Olá pessoal, tudo bem? Já estamos na primavera, logo o verão chega e as chuvas também, não é mesmo? É muito bom poder contar com a chuva nos sistemas produtores de leite, ela proporciona fartura de pasto e uma enorme oferta de produção de alimento para o rebanho.
Embora a chuva seja sempre bem-vinda, nós temos que tomar algumas precauções. Sei muito bem que devem estar me perguntando: por que tomar algumas precauções?
Vamos para as nossas tradicionais histórias. Pelas minhas andanças em propriedades rurais acabo notando, mesmo que às vezes despercebidos pelas pessoas que estão juntas comigo, que em alguns lugares a ambiência dos animais está em último plano.
Em situações múltiplas notamos estradas com pedras, relevos acidentados e não preparados para o trânsito de animais e ainda, descaso total com a lama. Cheguei a presenciar, por exemplo, uma vaca na lama, com as patas completamente enterradas no barro, a ponto de encostar a barriga no chão. Perguntando se aquilo era normal ao produtor, ele respondeu: “elas gostam, está calor – refresca”.
Senhores, vamos ao início do nosso texto. As chuvas são bênçãos na vida do produtor rural, pois, com ela, é possível produzir forrageiras que servirão de alimentos para os animais. Mas como tudo tem limites, o excesso de chuvas, por exemplo, aumenta a dificuldade dos animais em se alimentarem.
Tudo aquilo que é mais úmido acaba sendo diluído com mais facilidade, ou ainda, se você me permitir, se transforma em um "sopão". Sendo assim, como a vaca tem um limite ingestivo, o espaço destinado a ingestão de nutrientes foi ou será ocupado por água. Resumindo, o animal não ingere o que precisa.
Outro fator interessante é que se o animal não ingerir o que precisa não consegue transformar o que ingeriu, em leite, que é o que você - produtor - deseja, certo?
Outro problema muito grave que é enfatizado pelas chuvas é o problema de quedas. Na foto abaixo podemos ver nitidamente vacas subindo escadas feitas em uma área de declive.
Neste caso o produtor havia tido várias vacas machucadas e algumas até abatidas em função da gravidade dos machucados e fraturas ocasionadas por escorregamentos. Uma solução simples foi construir uma "escada" pela qual os animais não escorreguem mais ao subir ou ao descer esta estrada. Desta forma as perdas chegaram a zero depois do empreendimento.
Isso com certeza é uma visão proativa, ou seja, estar a frente dos problemas, embora fora decidido depois que eles ocorressem. Mas o importante é que não ocorram mais.
O barro ou a lama refrescam sim, mas, em excesso, prejudica os animais. Lama em grande quantidade a ponto de que os animais afundem e encostem a barriga no chão, com certeza não é bom em nenhum caso.
Animais com barro em excesso gastam energia para se manterem aquecidos ao invés de resfriar. Animais na lama, encostam os tetos no chão e, se isso acontecer até duas horas após a ordenha, aumentam os riscos, e muito, para as chances de contraírem inflamações nas glândulas mamárias que chamamos de mastites.
A lama pode trazer malefícios, desde um breve desconforto até mesmo a uma infecção seja uma mastite (que chamamos de mastite ambiental) ou até mesmo uma queda severa no sistema imune do animal, ocasionando uma pneumonia, debilitando e levando o animal a parar de produzir leite ou até mesmo a morte.
Outro fator interessante que podemos ver na foto abaixo é o acúmulo de lama na beira do cocho utilizado para alimentar os animais.
Fonte: arquivo pessoal. Conchas SP.
Nesta foto, vemos claramente um animal que na linguagem normal está "errado" pois está pisando dentro do cocho, não é mesmo? Pois bem, ao meu ver era isso mesmo, mas procurando na literatura verifiquei que para o animal se alimentar ele precisa pisar, pelo menos, 7 cm abaixo do nível do fundo do cocho em função do arqueamento do pescoço necessário para se alimentar, sabiam disso?
Nessa situação da foto acima, essa vaca era uma excelente produtora de leite - produzindo cerca de 33 kg de leite/dia - e, por ser muito bom animal, pisou dentro do cocho para se alimentar em função do acúmulo de barro na beira do cocho que a impedia de se alimentar.
Entenderam o agravamento da situação? A solução foi simples: passou-se o trator com uma lâmina e retirou todo o barro na frente do cocho. Assim o animal voltou a comer normalmente e não pisou mais dentro do cocho.
Finalizando: atente-se muito ao fator lama. Ela pode até ajudar em dias de muito calor, mas em pouca quantidade. É muito mais efetivo que você aja com foco no combate do calor com ventiladores, aspersores, sombra natural ou artificial, e, acima de tudo, escolhendo um animal ou raça adaptado ao seu sistema. Lama em excesso causa mais problemas do que soluções.
Conte sempre conosco. Um forte abraço fraterno para você.
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*Fonte da foto: Freepik