A inclusão de silagem de planta inteira de milho na dieta de vacas em lactação em sistemas confinados é próxima de 50%, ou seja, este alimento tem forte impacto sobre a produtividade e saúde do rebanho.
A silagem de milho, é fornecedora de fibra e energia. A energia advém principalmente do amido que compõem os grãos. A principal função da fibra é promover mastigação para que a saúde ruminal seja mantida. O potencial de gerar mastigação é inversamente proporcional a sua digestibilidade. Porém, fibra com maior potencial de digestão, ocupa menor tempo dentro do rúmen e abre espaço para consumo (relação direta com produtividade da vaca).
Portanto, nas últimas décadas, pesquisadores têm trabalhado para maximizar a digestão de fibra em silagem de milho. Caso a mesma não cumpra o seu papel de promover mastigação, uma segunda fonte de fibra (feno; pré-secado) tem sido utilizada nas dietas. Ou seja, entre mastigação e digestão, os nutricionistas priorizam digestão para dietas de vacas em lactação.
Dito isso, resta-se saber como nós podemos maximizar a digestão de fibra em silagem de milho.
Em outros países, cultivares que possuem menor concentração de lignina (fibra ruim) têm sido utilizados. No Brasil, estes cultivares ainda não estão disponíveis no mercado, devido as nossas condições climáticas não favorecerem o desenvolvimento deles. Portanto, a forma mais racional de maximizar a digestão de fibra seria colher a planta mais jovem (maturidade menos avançada). Esse princípio se baseia na deposição de maior fibra ruim, conforme ocorre o avanço da maturidade. Então, qual é a relação em maturidade e digestibilidade da fibra nas silagens de milho brasileiras.
Um banco de dados com 17.445 amostras de silagem de milho foi cedido pelo 3rlab (Lavras, MG) para que a relação entre concentração de matéria seca (MS) e digestibilidade in vitro da fibra (30 h) fosse analisada (Figura 1).
Figura 1. Relação em MS e digestibilidade in vitro de silagens de milho. Banco de dados com 17.445 amostras cedidas pelo 3rlab.
Percebam que com o aumento da MS não ocorreu redução na digestibilidade da fibra, conforme acredita-se. Vários fatores podem explicar este fenômeno.
Um deles, é que a análise de digestibilidade in vitro pode não ser sensível a “piora” da fibra com o caminhar da maturidade. Desse modo, nós consultamos o mesmo banco de dados e avaliamos a relação entre maturidade e a fibra indigestível (Figura 2).
Figura 2. Relação em MS e fibra indigestível de silagens de milho. Banco de dados com 17.445 amostras cedidas pelo 3rlab.
Percebam que novamente a relação entre o aumento da MS e piora da fibra não foi evidenciada. Ocorre, que com o avanço da maturidade, há aumento na proporção de grãos frente aos componentes fibrosos (colmo, folha, palha e sabugo). Os grãos têm digestibilidade de fibra superior a estes componentes e, este fato, pode “mascarar” o efeito da piora de qualidade dos componentes fibrosos.
Quando avaliamos a relação entre maturidade e digestão da fibra em capins, as análises nos mostram que a piora na fibra se torna pronunciada com o aumento da maturidade. Este fato ocorre porque não há presença de grãos nos capins. Porém, quando se trata de silagens de milho esta detecção não é tão simples assim.
Então, façamos um questionamento: Se duas silagens fossem usadas na dieta de vacas em lactação, uma advinda de plantas jovens e outra de plantas maduras, haveria impacto sobre o consumo e produção de leite? Na prática parece que sim, mas cientificamente não há dados que mostram estes números.
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