Sem dúvida alguma, esse suporte faz toda a diferença para quem quer produzir mais e melhor. Muitas vezes, porém, os consultores não conseguem atingir os objetivos traçados para o seu trabalho devido às deficiências de gestão das fazendas. Como ele poderia ajudar a reduzir a incidência de mastite se os funcionários não estão engajados e devidamente capacitados para garantir o controle dos processos? E como a dieta prescrita para as vacas poderia aumentar a produtividade se, por falha operacional, falta comida no cocho?
Esses exemplos cotidianos demonstram o quanto a gestão pode representar uma barreira à atuação do consultor. E é aí que mora o perigo. Pressionados por resultados, é comum que esses profissionais acabem por assumir atividades gerenciais e até mesmo tomar decisões na fazenda. Isso é um enorme erro de gestão! Afinal, como defendemos no Sistema MDA, a tomada de decisão sobre o negócio cabe unicamente ao dono e não deve, jamais, ser delegada.
Qual seria o papel do consultor nesse contexto? A resposta é simples: contribuir para a solução de problemas que atrapalham o sucesso da fazenda. Mas atenção: não se tratam de problemas “caçados” por ele, na ânsia de mostrar serviço porque foi chamado para apagar incêndios e tirar da cartola a salvação. Quando a gestão da fazenda é conduzida de forma correta, a identificação de problemas reais se dá com base em indicadores acionáveis e em anomalias. É ao desenvolver projetos, visando atacar problemas reais, que todo o conhecimento do consultor entra em campo e, de fato, ajuda a fazenda a virar o jogo.
O sucesso dessa empreitada depende, obviamente, da clareza que o proprietário tem quanto às responsabilidades de cada um no negócio. Nada impede que o consultor adquira conhecimento em gestão e se torne um multiplicador de boas práticas, estimulando donos e gerentes a implantar ferramentas que melhorem o fluxo de trabalho e impulsionem o engajamento das pessoas. Quando proprietários, consultores e funcionários jogam juntos, todo mundo ganha.
* Diretor da Clínica do Leite, é professor da Esalq/USP, professor titular em Bovinocultura de Leite, com 43 anos de experiência em gestão de fazendas.