Atualmente tem se pensado sobre a busca de novas alternativas alimentares para ruminantes, principalmente por alimentos de valor acessível e com teor nutricional adequado, visto o elevado valor dos insumos agrícolas. Desta forma, a busca por alimentos de baixo custo e de boa composição bromatológica já é uma realidade para muitos produtores, principalmente para aqueles que produzem em menor escala.
Contudo, nem sempre determinadas forrageiras conseguem atingir características ideais para o processo de ensilagem.
Os capins tropicais são um exemplo, pois no momento ideal para ensilagem (quando apresenta elevado valor nutritivo) o teor de umidade é elevado, variando entre 78 a 82%, e assim, tende a ocasionar riscos à produção de silagem devido à grande proliferação de microrganismos indesejáveis (RIBEIRO, 2014). Por isso, técnicas de intervenção como a utilização de aditivos ou emurchecimento são indicadas.
A cultura do milho (Zea mays) se destaca por ter composição nutricional adequada e um bom potencial de fermentação, sendo considerada a cultura referência para produção de silagens, devido seu alto teor energético, qualidade nutricional e eficiência produtiva (SANTOS et al., 2016; BORÉM et al., 2017).
Entretanto, Nussio (1991) comenta que, além do milho ser uma cultura de alto custo, a produção e a qualidade do grão são variáveis de ano para ano por serem influenciadas pela disponibilidade de água no solo. Dessa forma, muitos produtores acabam fornecendo quantidades insuficientes aos animais (não atendendo a sua exigência), o que resulta em baixas produções.
De maneira a reverter este quadro, uma opção seria a busca por alimentos de alta disponibilidade na região, tornando o custo de produção menor dentro das propriedades. Porém, é raro encontrar uma cultura que sozinha alcance as características nutricionais e fermentativas para uma boa silagem. Então a utilização de silagens mistas, ou seja, a junção de duas ou mais culturas, pode ser uma alternativa de grande viabilidade principalmente para pequenos produtores.
E a melhor justificativa para a junção de ambas as culturas seria a melhoria da composição química, principalmente o aumento do teor de proteína bruta. Dessa forma, o uso de concentrados pode ser reduzido, e consequentemente, os gastos com a alimentação animal dentro da fazenda.
Há uma grande diversidade de forrageiras, subprodutos e ou/ resíduos industriais em nosso país que ainda são pouco explorados para consumo animal, como leguminosas, bagaço de cana-de-açúcar e farelo de arroz que podem proporcionar boa composição nutricional. Contudo, faltam respostas que forneçam o nível ideal de inclusão nas dietas a fim de aumentar a eficiência alimentar.
Para esse fim de utilização temos alguns exemplos como: Botão de ouro (Tithonia diversifolia), mucuna preta (Mucuna pruriens) e mufumbo (Combretum leprosum). Essas plantas proporcionam a redução na produção de metano entérico em ruminantes, em razão da melhora na qualidade nutricional e pela presença de taninos, principalmente quando comparadas a gramíneas (GALINDO et al., 2011).
Assim, à medida que melhoramos a eficiência de uso dos nutrientes, especialmente os energéticos, além de melhorarmos os processos metabólicos, conseguimos reduzir aqueles que levam à produção de metano, contribuindo para uma maior sustentabilidade produtiva.
Foto 1. Botão de ouro.
Fonte: As autoras
Foto 2. Mucuna preta.
Fonte: Agrolink
Foto 3. Mofumbo.
Fonte: Natureza Bela
Estas culturas, quando adicionadas à materiais com valor nutricional inferior (porém de alta produtividade, como alguns capins tropicais) proporcionam um volumoso rico, podendo agregar alto nível de proteína bruta de acordo com o nível de inclusão (11 a 29%) (LEZCANO et al., 2012).
Vale salientar ainda que são plantas de baixo investimento, podendo diminuir os custos dentro da propriedade (ODEDIR e OLOIDI, 2014). Porém, para o melhor aproveitamento da ensilagem de culturas mistas, deve-se observar: maturidade da planta, a proporção de inclusão de ambas e homogeneidade, o que pode dificultar a ensilagem do material. Fique de olho em nossas próximas publicações, no qual iremos continuar abordando esse assunto.
Referências bibliográficas:
BORÉM, A.; GALVÃO, J.C.C.; PIMENTEL, M.A. Milho: do plantio à colheita. 2. Ed. Atual. E ampli. – Viçosa (MG): Ed. UFV, 2017.
GALINDO, J.; GONZÁLEZ, I N; SCULL, Y; MARRERO, A; SOSA, A; ALDANA, O; MOREIRA, D; DELGADO, T; RUIZ, G; FEBLES, V; TORRES, O; LA O, L; SARDUY, A; NODA; ACHANG, O. Efecto de Samanea saman (Jacq.) Merr., Albizia lebbeck (L.) Benth y Tithonia diversifolia (Hemsl.) Gray (material vegetal 23) en la población de metanógenos y en la ecología microbiana ruminal. Revista Cubana de Ciência Agrícola, 46(3), 273-278, 2011.
NUSSIO, L. G. Cultura de milho para produção de silagem de alto valor alimentício. In: SIMPÓSIO SOBRE NUTRIÇÃO DE BOVINOS, 4. 1991, Piracicaba. Anais... Piracicaba: FEALQ, 1991. p.59-168.
JA, ODEDIR; OLOIDI, FF Alimentação de girassol selvagem (Tithonia diversifolia Hemsl., A. Gray) para cabras anãs da África Ocidental como suplemento de forragem na estação seca. Mundo , v. 2, n. 6, pág. 280-284, 2014.
RIBEIRO, R.S. (Mestrado). Tithonia diversifolia para alimentação de vacas em lactação. Universidade Federal de São João del-Rei, fevereiro de 2016.
SANTOS, A.O., AVILA C.L.S., PINTO J.C., CARVALHO B.F., DIAS D.R., SCHWAN R.F. Fermentative profile and bacterial diversity of corn silages inoculated with new tropical lactic acid bacteria. Journal of Applied Microbiology. v.120, n.2, p.266-279, 2016.