A mexicana Lala, que comprou a brasileira Vigor em agosto do ano passado, está refinanciando parte de sua dívida de curto prazo em pesos e deve fechar, nas próximas semanas, a emissão de um bônus de 10 bilhões de pesos - ou cerca de US$ 530 milhões - no mercado mexicano.
A empresa, que divulgou na segunda-feira seu balanço de 2017 e do quarto trimestre do ano, tinha uma dívida de total de 30,971 bilhões de pesos (US$ 1,638 bilhão) em 31 de dezembro de 2017. Desse montante, US$ 1,514 bilhão referem-se a dívidas de curto prazo e US$ 124 milhões a dívidas de longo prazo.
Segundo a companhia de lácteos, esse débito considera o empréstimo-ponte com três instituições contraído para financiar a compra da Vigor, a dívida brasileira adquirida [na operação], em reais, de 6,538 milhões de pesos (US$ 346 milhões), e o refinanciamento de linhas capital de giro no Brasil para reduzir custos. A Lala atribuiu à Vigor um valor de R$ 4,325 bilhões na aquisição.
"Estamos refinanciando nossa dívida de curto prazo em pesos. Nossa dívida do empréstimo-ponte vai ser substituída por uma combinação de bonds no mercado mexicano com vencimento de cinco e 10 anos e dívida bancária", disse Alberto Arellano García, CFO da Lala, em teleconferência com analistas ontem para comentar os resultados da empresa. Segundo ele, no Brasil, a empresa também está reconfigurando o perfil da dívida e finaliza acordo com vários bancos para melhorar os custos de financiamentos.
Questionado por um analista se, além dos bonds no mercado mexicano, a Lala poderia emitir dívida em mercados internacionais para reduzir custos de financiamento, Arellano admitiu que isso pode ocorrer e que até uma eventual emissão no Brasil é possível.
Os custos financeiros e os juros afetaram o resultado da Lala no quarto trimestre de 2017, segundo o executivo. Excluindo os efeitos da aquisição da Vigor no Brasil e impactos pontuais da integração da empresa brasileira, o lucro líquido da Lala foi de US$ 33 milhões no quarto trimestre de 2017, queda de 46% sobre igual intervalo um ano antes, quando registrara um lucro líquido de US$ 62 milhões. Considerando a aquisição, o lucro foi de US$ 24 milhões.
Conforme o balanço da Lala, a Vigor contribuiu com vendas de US$ 124,1 milhões (referentes a dois meses) de uma receita líquida total de US$ 3,307 bilhões no ano passado. A empresa também gerou, nos dois meses sob a Lala, um Ebitda de US$ 20 milhões, que incluiu efeitos não recorrentes da aquisição, a venda da Itambé e gastos com M&A.
O CEO da Lala, Scot Rank, indagado na teleconferência sobre a disputa envolvendo a Itambé no Brasil, evitou fazer comentários. "Estamos no meio de um processo judicial, então não podemos comentar muito. Formalmente pedimos arbitragem na câmara de comércio contra o comprador da Itambé. Também fizemos algumas solicitações na Justiça no Brasil [...] contra o comprador para assegurar os direitos dos nossos acionistas. Acreditamos que nossos direitos legais foram violados".
As informações são do jornal Valor Econômico.