Os produtores de leite, empresários da indústria e os supermercados da Argentina rechaçaram a aplicação de aumento nos impostos de exportação de lácteos como ferramenta para frear um aumento nos preços desses produtos no varejo e garantiram que o valor do leite é estabelecido pela demanda e equilibrado pela produção.
No entanto, a presidente do Centro de Educação ao Consumidor (CEC), Susana Andrada, disse que o aumento dos preços nos lácteos se deve a um aumento na demanda interna e denunciou que há um "oligopólio" no setor industrial. "Parece que ninguém tem culpa de nada. Produtores, indústrias e supermercados passam a bola uns para os outros quanto à formação do preço e quem acaba pagando as conseqüências é o consumidor".
Em julho, o Governo argentino aplicou um aumento nas retenções que começará a ser sentido agora, devido ao fato de a maioria das exportações estarem agendadas para este período. Estabeleceu-se um aumento de 5% a 15% para a exportação de leite em pó e de 10% para as exportações de queijos, após negociações infrutíferas com as indústrias leiteiras por uma prorrogação do acordo de preços firmado em abril.
O preço do leite cru ao produtor se mantinha em 48 centavos de peso (16,44 centavos de dólar), mas depois subiu para 53 centavos de peso (18,16 centavos de dólar) e, em julho passado, em alguns casos o preço chegou a 60 centavos de peso (20,56 centavos de dólar). As empresas, com o argumento de que não podiam arcar com o aumento da matéria-prima, colocaram um fim no acordo com o Governo; por isso, o Governo resolveu aumentar os impostos de exportação e, assim, conseguiu conter o preço em torno dos 53 centavos de peso (18,16 centavos de dólar).
O presidente da Associação de Produtores de Leite, Manuel Ocampo, advertiu que "isso coloca um teto no mercado mais dinâmico que era o de exportação", e assegurou que "isso causará danos à indústria". Segundo ele, o setor de lácteos argentino estava chegando a uma situação muito competitiva entre as empresas, que tinha feito com que o preço retornasse a valores que podiam chegar a ser considerados normais.
Na mesma linha, o presidente da empresa láctea Manfrei, Escole Felipa, disse que "é importante que realmente os preços possam se manter limitados em função do aumento da produção". Além disso, ele disse que existe um alto componente impositivo dos produtos e afirmou que quando o consumidor compra qualquer produto lácteo no varejo, de cada 10 pesos (US$ 3,42), 3,3 pesos (US$ 1,13) são impostos entre municipais, provinciais e nacionais.
Por outro lado, o diretor executivo da Associação de Supermercados Unidos (ASU), José Fernández Escudero, disse que a rentabilidade nunca é de mais de 2% para cada embalagem de leite.
Andrada, no entanto, sustenta a denúncia de oligopólio na indústria, dizendo que duas marcas de lácteos detêm 80% do mercado. Além disso, disse que com "50% de pobres e um consumo da população que está longe dos valores de 2001, não é possível dizer que o aumento ocorre pela demanda interna, mas sim, externa".
Em 15/09/05 - 1 Peso Argentino = US$ 0,34270
2,91800 Peso Argentino = US$ 1 (Fonte: Oanda.com)
Fonte: Infobae.com, adaptado por Equipe MilkPoint
Argentina: imposto de exportação desagrada setor
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