Argentina: produtores criticam acordo de redução do preço

O presidente da União Geral de Produtores de Leite da Argentina, Guillermo Draletti, advertiu que o acordo firmado entre o governo e as empresas leiteiras para baixar os preços de um grupo de produtos lácteos poderá prejudicar os produtores porque, segundo ele, as processadoras transmitirão ao setor primário essa redução nos preços. "É um erro acreditar que, com três produtos de oito empresas, pode-se controlar um mercado".

Draletti insistiu que o acordo prejudica os produtores porque foi fixado um prazo de cinco meses com a intenção de chegar na primavera, quando começa a abundância de leite.

Ele disse que os produtores argentinos recebem entre 42 e 45 centavos de pesos (14,38 e 15,41 centavos de dólar) por litro.

Ao ser consultado sobre as medidas que o governo poderia tomar para evitar o aumento de preços, ele respondeu que deveriam ser tomadas "medidas fortes, desde dividir empresas, como foi feito nos Estados Unidos, até gerar competição com incentivos fiscais e financeiros".

No entanto, a empresa Manfrey, integrante do Centro de Indústrias Leiteiras (CIL), que fez o acordo com o governo de redução nos preços de 1,5% a 8% nos produtos lácteos, confirmou que seus produtos começarão a refletir a redução nos próximos dias, mas que esta medida não significará uma redução do preço do leite ao produtor. "Concordamos em baixar os preços por um pedido do governo, mas isso não pode se traduzir na matéria-prima", disse o presidente da Manfrey, Ercole Felippa.

O acordo, firmado pelo secretário da Agricultura, Miguel Campos, e pelo presidente do CIL, Osvaldo Cappelini, determina uma redução de 1,5% no preço do leite fluido, de 5% no preço de alguns queijos e de 8% nos preços de iogurtes de beber.

Felippa disse que os preços pagos pela matéria-prima não são determinados por um reflexo do mercado interno e que sua principal base são os compromissos de exportação feitos por empresas do setor.

Felippa disse que as baixas combinadas precisam chegar ao consumidor porque senão o esforço estará sendo feito apenas por um setor. Com relação aos aumentos registrados no setor nos primeiros meses do ano, ele disse que esses apenas permitiram recuperar os valores vigentes durante o ano de 2003 e que obedeceram a "questões estacionais".

Em 29/03/05 - 1 Peso Argentino = US$ 0,34247
2,92000 Peso Argentino = US$ 1 (Fonte: Oanda.com)

Fonte: La Capital, adaptado por Equipe MilkPoint