Por Daniela Gabriel Rosolen1
A osteoporose é uma doença cujo custo é muito elevado. De acordo com a endocrinologista Valéria Guimarães, presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, SBEM, o tratamento pode atingir de R$ 100 a R$ 2.000 mensais.
Estudos da Escola Paulista de Medicina mostram que o custo do tratamento no Brasil em 2001 representava 11% da renda familiar mensal média brasileira.
De acordo com pesquisas realizadas nos Estados Unidos, a osteoporose é a principal doença de saúde pública deste país, sendo tratadas 28 milhões de americanos, dos quais 80% são mulheres. Ela é responsável por mais de 1,5 milhão de fraturas anuais no país. O gasto público anual com essas fraturas é de 14 bilhões de dólares, cerca de 42 dólares por mês por pessoa tratada.
São custos que poderiam ser evitados se durante a vida, principalmente durante a infância e adolescência, houvesse maior consumo de leite e derivados, visto que a osteoporose é uma doença que envolve a infância e não a velhice.
Uma perda silenciosa!
A osteoporose causa a diminuição da massa óssea e deterioração estrutural ocasionadas pela carência de cálcio, sendo percebida principalmente quando há uma fratura. O consumo de leite pode ajudar?
De acordo com a médica Valéria Guimarães, a ingestão de cálcio adequada durante a infância e a adolescência está diretamente relacionada à reposição óssea. Segundo ela, a substituição do leite por bebidas pobres em cálcio pode comprometer o crescimento do indivíduo, que pode não atingir o pico de massa óssea geneticamente programado.
A médica afirmou que, apesar do leite e seus derivados serem a principal fonte de cálcio, existem outras fontes, como sardinhas, mariscos, ostras e vegetais de folhas verde-escuras (exceto espinafre).
Nos Estados Unidos, a recomendação para ingestão de cálcio é de 500 mg/dia para pessoas com idade de um a três anos, 800 mg/dia de quatro a oito anos, 1.300 mg/dia de nove a dezoito anos e 1000 a 1200 mg para adultos. Para obter 1g de cálcio, por exemplo, é necessário ingerir diariamente 2 copos de leite, 2 bolas de sorvete, 50 g de agrião e 50 g de brócolis, informou a endocrinologista. Para garantir a fixação do cálcio, recomenda-se a prática de atividade física como uma caminhada de meia hora.
Uma pesquisa realizada naquele país mostrou que crianças estão sofrendo fraturas com freqüência muito maior devido à substituição de bebidas lácteas, ricas em cálcio, por outras, como sucos e refrigerantes, que apresentam baixo nível do mesmo.
O especialista da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, João Lindolfo Borges afirmou, durante o IOF World Congress on Osteoporosis, que aconteceu no mês de maio desse ano no Riocentro, que a ingestão do leite é baixa em todo o mundo. Citou um estudo populacional mostrando que em 4% dos domicílios brasileiros a ingestão de leite é menor que um litro por ano. Disse que, desta forma, a população deixa de adquirir a quantidade necessária de cálcio para a preservação de seus ossos.
O Dr. Lindolfo comenta também que pesquisas mundiais comprovam haver uma influência familiar inversa no consumo do leite: os filhos acabam fazendo com que os pais consumam mais refrigerantes do que leite.
No Brasil ainda não há informações seguras de prevalência de osteoporose, mas os dados da National Osteoporosis Foundation (NOF) nos EUA mostram que, considerando pessoas com mais de 50 anos, a doença atinge 40% das mulheres negras, 72% das mulheres brancas, 23% dos homens negros e 42% dos homens brancos.
A recomendação de Valéria Guimarães para reverter o quadro de má qualidade na alimentação e baixa atividade física é educar a população e informar sobre a importância de se promover a saúde óssea desde os primeiros anos de vida, durante a infância e adolescência. O processo educativo, para atingir seu objetivo, precisa ser exercido no dia-a-dia das escolas, dos clubes e da família, envolvendo o mundo da criança com hábitos de vida mais saudáveis.
A secretária Maria Marie Massumoto, 48 anos, residente na cidade de São Paulo, é uma entre as 10 milhões de pessoas acometidas pela doença no Brasil, segundo as estimativas. Ela descobriu que tinha osteoporose por acaso há dois anos, em um exame de rotina (densitometria óssea) solicitado por seu médico. Explicou que na infância consumia leite muito mais por insistência de sua mãe. Agora, consome produtos lácteos pelo menos duas vezes por dia, apesar de gastar cerca de R$ 60 por mês em remédios a base de cálcio, como o Cálcio D Day, que toma uma vez por dia. Porém a duração do tratamento vai depender do acompanhamento médico e dos resultados dos exames que vai fazer.
Qualquer pessoa pode vir a ter osteoporose que, na maior parte das vezes, é diagnosticada a partir de fraturas. O melhor mesmo é a prevenção, mantendo uma vida saudável, com prática de exercícios físicos e ingestão de cálcio, principalmente através de produtos lácteos.
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1Estudante do Ensino Médio do Colégio Etapa, São Paulo
A importância do leite no combate a osteoporose
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