“Desde domingo estamos trabalhando neste tema para dar tranquilidade não só ao brasileiro que não quer ver paralisado o abastecimento, mas também tentado encontrar uma solução que facilite a vida especialmente dos caminhoneiros”, declarou Temer, ao ser questionado pela imprensa se ia deixar o movimento se estender por mais dias.
“Eu até estou solicitando e pedi que nesta reunião se solicitasse uma espécie de trégua para que em dois, três dias no máximo nós possamos encontrar uma solução satisfatória para os caminhoneiros e para o povo brasileiro”, declarou o presidente ao falar do apelo que pediu para ser transmitido à categoria.
Um impasse em relação à paralisação foi criado após o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), ter cobrado de Temer a assinatura imediata de um decreto revogando a Cide para o diesel, quando o acordado com o ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, foi que, assim que o Congresso votasse a desoneração da folha de pagamentos de empresas, o presidente assinaria o decreto para que um gasto fosse compensado com o outro. Agora, como se estivesse “esticando a corda”, nos dizeres de um assessor presidencial, Maia diz que Temer tem de assinar o decreto zerando a alíquota do diesel, sem que a contrapartida esteja garantida, o que, a princípio, estava sendo considerado impossível.
Novas reuniões serão realizadas no Planalto para que se chegue a uma conclusão do que poderá ser feito para amenizar os problemas que já começam a ser sentidos pela população. Um interlocutor direto do presidente disse ao jornal “O Estado de S. Paulo” que a situação “está se agravando muito rapidamente”, o que acendeu um alerta no Planalto.
O ministro da Agricultura, Blairo Maggi afirmou que a situação criada pela paralisação de caminhoneiros no País “está ficando insustentável”. Em um breve relato, o ministro citou a falta de ração para alimentar suínos que passam fome, segundo ele, em granjas de Mato Grosso. O ministro está em Paris (França) em viagem oficial. Ele receberá amanhã, pelo Brasil, o certificado de área livre de febre aftosa com vacinação da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE). Escute o áudio de Blairo Maggi aqui.
CNTA diz que governo não ofereceu nada até agora aos caminhoneiros
O governo não apresentou nenhuma proposta aos caminhoneiros na reunião realizada nesta quarta-feira, 23, na Casa Civil, informou o presidente da Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA), Diumar Bueno. “O governo veio mais justificar a impossibilidade de atender às reivindicações da categoria”, disse. “Ele sentiu o peso do movimento, que está tomando conta do País, e jogamos a responsabilidade para eles, porque eles foram avisados há mais ou menos um mês.”
O governo pediu mais 24 horas para apresentar alguma proposta, informou. E ficou estabelecida uma comissão formada pelos representantes dos caminhoneiros e do governo. Uma nova reunião foi marcada para quinta-feira, 24, às 14 horas. Segundo Bueno, o governo confirmou que a Cide do diesel será zerada, e não haverá reoneração da folha para o setor de transporte. “Mas isso só é insuficiente. Representa cinco centavos no preço, se for repassado.”
Já em relação ao pedido de retirada do PIS/Cofins sobre o diesel, o representante dos caminhoneiros disse que o governo informou não estar preparado para responder ao pedido e ficou de apresentar uma proposta nesta quinta. O mesmo se aplica ao pedido de escalonamento em três meses dos reajustes do diesel. “Sobre a política de preços da Petrobras, disseram que tem um gestor lá. A Petrobras parece que não é do Brasil. Tem uma pessoa que é o gestor e (a resposta) depende dessa pessoa, e é isso que vão conversar agora.” É possível que um representante da estatal participe da reunião desta quinta.
Diante desse resultado, a greve continuará, segundo informou o presidente da CNTA. “Pela minha leitura, a categoria não se desmobiliza por causa dessa reunião”, afirmou. “A categoria não está disponível para promessas em vão, abertas.” Questionado sobre os prejuízos que a paralisação dos caminhoneiros traz à população, ele respondeu que a pergunta deveria ser dirigida aos ministros. “O governo deixou a situação chegar nesse ponto crítico, agora precisa dar solução.”
Ele explicou, ainda, que as entidades representativas não correm o risco de serem multadas porque o movimento ocorre dentro dos ditames da lei. “Não há interrupção de nenhuma rodovia”, afirmou. “A categoria, de forma inédita, mostrou que não é anarquista e fez o movimento dentro da lei.” Segundo explicou, não há interdição total em nenhuma rodovia. É autorizada a passagem de veículos especiais, ambulâncias, carros pequenos, veículos de passageiros, transporte de produtos clínicos e carga viva.
Segundo Bueno, a paralisação não tem caráter político, nem econômico. “É por uma questão de sobrevivência”, afirmou. “A categoria não aguenta mais trabalhar sem rentabilidade.”
As informações são do jornal O Estado de São Paulo.