Pela primeira vez, um estudo mostra a incidência da osteoporose entre os homens brasileiros. O levantamento foi feito pelo Instituto Nacional de Traumato-Ortopedia (Into), no Rio, com 712 pacientes de 50 anos ou mais, dos quais 19,5% foram diagnosticados com a doença. Os números comprovam que o risco cresce conforme a pessoa envelhece: no grupo de 80 anos em diante, a prevalência foi de 36,4%.
Entre os pesquisados com idades entre 50 e 59 anos, a taxa foi de 11,6%. Subiu para 20,6% na faixa etária entre 60 e 69 e para 23,2% entre 70 e 79 anos. Os dados são referentes a voluntários que procuraram o ambulatório do Programa de Osteoporose Masculina (Proma) do Into, criado em março do ano passado.
Para o geriatra Salo Buksman, coordenador do programa, tudo indica que a realidade brasileira é parecida com a mostrada pela pesquisa, o que gera preocupação. "Ficamos surpresos porque esperávamos uma prevalência de apenas 10%", disse o médico, que apresentará os resultados durante o Congresso Mundial de Gerontologia, no Riocentro, no fim de junho.
Consumo menor de leite
Com relação à incidência na população masculina norte-americana, quando são comparados os dados relativos somente ao fêmur (normalmente são avaliadas as densidades ósseas da coluna lombar e do fêmur), fica claro que as autoridades daqui precisam dar mais atenção ao problema: entre os brasileiros, o índice é de fraqueza deste osso é de 12%; já entre os americanos, de 5%, segundo Buksman.
"Talvez isso se deva ao fato de nós consumirmos menos leite, rico em cálcio", afirmou o geriatra. Ele lembrou que, na falta de estudos nacionais, os pesquisadores brasileiros vêm se baseando justamente nos trabalhos elaborados nos EUA. O levantamento, o primeiro do gênero na América Latina, chegou a conclusões já conhecidas pelos especialistas americanos: quanto mais clara a pele, maior é a probabilidade de se ter osteoporose. Entre os brancos, a taxa foi de 22,4%; entre os mulatos, de 16,8%; entre os negros, de 11,4%.
Os obesos são menos acometidos do que os magros. A incidência foi de 68,6% entre os mais leves e só de 7% entre os mais pesados. Os médicos suspeitam que isso se deva ao impacto maior do indivíduo gordo com o solo, o que poderia favorecer a formação óssea, mas é preciso pesquisar mais a fundo.
Desde que foi criado, o ambulatório do Into recebeu mais de mil homens. Quando chegam, eles respondem a um questionário sobre seus hábitos. Entre aqueles que contribuem para o enfraquecimento dos ossos, está a falta de exercícios físicos e de exposição ao sol, a pouca ingestão de cálcio e o uso de cigarros, o que foi confirmado pela pesquisa: 29% dos fumantes tiveram diagnóstico positivo, contra 18% dos não-fumantes. Em seguida, todos os pacientes são submetidos ao exame de densitometria óssea. O tratamento, à base de remédios, é longo.
Osteoporose feminina tem mais atenção
A osteoporose masculina sempre mereceu menos atenção dos médicos do que a feminina, já que esta é mais comum, especialmente por conta das perdas decorrentes da menopausa. No entanto, entre os homens a doença provoca mais estragos (até porque os eles têm perda óssea já mais velhos e debilitados).
Antes dos 70 anos, a proporção é de três mulheres com osteoporose para cada homem; após os 70, a relação é de um para um. A fragilidade dos ossos é perigosa porque faz com que eles se quebrem mais facilmente, o que pode levar à morte. Enquanto 19% das mulheres morrem um ano após a fratura, nos homens, a mortalidade chega a 39% dos casos.
Fonte: O Estado de São Paulo (por Roberta Pennafort), adaptado por Equipe MilkPoint
19,5% dos homens com mais de 50 anos têm osteoporose
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