Produzir leite com qualidade requer cuidados e manejos finamente ajustados, desde a criação da bezerra, nutrição adequada, protocolos sanitários corretos e, principalmente, uma ordenha bem-feita.
No grande show que é a produção leiteira, o momento da ordenha é considerado o ponto alto do espetáculo.
O uso incorreto da ordenhadeira ou uma ordenha inadequada resultam em diminuição expressiva de produtividade, podendo causar contaminação ou redução na qualidade do leite, aumentando, por exemplo, os casos de mastite.
Neste artigo, você encontra práticas e ferramentas que podem ajudar na hora de ordenhar seus animais, além de um protocolo de ordenha para download.
Preparo dos funcionários envolvidos na rotina de ordenha
A atividade leiteria exige uma interação entre o homem e o animal relativamente íntima, afinal, ao menos duas vezes ao dia as vacas entram em contato direto com o ordenhador e com o tratador na sala de alimentação. Sabendo disso, além de todo o cuidado com os animais relacionado a nutrição e conforto, a influência humana é crucial para promover um bom manejo de ordenha.
Cumprir horários, preparar as instalações adequadamente, acompanhar a saúde das vacas, realizar a ordenha de forma adequada e acompanhar a qualidade do leite estão entre as tarefas diárias do profissional. Este trabalhador deve ter como característica pessoal paciência e sensibilidade com os animais, além de buscar sempre desenvolver-se em prol de conhecer técnicas e procedimentos novos para uma evolução dos processos relacionados a ordenha.
Em pesquisa realizada por Rosa et al. (2004), foi estudado o efeito da interação do tratador com as vacas leiteiras na condução da sala de espera à sala de ordenha. O resultado da pesquisa mostra que os animais conduzidos de forma tranquila produziram cerca de 700 gramas a mais de leite por ordenha em relação aos demais, evidenciando a importância do preparo e qualificação do profissional responsável pela tarefa.
Desinfecção e limpeza da sala de ordenha e equipamentos
A higiene na sala de ordenha é indispensável. A limpeza da sala e dos equipamentos deve ser feita com cautela para evitar contaminação do leite.
Caso alguma vaca defeque durante o processo de ordenha, os dejetos devem ser removidos. Utilize pá ou rodo, nunca jogue água para empurrar as fezes enquanto os animais ainda estiverem no processo de ordenha, isso pode facilitar a contaminação.
Após os animais finalizarem a ordenha e saírem da sala, deve ser realizado uma higienização profunda do local e dos equipamentos utilizados no manejo. A lavagem dos equipamentos de ordenha variam de acordo com os fabricantes, siga sempre as instruções para desinfecção correta e deixe a instalação e todos os materiais completamente limpos para a próxima ordenha.
Como conduzir adequadamente as vacas até a ordenha?
Conduzir as vacas para a ordenha requer calma e tranquilidade. O recomendado é que as vacas sigam para o local da ordenha por vontade própria, sem toques ou movimentos severos. O ideal é que o rebanho seja sempre conduzido pela mesma pessoa, uma vez que os bovinos são animais de rotina e que se acostumam com horários e presença de pessoas.
Ao chegar na sala de espera, deixe os animais descansarem por alguns minutos antes de conduzi-las à sala de ordenha. Não sobrecarregue a sala de espera com muitos animais, isso pode estressá-los fazendo com que a produção de leite seja prejudicada.
Após o breve descanso os animais podem ser conduzidos para a sala de ordenha, sempre respeitando os mesmos padrões de condução, de forma calma. Não force os animais a entrarem na sala, deixe que elas mesmas definam uma ordem e respeite.
Saúde das vacas para uma ordenha efetiva
Um leite saudável vem de uma vaca saudável. É necessário que os ordenhadores estejam sempre atentos à saúde dos animais.
Alguns sinais físicos podem demonstrar ao ordenhador que aquele animal não está em suas melhores condições, então, é necessário atenção. Diminuição na ingestão de alimentos, parada da ruminação, olhos fundos, pelos arrepiados, queda na produção de leite e alterações na urina ou nas fezes, podem ser indicativos de problemas de saúde.
A mastite é um dos principais problemas relacionados a animais em lactação, sendo motivo de grandes prejuízos econômicos.
Essa doença pode ser dividida em dois perfis, de acordo com seu agente causador.
O perfil de bactérias contagiosas (mastite contagiosa) é caracterizado pela transmissão de vaca para vaca, enquanto o perfil de transmissão ambiental (mastite ambiental) é caracterizado pela infecção da vaca por bactérias de origem do ambiente.
Quando falamos em diagnóstico, a mastite pode ser classificada como clínica ou subclínica.
A mastite clínica é caracterizada pelos sinais clínicos de inflamação no úbere (dor, rubor, calor, tumor e perda de função). O animal pode apresentar febre, anorexia, depressão e até chegar à morte. O leite pode ter alterações, como presença de coágulos e grumos. Já a mastite subclínica, por sua vez, é caracterizada por não apresentar sinais clínicos visíveis no animal ou leite, apenas considerável aumento na CCS.
Caso seja identificado algum animal com problema de saúde, este deve ser sempre ordenhado por último, reduzindo o risco de transmissão de doenças aos outros animais.
Passo a passo para ordenha
- Limpeza inicial para a ordenha;
- Teste da caneca de fundo preto;
- Teste CMT e CCS;
- Pré-dipping;
- Ordenha;
- Pós-dipping.
Limpeza inicial para a ordenha
Após as vacas se posicionarem para ordenha, o ordenhador deve verificar se os tetos estão muito sujos, em caso de resposta positiva, os mesmos devem ser lavados. Atente-se sempre para não molhar o úbere todo, mas só o teto, evitando que a água escorra e contamine a teteira, e sempre seque o teto após a lavagem.
Teste da caneca de fundo preto
Após a higienização inicial, o ordenhador deve realizar o teste da caneca com fundo preto, a fim de identificar presença de mastite. O diagnóstico deve ser feito teto por teto, checando se existe alguma alteração no leite, como presença de grumos, pus, sangue ou alteração na coloração.
Se alguma alteração for identificada, limpe a caneca antes de realizar o teste em outro teto ou animal.Se a vaca apresentar mastite clínica, registre o caso em uma tabela de controle, separando o leite dos animais doentes dos saudáveis.
Testes CMT e CCS
Os procedimentos para identificação de mastite subclínica são realizados de forma esporádica, ao menos duas vezes por mês, através dos testes de CMT (Califórnia Mastite Test) e pela Contagem de Células Somáticas (CCS).
Pré-dipping
Após a realização dos testes para verificar a presença de alguma doença ou alteração no leite, o próximo passo é a realização do pré-dipping, que consiste na imersão do teto em substância antisséptica para prevenir infecções na glândula mamária.
Deve-se aplicar o produto em cada teto separadamente, tentando atingir a maior área de cobertura possível. O recomendado é deixar o produto agir por cerca de 20 a 30 segundos e após esse tempo, enxugar o teto com papel toalha descartável.
É recomendado não utilizar o mesmo papel toalha para secar tetos e animais diferentes, pois caso algum teto esteja contaminado, a contaminação não irá para outros tetos. O procedimento deve ser realizado em todos as vacas.
Ordenha
Após realizar todos os procedimentos de forma cuidadosa, está na hora de tirar o leite da vaca.
Depois que os tetos estão secos, deve-se acoplar as teteiras de forma firme para que inicie a retirada do leite. Verifique sempre o posicionamento do conjunto de teteiras para evitar a entrada de ar e diminuir os riscos de contaminação do leite ou dos tetos.
Após a finalização do fluxo de leite, desligue o vácuo, retire as teteiras e realize o pós-dipping.
Pós-dipping
O pós-dipping é um procedimento de desinfecção após a realização da ordenha Além de evitar novas infecções entre as ordenhas – uma vez que o esfíncter do teto permanece aberto após a ordenha o procedimento evita a contaminação por microrganismos do ambiente. Por isso, a substância utilizada como pós-dipping é normalmente viscosa, a fim de permanecer mais tempo no úbere.
Alimentação das vacas após a ordenha
Como já citado anteriormente, o esfíncter dos tetos permanece aberto por após a ordenha e fornecer alimento logo após a ordenha estimula que os animais permaneçam em pé, evitando contato com o solo/cama.
Além de evitar que os animais se deitem, o fornecimento de alimento após a ordenha estimula os animais a realizarem o processo de forma mais calma e prazerosa.
Protocolo para ordenha de vacas
Além de informar, o MilkPoint quer estar presente na rotina dos produtores de leite e pensando nisso estamos disponibilizando gratuitamente para download uma planilha para controle dos animais na hora da ordenha.
O arquivo está sendo disponibilizado em duas versões - para download em PDF e como planilha editável no Excel, e conta com uma tabela para preenchimento com dados dos animais na hora da ordenha.
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Referências