O clima mais chuvoso nos Estados Unidos e o cenário macroeconômico pesaram sobre os preços dos grãos na bolsa de Chicago nesta quinta-feira. No mercado de milho, os contratos para dezembro, os mais negociados, caíram 2,8% (16,50 centavos de dólar), a US$ 5,735 por bushel.
Daniele Siqueira, analista da AgRural, reforçou que o cereal segue em queda devido à melhora nas previsões do tempo para o restante de julho no Meio-Oeste dos Estados Unidos. Segundo ela, espera-se que chova mais e que as temperaturas caiam um pouco nos próximos dias. No entanto, ela salienta que as projeções meteorológicas podem sofrer um novo revés a qualquer momento. “O milho dos EUA está em polinização, fase mais importante para a definição da produtividade. Nela, a pior combinação possível para a produtividade é tempo quente e seco”, explicou ela, ao Valor.
Quando o assunto é o rendimento das lavouras, as atenções se voltam ao próximo relatório de oferta e demanda do Departamento de Agricultura do país (USDA), que deve trazer uma projeção mais ajustada às possíveis perdas de potencial.
Brian Hoops, da Midwest Market Solutions, disse ao jornal “The Wall Street Journal” que grandes operadores adotaram uma postura mais cautelosa no mercado de commodities, já que existe expectativa de que eventuais perdas nas lavouras em alguns Estados americanos sejam compensadas pela produção em outros pontos do país. “Iowa, Illinois e Minnesota devem compensar o déficit em lugares como Missouri, Nebraska, Kansas, nos quais a safra foi realmente prejudicada, afirmou. Segundo previsão do tempo da DTN citada pela agência Dow Jones Newswires, deve chover no Meio-Oeste durante toda a semana que vem, mas as temperaturas continuarão acima do normal.
Soja
O sentimento de aversão ao risco que contaminou os mercados financeiros nesta quinta-feira derrubou os preços da soja. Os contratos para novembro, os de maior liquidez, caíram 2,31% (30,75 centavos de dólar), a US$ 13,0150 por bushel.
Segundo Daniele Siqueira, o fator macroeconômico superou as preocupações com o clima seco nos EUA e já estão pressionando as cotações da soja desde o último mês.
“A principal força a ditar o rumo das cotações da soja não tem sido o clima nos EUA, e sim a aversão ao risco trazida por inflação, aumento dos juros pelo Fed (banco central dos EUA) e temor de recessão econômica. No embate entre clima e macroeconomia, a macroeconomia está vencendo pelo peso que exerce sobre as commodities”, disse ela.
Neste momento, Daniele acredita que uma alta nos preços pode acontecer por um movimento de correção técnica, e não por uma piora no clima dos EUA. “Quando os valores recuam demais, os investidores voltam para a ponta de compra, cobrindo posições, seja para aproveitar uma ‘pechincha’ e logo depois vender por um preço mais alto, seja porque as previsões mostraram piora no clima dos EUA. Mas, no geral, os momentos de alta que têm acontecido nesse movimento mais amplo de baixa são apenas correções, e não uma tendência de alta sustentada pelo clima americano”, pontuou.
De fato, as previsões meteorológicas apontam para um volume maior de chuvas em áreas produtoras americanas, o que ajuda a pressionar as cotações em Chicago.
“Teremos uma mudança no tempo, com mais chuva no Meio-Oeste na semana que vem”, disse o Zaner Group, em relatório. Segundo a consultoria, os modelos de clima para os próximos 14 dias indicam também um volume de chuvas acima do normal em áreas do Cinturão de Milho.
As informações são do Valor Econômico, adaptadas pela equipe MilkPoint.