
As exportações foram apontadas como uma das principais causas por várias pessoas. Para Marcos Custódio, da Leite Nilza, "as perspectivas foram não apenas melhores, mas até surpreendentes. Ao sairmos da amarras de ser um país importador para ser um país exportador, mostramos nossa capacidade de tornar essa cadeia lucrativa em nossa país". Opinião semelhante a Carlos Mareca, empresário em Poços de Caldas, MG, e Areno Athas Junior, diretor técnico da Aproleite, em Glória de Dourados, MS.
Ele aponta que "pela primeira vez rompemos o tabu de que não exportávamos produtos lácteos. O ano de 2004 provou que temos capacidade para isso e vamos ter um balanço positivo. Somos competitivos, basta cada vez mais melhorarmos nossa qualidade". Segundo ele, "a cadeia láctea precisa parar com os desacertos internos e unir para romper as barreiras impostas principalmente pelas grandes redes (atacadistas). Precisamos brigar com os nossos verdadeiros concorrentes, que são: cervejas, aguardentes e refrigerantes. Em 2005, terá que acontecer a união das grandes empresas lácteas para firmar o produto no mercado, pois com a taxa de crescimento de leite em 4,5%, se não escoarmos este produto, ou na exportação ou melhoria do consumo interno, o produtor mais uma vez será penalizado".
Para Dian Spessato, da Frimesa, no Oeste do Paraná, os preços em 2004 foram melhores do que em 2003. Mas alerta: "mesmo com a alta da soja, os custos não foram tão afetados, porque os insumos para silagem ainda estavam baixos".
Erivelton Zanon, da Leite Latco, em Santa Catarina, aponta os baixos preços da soja e do milho como fator de redução de custos, além da melhor estabilidade de preços do leite no verão como aspectos que favoreceram uma melhor condição em 2004, quando comparado a 2003, mesma opinião de José Ricardo Vilkas, produtor de leite em Angatuba, SP. Vários participantes apontam a estabilidade de preços como um fator que tornou esse ano melhor do que o ano passado: Cilmar Machado dos Santos, produtor de leite em Lins, SP, Carlos César Massambani, zootecnista da Nutriphós, em Umuarama, PR, Ciro Roberto Junqueira, também da Nutriphós, em São Sepé, RS e Marcos Nalin, médico veterinário em São Gotardo, MG. Outros, como Leonardo Cheib, produtor de leite em Pirenópolis, GO, Alexandre Neves, produtor de leite em Franca, SP, imputam a melhor situação em 2004 aos preços mais baixos de insumos de alimentação.
Em termos
Há, no entanto, quem considere que a melhoria não foi tão significativa assim. Gregório da Rocha Miranda Pontes, produtor de leite em Petrópolis, RJ, lembra que "no que se refere a precos pagos ao produtor, ainda estamos aquém dos custos, embora ligeiramente melhor, pois conseguimos um pouco mais de estabilidade com o inicio das exportações. Para que possamos deslanchar as exportações, falta principalmente a implantação da IN-51, para termos a qualidade necessária", finaliza.
Para Paulo Sebastião Paes Leme, produtor de leite em Quirinópolis, GO, "os preços do leite foram um pouco melhores, porém os insumos para produção, a mão de obra, a sanidade e o clima menos favorável contribuíram para eliminar as vantagens dos melhores preços".
Maurício Gomes de Menezes, produtor em Araxá, MG, também considerou os preços bons, mas os custos, elevados. "Os preços foram bons, mas o custo de insumos e energia subiu muito, assim como o óleo diesel e o adubo, que elevou o custo de manutenção das pastagens", lembra ele.
Não melhorou
Para 12% dos votantes, a situação não melhorou. Jéferson Maciel, produtor de leite em São Borja, RS, aponta o aumento dos custos de alimentação como um fator restritivo.
Para Fernando Ceresa Neto, produtor de leite em Brasília, DF, "os preços para o produtor continuam estacionados. Feitas as deflações, estão no mesmo patamar de 2002/03. Em contrapartida, todos os custos foram majorados, em especial os cotados em US$, como os remédios e os combustíveis. Precisaríamos de apoio político e governamental, à semelhança de países como Austrália, Canadá, França, etc., coisa impensável no Brasil. Oferecemos o maior nível de emprego da economia e somos vistos como retrógrados, exploradores de mão-de-obra barata e desnecessários ao país. Os laticínios multinacionais preferem trabalhar com o produto importado de suas matrizes ou coligadas, talvez como forma legal de transferência de recursos. O produto leite é desconsiderado até pelo Ministério da Saúde, que não recomenda seu consumo. Assim não dá", desabafa.
É importante salientar que a enquete MilkPoint não tem o objetivo de quantificar opiniões com rigor estatístico, apenas mostra a opinião dos leitores sobre determinado assunto. Nessa enquete, 51 pessoas votaram.
Vote em nossa próxima enquete: "Qual sua expectativa para o setor leiteiro em 2005, em comparação a 2004":
- melhor
- pior
- igual
- tenho dúvidas
Clique aqui para votar.
Fonte: Equipe MilkPoint