Na terça-feira (19/07), o receio de que a economia global entre em recessão e as preocupações com a oferta voltaram a dominar as negociações dos grãos na bolsa de Chicago.
O milho liderou as quedas na sessão. Os contratos do cereal para dezembro, os mais líquidos, caíram 2,54% (15,50 centavos de dólar), a US$ 5,9525 por bushel. “Mesmo se a safra dos Estados Unidos for boa, os estoques de passagem ficarão apertados. Mas, se houver recessão, a demanda por commodities tende a cair”, disse ao Valor Ênio Fernandes, consultor da Terra Agronegócios.
O mercado também ajustou suas posições após a divulgação do relatório em que o Departamento de Agricultura americano (USDA) informou que as condições das lavouras praticamente não mudaram na última semana, explica Fernandes. Segundo o USDA, 64% das lavouras americanas continuavam em boas condições até o último domingo. As plantações em situação regular agora são 25% do total, um ponto percentual abaixo do número da semana anterior, e 11% estão em condições ruins, aumento de um ponto percentual. “O mercado está nervoso sobre qual pode ser a queda de rendimento se esse clima [seco] persistir”, disse Tomm Pfitzenmaier, da Summit Commodity Brokerage, em nota à Dow Jones Newswires.
De acordo com Marcos Araújo, analista da Agrinvest, o cenário é crítico na região oeste do Cinturão de Milho (“Corn Belt”) dos EUA, onde as temperaturas têm passado de 35°C. As lavouras estão na fase de maturação, na qual mais precisam de umidade adequada. “Tudo depende de qual será o comportamento do clima até o fim de julho”, acrescentou, em entrevista ao Valor.
Soja
A soja também recuou na sessão. Os contratos para novembro, os de maior liquidez, caíram 1,59% (22 centavos de dólar), a US$ 13,5825 por bushel.
As restrições sanitárias na China continuam a afetar a demanda no país. As importações chinesas do grão caíram 5,4% no primeiro semestre, totalizando 46,3 milhões de toneladas.
“O mercado à vista nos EUA ainda está com pouca soja, mas os bloqueios chineses continuam. Como resultado, a China vem comprando menos do que o esperado”, disse Jack Scoville, do Price Futures Group, em nota à Dow Jones.
Nesta terça, a China registrou 700 novos casos de covid-19, maior número desde 22 de maio. Como resultado, o governo aumentou o número de cidades em lockdown, especialmente no sul, onde está a maior parte das pessoas contaminadas.
O clima seco nos EUA segue no radar do mercado. Ontem, o USDA disse que a condição das plantações de soja se deteriorou, ainda que de forma leve. Do total, até o último domingo, 61% estavam em boas condições, 29% em situação regular e 10% em condições ruins — na semana anterior, os percentuais eram 62%, 29% e 9%, respectivamente.
As informações são do Valor Econômico, adaptadas pela equipe MilkPoint.