No começo de fevereiro eu achava que a conjuntura apontava que os ventos soprariam a favor dos produtores e que a tendência dos preços era continuar em alta. Em março fiz uma reavaliação do cenário e minha convicção de que a tendência de aumento de preços continuaria até setembro e que qualquer reversão dessa tendência só deveria ocorrer a partir de outubro.
Outubro está chegando. O que ocorrerá até o final do ano?
Se olharmos para o mercado internacional, parece que a China continuará comprando muito leite em pó e que não existem grandes perspectivas dos custos de produção baixarem significativamente, de forma que a menos de explodir uma recessão violenta na nos USA e Europa ( acredito que a recessão venha, que terá duração longa mas com intensidade controlada pelo empenho das autoridades monetárias desses países ), que afetaria drasticamente o mundo todo, me parece que a tendência é dos preços ficarem estáveis ou apresentarem ligeira alta.
Se olharmos para o mercado doméstico, um aumento da produção ficou prejudicado por fatores climáticos, e a expectativa de reação da produção no sul e no centro-oeste não aconteceu, principalmente pelas baixas temperaturas causadas pelas frentes frias. Uma reação maior da produção nacional dependerá de termos condições extremamente favoráveis em termos de chuva, luz e calor nas regiões sudeste e centro oeste já no início da segunda quinzena de setembro.
Como os custos de produção tendem a ser altos pelo menos até final de outubro, quando se poderá contar pastagem mais abundante, uma pressão sobre os preços ao produtor neste período pode causar desestimulo e ter efeito contrário.
Considerando esses aspectos em acredito que qualquer tendência de mudanças nos preços ao produtor não deverá ocorrer antes de novembro.
A grande incerteza que paira sobre o setor leiteiro nacional, e que naturalmente afeta a pecuária leiteira nacional é a crescente importação de leite da Argentina e do Uruguai, que exigem ação do Governo, da indústria e dos produtores para preservar a geração de trabalho e renda no interior do País. Qualquer que seja o resultado dessas ações, seus efeitos se farão sentir mais fortemente a partir do início de 2012, e a prudência recomenda que não haja mudanças drásticas nos preços aos produtores.
A minha avaliação neste momento, sujeita a confirmação no início de outubro, é que no último trimestre de 2011 os preços ao produtor ficarão em torno do patamar de agosto, com pequena variação para mais ou para menos até em função de aspectos regionais.
Mas continuo alertando que os produtores tem que ter muita atenção com seus custos de produção, cuja perspectiva é de alta, se quiserem assegurar resultado econômico na atividade leiteira.
Marcello de Moura Campos Filho