A deflação do minério de ferro e desaceleração nos preços da soja devem ter levado o Índice geral de Preços - Mercado (IGP-M) a desacelerar em abril, estimam economistas. A média de 25 projeções de consultorias e instituições financeiras ouvidas pelo Valor Data aponta para alta de 0,50% do indicador, abaixo do 0,64% de março.
As estimativas variam de 0,30% a 0,58%. Se confirmada a média das projeções, a inflação acumulada em 12 meses no IGP-M terá subido a 1,82% em abril, após 0,20% nos 12 meses até março. A Fundação Getulio Vargas (FGV) divulga o resultado do IGP-M hoje.
Com peso de 60% no IGP-M, o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) desacelerou de 0,89% em março para 0,48% em abril, calcula Helcio Takeda, economista da Pezco. "Parte dessa desaceleração é reflexo da deflação do IPA Industrial, que reflete uma queda no preço do minério de ferro", afirma Takeda. O economista vê deflação de
0,03% para o IPA Industrial em abril, após alta de 0,12% em março.
"Também temos observado desaceleração na inflação de soja, que ajuda a segurar o IPA Agrícola. Por outro lado, ainda veremos alguma pressão nos preços de milho e leite, por isso o IPA deve continuar em patamar alto, segurando o índice geral em 0,42%", diz. A Pezco calcula que o IPA Agrícola passará de 3,28% em março para 2,65% em abril.
Para o Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que representa 30% do indicador, o economista calcula avanço de 0,30% em abril (0,14% do mês anterior). A inflação do varejo deve acelerar, pressionada pelos preços de alimentos e da habitação.
Já divulgado pela FGV e com peso de 10% no indicador, o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) subiu 0,28% em abril, ante 0,23% em março. O índice relativo a materiais, equipamentos e serviços variou 0,40% e o índice de mão de obra subiu 0,18% de março para abril.
O Haitong estima alta de 0,57% para o IGP-M em abril e de 1,89% para o acumulado em 12 meses. Segundo os economistas Jankiel Santos e Flávio Serrano, a aceleração em 12 meses deverá reforçar a percepção geral de que o ciclo de afrouxamento monetário deve ser finalizado com corte final da Selic na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), em 17 de maio.
A percepção é compartilhada por Takeda, da Pezco. "Teria que acontecer algo muito fora do previsto para se discutir a retomada de cortes [dos juros]", diz. Ele alerta para as bandeiras tarifárias na conta de energia de maio. A Aneel divulga a bandeira para o mês de maio hoje. O sistema, criado para sinalizar ao consumidor quando o custo de geração da energia está mais alto, está desde janeiro no verde - sem acréscimo.
As informações são do jornal Valor Econômico.