36% apontam entre US$ 0,12 a US$ 0,16 por litro como preço competitivo

Publicado por: MilkPoint

Publicado em: - 6 minutos de leitura

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Opiniões em quantidades equilibradas na enquete sobre o preço do leite para uma competitividade internacional

Continuando na mesma linha de questões sobre o custo do leite realizado, nesta última enquete de fevereiro, questionou-se qual seria o nível de preço do leite que possibilitaria a competitividade brasileira.

Conforme se pode verificar na tabela 1, houve certo equilíbrio, porém com predomínio da opção "entre US$ 0,16 e 0,20/litro", com 36% dos votos. Porém, houve uma quantidade razoável das outras opiniões também, com quase um terço das respostas abaixo de US$0,16 e pouco mais de um terço acima de US$0,20.

Tabela 1. Resultado da enquete


Razões para "US$0,16 a US$0,20/litro"

Os produtores Arthur C. W. de Carvalho, de São Paulo, e Carlos H. Pereira, de Minas Gerais argumentaram que este preço poderia ser competitivo e estimulante para os produtores. "O preço além de possibilitar a competitividade, deve remunerar o produtor" diz Arthur, com o que concorda Pablo Vilela, da Merial em Governador Valadares, MG. Para Delisio B. de Carvalho, gerente industrial dos Laticínios Buritis, MG, com o preço nestes patamares, há uma possibilidade de toda a cadeia crescer.

Para Roberto Jank Jr., produtor de leite em São Paulo (3ª posição no Top 100 MilkPoint), esse preço é competitivo, porque "estaria entre os menores preços mundiais, em uma faixa perfeitamente inserível no comércio internacional de lácteos". O preço compatível com os valores do mercado internacional também foi apontado pelos consultores Marcos Venício Bruno, de SP e Cleber Barreto, de Sobral, Ceará, como um aspecto importante para escolha dessa faixa de preços.

Escolheram essa opção também Tarcísio Duque, diretor executivo da CCL, Jacques Gontijo Álvares, vice-presidente da Itambé, Marcelo Nogueira, gerente da Leite Nilza, João Fernando dos Santos, gerente do departamento de administração da produção da Vigor e Cesomar Oliveira, diretor-presidente da Cooperativa de Alpinópolis, entre muitos outros.

Opções "US$0,20 a US$0,24" e "US$0,24 a US$0,28"

Essas duas opções, somadas, resultam em aproximadamente 35% dos votos (15 e 20%, respectivamente).

Quatro produtores mineiros, Elinton A. T. de Lima, Rafael Borges, José R. R. Junqueira e Solimar C. e Bastos, defenderam a opção mais alta, pelo motivo de haver um alto custo de produção. "Com exceção da ração, os demais insumos estão com preços muito elevados", comenta Junqueira.

O pecuarista de Belo Horizonte, MG, Renato Fonseca, que escolheu a opção entre US$ 0,20 e US$ 0,24/litro, criticou a enquete: "Achei a pergunta mal formulada. É evidente que quanto menor o preço da matéria-prima, considerando-se a qualidade constante, maior seria a nossa competitividade no mercado internacional. Respondi a pergunta levando em consideração que precisamos de parâmetros rígidos de qualidade, para almejarmos posição de destaque no mercado internacional, como exportadores de leite". Rui B. de Oliveira, também produtor de Belo Horizonte, complementa o argumento de Renato, dizendo que além da qualidade são necessários os aprimoramentos das técnicas e a qualificação da mão-de-obra, que aumenta o custo. Para ele, preço acima de US$ 0,24/litro permitiria atingir essa condição.

Preço equivalente ao da Nova Zelândia ou outros países

Uma menor parcela dos usuários (28% no total) escolheu as opções abaixo de US$0,16. Um dos principais argumentos utilizados para quem escolheu essas opções é o preço competitivo aplicado pelos neozelandeses.

"Diante dos preços da Nova Zelândia, temos que trabalhar com os custos nesta faixa" defende essa opinião Luis A. R. Andrade, da Cooperativa de Quirinópolis, GO, que optou por US$ 0,12 a US$ 0,16/litro. "A concorrência do mercado externo é nivelado por ela", complementa Leonardo Cheib, produtor de Goiás, que optou por menos de US$ 0,12 por litro como preço competitivo.

Solon Teixeira de Resende Jr, empresário do setor de queijos (Laticínios Teixeira), optou também por US$ 0,12 a US$ 0,16 por litro, ponderando que "quanto menor o preço do leite em dólares, maior a competitividade. Os países de maior exportação trabalham com preços na faixa de US$ 0,12 a 0,16, com alguns poucos chegando até US$ 0,11. O Brasil, por não ter ainda experiência e produtos conhecidos e tampouco tradição na exportação de lácteos, deve ter preços competitivos a fim de iniciar e chamar atenção aos seus produtos, que foi o que ocorreu em 2003". Ele alerta que a desvalorização do dólar nos últimos 6 meses prejudica em muito as negociações e a continuidade de negócios em um segmento onde a continuidade é condição sin ne qua non para o sucesso.

O consultor Roberto T. P. de Mesquita cita que há alternativas para contornar o fator preço. "Competitividade é fruto de muitos fatores, e não pode estar centrada somente no custo da matéria prima. Há muitos anos atrás, a Irlanda se defrontou no mercado de manteiga do Reino Unido com uma concorrência avassaladora da Nova Zelândia, que praticava preços baixíssimos. A solução competitiva de alto sucesso foi totalmente estruturada por uma campanha de marketing que explorou com a marca IRISH GOLD as grandes vantagens qualitativas desse produto em relação à "commodity" neozelandesa," exemplifica ele.

Escolheram também US$ 0,12 a US$ 0,16 por litro Mário de Rezende Netto, Supervisor da DPA em Goiás, André Zanaga Zeitlin, que cursa MBA em agronegócio em Davis, Estados Unidos e Alejandro Galetto, diretor da SanCor, principal cooperativa de lácteos da Argentina.

Para Marcelo P. Carvalho, coordenador do MilkPoint, a atual desvalorização do dólar dificulta a análise. "Hoje, considerando um preço médio de R$ 0,52 por litro, o leite sai da fazenda a US$ 0,20 por litro. É um valor superior ao verificado na Argentina e Uruguai, por exemplo, que estão com leite entre US$ 0,15 e US$ 0,16, com qualidade e tradição no mercado externo". Para ele, a situação atual deixa o produto brasileiro pouco competitivo no mercado internacional, mas preços mais baixos do que os atuais desestimulariam a produção. "Os efeitos do dólar desvalorizado e o real valorizado estão chegando também ao segmento lácteo".

Em relação à Nova Zelândia, é importar lembrar que o preço é pago pelos teores de gordura e proteína que, em média, compõe 8,4% do leite neozelandês. Assim, fazendo as conversões considerando o atual preço de US$ 3,05 por kg de sólidos, o leite neozelandês custou US$ 0,23 por kg em novembro e a previsão para 2005 é chegar a US$ 0,256 por kg. "Só que eles têm vantagens de frete em relação a diversos mercados, além de tradição e conhecimento de mercado. Eles buscam também diminuir a dependência de produtos do tipo commodity, procurando agregar valor e diminuir o peso do preço da matéria-prima", comenta ele.

Maior participação de produtores e do estado de Minas Gerais

O perfil dos participantes dessa enquete mostra um predomínio de produtores e técnicos/consultores, que juntos, perfizeram mais de 70% dos votos (tabela 2).

O estado de Minas Gerais é o maior participante, com aproximadamente um terço do total. Um fato relevante é que houve, nesta enquete, uma boa participação de participantes estrangeiros (5%), incluindo Estados Unidos, Uruguai e Argentina (tabela 3).

Tabela 2. Participação por tipo de atividade


Tabela 3. Participação por estado


É importante salientar que a enquete MilkPoint não tem o objetivo de quantificar opiniões com rigor estatístico, apenas mostra a opinião dos leitores sobre determinado assunto. A enquete teve 78 participantes.

Vote em nossa próxima enquete: "Considerando o dólar nos atuais patamares, você acha que:"

- As exportações continuarão subindo em 2005
- As exportações irão se manter em 2005
- As exportações cairão em 2005

Fonte: Equipe MilkPoint
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