De gigantes como a Mastellone Hermanos à Cresud, a agropecuária do grupo de investimentos IRSA, até pequenas e médias empresas como La Sibila ou cooperativas associadas da SanCor, as empresas de lácteos da Argentina estão fazendo com que as bacias leiteiras vivam hoje uma retomada. Após a expansão do setor de lácteos argentino ocorrida nos anos noventa, o setor passou por uma crise interna desde o final desta década, que levou a Argentina a perder 10% de suas propriedades leiteiras de 23% de sua produção de leite (dos 10,3 bilhões de litros anuais, recorde de 1999, para menos de 8 bilhões de litros em 2003).
Porém, atualmente, os altos preços internacionais e suas boas perspectivas, a reativação do mercado interno e a boa rentabilidade para o produtor (após a queda do valor da soja), estão desencadeando uma onda investidora no primeiro escalão da cadeia, as propriedades leiteiras, para cobrir a capacidade industrial instalada nos anos noventa, com o objetivo voltado especialmente para a exportação.
Enquanto a Mastellone Hermanos, dona da marca La Sereníssima, levará adiante um plano de desenvolvimento industrial para elevar a capacidade de processamento de leite cru, a Cresud anunciou que destinará US$ 1,3 milhão para colocar em marcha a maior fazenda leiteira do país, com capacidade para ordenhar 1500 vacas por dia, que produzirão 36 mil litros de leite na Estância El Tigre, localizada em Trenel, La Pampa. Além disso, a empresa planeja outra mega-fazenda em La Juanita, Buenos Aires. Será o terceiro da empresa, além do de Neuquén.
Já a pequena empresa La Sibila está construindo uma fazenda leiteira para 400 vacas em El Embrujo, Córdoba, onde colocará as novilhas que hoje sobram, para não ter que vendê-las.
"O grosso de nossos 2000 sócios está investindo na ampliação da capacidade, melhoras técnicas ou incorporação de animais e alguns projetam novas fazendas", disse o gerente de Relações e Comunicações da SanCor, Jorge Giraudo.
Também estão sendo feitos investimentos em processos secundários do leite, como secagem, para a produção de leite em pó e queijos, produtos exportados pela Argentina. A Williner pôs em marcha uma linha de secadores de US$ 4 milhões para seu complexo Bella Itália (Santa Fé), onde também somou instalações de queijos, por um total de US$ 15 milhões.
Outra empresa que está investindo no aumento da capacidade de produção de leite em pó é a La Ramada, do grupo peruano Gonella, que está construindo em Esperanza, Santa Fé, uma planta de leite em pó com capacidade para 800 mil litros diários, com um investimento de US$ 12 milhões. A Verónica também deverá investir em sua capacidade de secagem.
Boom local e internacional
O consumo doméstico de lácteos segue em alta na Argentina, com um crescimento de 5% a 10%, dependendo da categoria. Porém, as empresas lácteas investidoras estão mirando mesmo é no mercado de exportação. Neste sentido, o coordenador do programa de Política Leiteira da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Pesca e Alimentação (SAGPyA), Juan José Linari, disse que as perspectivas são boas "porque o consumo cresce mais rápido que a produção, a relação com o euro é favorável, a Ásia mostra uma tendência de consumo firme e os grandes compradores são os países petroleiros, como Argélia, México e Venezuela".
No ano passado, a produção de lácteos se recuperou em 16% desde o crítico ano de 2003 e "estima-se que crescerá de 7% a 8% neste ano, para cerca de 10 bilhões de litros, quase como o recorde de 1999", disse ele. As exportações, basicamente de leite em pó, queijos e manteiga, foram recordes no ano passado, por US$ 540 milhões, e neste ano superariam os US$ 600 milhões. Em 2004, as exportações representaram 23% da produção e, neste ano, estas deverão ser de 25% da produção.
Fonte: El Cronista Comercial, adaptado por Equipe MilkPoint
Argentina: empresas aumentam investimentos no setor
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