bovinocultura de leite. "O impacto do projeto na vida acadêmica dos alunos é muito grande. Além de aprenderem na prática como montar uma fazenda de gado de leite, eles têm contato com uma realidade de famílias pobres e humildes, diferente das vivências que o campus da Universidade pode oferecer", afirma Morais.

Nos assentamentos, os 10 alunos e técnicos fazem a avaliação e escolha da variedade do pasto, análise topográfica e do solo, implantação da pastagem, subdivisão das áreas do lote, desenho arquitetônico das instalações e implantação da ordenha, recomendações para plantio de cana-de-açúcar para alimentação do gado no inverno, avaliação reprodutiva do rebanho e da qualidade do leite, além da planilha de custos da propriedade. Todo esse trabalho precisa ser realizado porque, segundo os coordenadores, os assentamentos são encontrados praticamente sem nenhuma estrutura produtiva para gado de leite.

Luciano Balbino da Silva, responsável técnico da equipe regional do Itesp em Araras, ressalta a importância da parceria entre a UFSCar e o Itesp. "Nós temos uma preocupação com a inclusão social e prestamos assistência técnica para os produtores, enquanto os professores e alunos da UFSCar estão preocupados com a pesquisa, com a disponibilização de informações científicas e o debate dos melhores modelos de produção", afirma Balbino. Já para Morais, mais do que uma questão financeira, o projeto representa um resgate social e da auto-estima dos indivíduos que vivem a realidade dos assentamentos.

Resultados:

Carla Trentin, 26 anos, é uma das assentadas beneficiadas com o projeto. Ela e sua família têm um lote de seis hectares em Araras onde, com seis vacas e comprometimento de 1,5 hectares, obtêm cerca de 60 litros de leite diariamente. Antes, com quatro vacas, conseguiam apenas 10 litros diários. A experiência tem sido tão positiva que a família já faz planos para longo prazo: eles pretendem ter, em cinco anos, até 40 vacas na produção de leite.

No projeto implantado no 1,5 hectares do lote da família Trentin, o pasto foi dividido em 30 piquetes, adubado e cultivado com o capim Mombaça, da família do Colonião. O capim é indicado para pequenas propriedades e apresenta alta produtividade e qualidade; porém, requer manejo e adubação adequada. Um planejamento mensal foi estabelecido de forma que as vacas pastem cada dia em um piquete e, assim, durante o mês, o pasto de cada piquete tenha tempo para ser recomposto.

Com esse baixo comprometimento do lote e o planejamento adequado das atividades, também tem sobrado tempo para outras atividades, como uma horta e a criação de cinco porcos, 300 pintinhos e 30 galinhas. Carla ressalta que o modelo tem favorecido uma importante troca de informações com a Universidade, de forma que hoje ela percebe o quanto o conhecimento faz diferença no seu trabalho. "Antes eu não sabia nada de nutrição e não conhecia o capim que adotamos aqui. Hoje, eu tenho certeza de que não podemos ficar parados no tempo. Eu já penso em fazer cursos para me atualizar e aprender cada vez mais", afirma.

Fonte: Informativo da Coordenadoria de Comunicação Social da Universidade Federal de São Carlos, adaptado por Equipe MilkPoint
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Silvia de Souza Pereira
SILVIA DE SOUZA PEREIRA

OUTRO - MINAS GERAIS

EM 10/05/2005

Fui estagiária do Prof. Jozivaldo, no seu projeto de extensão "Produção intensiva de bovinos de leite a pasto". Conheço a seriedade e a eficiência do projeto e gostaria de parabenizá-lo por estar colhendo os frutos de uma iniciativa tão bonita.
Marcelo de Rezende
MARCELO DE REZENDE

LONDRINA - PARANÁ - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 06/05/2005

Parabéns a UFSCar e a todos os envolvidos neste projeto.



Somente ações como esta serão capazes de devolver ao pequeno produtor rural a diginidade e a esperança de um futuro melhor. Quase sempre esquecido e impossibilitado de ter acesso aos conceitos básicos de produção, é oferecido agora uma possibilidade a estas pessoas.

Louvável também o conceito de extensão rural aplicado ao projeto, pois somente desta maneira teremos profissionais realmente conhecedores da relidade do homem do campo, e prontos para levar até ele tudo aquilo que hoje, infelizmente, é mantido somente nas bibliotecas e porões das instituições, resultado de anos e anos de pesquisa não aplicada.



Parabéns a Todos!
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