É comum a muitos de nós o hábito de olhar para a grama do vizinho, ou para ser fiel a nossa temática, para o pasto do vizinho e pensar que é melhor do que o nosso. Esse costume é comum para muitos brasileiros e torna-se evidente quando a comparação é com algo do exterior, Europa, EUA, Canadá etc.
Entretanto, feita essa ponderação, compartilho com os leitores que, como “estudante visitante”, estou tendo a oportunidade de interagir com um grupo de pesquisa em pastagens da Universidade da Florida (UF) em Gainesville, EUA.
O período de intercâmbio será de seis meses, e nestas primeiras semanas pude acompanhar aulas de “forragicultura” ministradas a acadêmicos do curso de agronomia e medicina veterinária da UF, e para minha surpresa, as temáticas abordadas não foram inéditas para mim, pelo contrário, semelhantes a aquelas que estudei quando cursei essa “mesma” disciplina no Brasil.
Foram abordados assuntos como: efeito do pisoteio nas plantas e no solo, diferenças conceituais entre pastejo rotativo e contínuo e ajuste da taxa de lotação. Para permanecer neste último tópico, e escrevendo de maneira exageradamente reducionista, o conceito é: Adequar a carga animal (kg de peso vivo) por área de acordo com a disponibilidade de forragem.
Taxas de lotação baixas condicionam alta produção por animal (permite ao animal realizar a seleção da dieta e alto consumo de MS) e modesta produção por área, enquanto que uma carga animal muito alta (acima da capacidade da área) condena o sistema a baixa produção por animal e por área. Logo, o intervalo de máxima produtividade por área se encontra em um entremeio a estes pontos (Figura 1).
Figura 1 - Relação entre a produção por animal e por área em função da oferta de forragem.
Fonte: Garcia (2017), adaptado de Mott (1960).
Este mesmo conceito, escrito de maneira mais detalhada pode ser consultado em um artigo anteriormente publicado aqui no MilkPoint, e embora seja recorrente em aulas, palestras, dias de campo, visitas técnicas etc. é um conceito não raramente “negligenciado” em muitas propriedades, apesar de ser uma ferramenta capaz de modular a resposta produtiva dos animais.
Para finalizar, manifesto a satisfação que senti em rever estes conceitos, os quais já haviam sido discutidos pelos bons professores que tive na minha trajetória acadêmica. As espécies de plantas discutidas foram diferentes, assim como são nas diversas regiões do Brasil, mas os conceitos de produção animal baseada em pastagem são os mesmos, uma vez compreendidos, parecem ser universais. A diferença é o idioma, nós falamos “as vacas pastam” e os americanos “the cows graze”.