Marcelo M. Honda, Administrador, MBA em Gestão Econômica e Estratégica de Projetos, Controller Agrindus S/A.
Helena F. Karsburg, MV. PhD Qualidade e Produtividade Animal FZEA/USP. Gerente Técnica Laticínios Agrindus S/A.
Qualidade por definição é o grau positivo ou negativo de excelência. E excelência é qualidade do que é excelente; qualidade muito superior. Partindo deste princípio e seguindo na linha da inovação e da agregação de valor acreditamos que a qualidade hoje é sobrevivência e não diferencial dentro das organizações, e, para que ela exista, o fator humano é fundamental para a sua melhoria. Ser excelente hoje se tornou regra.
A qualidade do leite tecnicamente é definida por parâmetros de composição nutricional (teores de proteína, gordura, lactose e sais minerais), características físico-químicas (acidez, densidade, crioscopia e etc.), características microbiológicas (carga microbiana) e ausência de resíduos químicos (pesticidas e antibióticos). Quando se fala em qualidade de alimentos, em específico do leite estamos falando de saúde pública, de segurança, de risco, de onde o alimento em si pode se tornar um veículo carreador de uma série de possíveis contaminantes causando sérios danos à saúde de quem o consome. E não vamos falar disso, porque é intrínseco aos processos e passou a ser regra, certo?
É compromisso e uma questão de fundamental importância quando se decide investir, produzir e trabalhar com alimentos, pensar na qualidade. Não somente qualidade pura e simples, mas qualidade com gestão e estratégia para agregar valor ao produto e ao negócio.
Trabalhar com alimentos é coisa séria e a escolha precisa ser consciente de que junto com a tomada de decisão vem uma série de responsabilidades quanto ao modo de produção, beneficiamento e gerenciamento do dia a dia.
A qualidade de um produto final está condicionada à sua capacidade em atender as necessidades e desejos dos clientes. Portanto, é indispensável a quaisquer estratégias de negócios a determinação de ações para atingir estes padrões exigidos, a fim de subsidiar a elaboração de uma proposta de valor que resulte em produtos e serviços certos, no momento certo com a remuneração adequada e justa. Fica implícito que os diferenciais em geral, para agregar valor a um produto, precisam necessariamente que o cliente os perceba.
Como exemplo na Agrindus podemos citar alguns mecanismos do ponto de vista de processo que garantem a qualidade do leite e nos dão a dimensão de como estrategicamente a qualidade está inserida na gestão do negócio no dia a dia:
1. Transporte do leite após a unidade final da máquina de ordenha através de ar comprimido estéril em que a pressão do ar empurra o leite sem causar turbilhonamento e, por conseguinte não afeta as colônias de bactérias, ou seja, não as rompem formando novas colônias. O leite A já tem a vantagem de não possuir inúmeros bombeamentos ao longo de sua estocagem, portanto de certa forma já na origem apresenta vantagens. Quando adotamos mais medidas que melhoram ainda mais a qualidade estamos sendo mais eficientes e atingindo desta forma mais excelência em nosso processo.
Foto do sistema de ordenha com a unidade final e o sistema de ar comprimido estéril que transporta o leite recém ordenhado para os tanques de estocagem
2. Sistema duplo de filtros em linha sem interromper o fluxo de ordenha (se ganha em agilidade e tempo de ordenha) em que temos uma sistemática de troca de filtros (procedimentos) a cada lote ordenhado para garantir que o leite flua somente através de filtros limpos sem carreamento de sujidades, impedindo assim a passagem de leite bom através de possíveis contaminantes.
3.
Foto do sistema de filtros duplos, com o objetivo de manter a ordenha funcionando e fazer trocas de filtros de maneira sistemática para manter a qualidade do leite que está sendo ordenhado.
4. Resfriamento do leite através de um sistema de resfriador de placas na linha com máxima eficiência térmica antes de chegar aos tanques de estocagem. O leite ao invés de cair em um tanque de expansão com camisa onde circula agua gelada, sofrer vários choques térmicos e oscilar a temperatura provocando a multiplicação de microrganismos também acaba por ter um custo energético muito maior para manter as baixas temperaturas.
Foto do sistema de resfriador de placas por onde o leite cru passa e é resfriado antes de cair no tanque isotérmico. Temperatura do leite no tanque fica sempre constante.
A qualidade deve fazer parte dos processos e da cultura, entretanto ela deve ser estratégica e bem comunicada a todos os colaboradores, agregando valor indireto inclusive na cultura de produção com rastreabilidade total, investimentos em processos e equipamentos, uso de indicadores, metas e gestão de pessoas. O treinamento e a conscientização da necessidade e importância de se manter os procedimentos e o olhar no detalhe é de grande relevância.
Atualmente conseguimos automatizar muitos processos com o advento da tecnologia, mas nosso principal ativo na Agrindus são as pessoas envolvidas no dia a dia. São elas as responsáveis pela criação, análise e manutenção dos processos que asseguram o produto final, indo desde o cultivo do alimento até o abastecimento dos produtos na gôndola dos supermercados.
Há um preconceito quando mencionamos a importância da declaração da empresa quanto a sua missão, visão e bbjetivo. A primeira impressão da maioria é quando algum dos três tópicos parece ser um conceito tolo de autoafirmação, mas que no íntimo são definições muito importantes no dia a dia da empresa. Estas diretrizes possibilitam que a empresa cresça em uma mesma direção seguindo um mesmo conceito. Permite que a organização não dependa do fundador dizendo sempre aos funcionários como gostaria que se portassem em cada situação.
Portanto, qualidade é regra, é cultura e é estratégia.
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