Se não estivermos ligados numa conversa como o exemplo acima e, dependendo do nosso interlocutor (produtor ou técnico experiente) corremos risco de concordar, de repente, com este raciocínio. No entanto, discordo sobre o conceito geral do mesmo e concordo com apenas alguns aspectos. Realmente, para o produtor está complicado investir. A atividade é difícil. Todos nós sabemos. Então, como fazer? Pois bem, recomendo, primeiramente, conhecer a tecnologia de perto e seus eventuais benefícios. Posteriormente, levantar o custo efetivo do projeto e depois, não desanimar se não houver dinheiro em caixa para o investimento. Recomendo conversar com o fornecedor e criar, de alguma maneira meios para se concretizar o negócio (financiamentos, captação de recursos em banco porque produtor pode ser descapitalizado mas tem terra, que é patrimônio), principalmente quando falamos de conforto térmico para produção de leite em clima tropical.
Infelizmente, as melhores vacas (mais produtivas) são mais sensíveis e necessitam de cuidados. São animais que trabalham mais do que qualquer um de nós. Como grande produtoras, muitas vezes nem o predicado período de 60 dias de descanso entre um parto e outro é possível. Todo dia, dois ou três turnos de trabalho (ordenhas). Com chuva, sol, vento, calor ou frio, no Natal, feriados, Ano-Novo. Sem restrições. Então entra em cena o "manager" ou "herdman", aquele que controla o rebanho. Que é responsável pelo mesmo. E insiste em querer que este animal produza de qualquer maneira. "E a produção, como vai?", perguntamos. "Vai mal, muito calor!". "E a reprodução como vai, tá duro de dar cio?!", "não só tá duro como tem muita vaca perdendo embrião..." Este papo é comum, correto?!
Ok, quando avalio problemas em fazendas, procuro sempre analisar sob o ponto de vista do animal em si. Vacas não falam e devem ser interpretadas. Seus sinais são evidentes e claros e mesmo trabalhando há muitos anos com este animais, muitas vezes, confesso, tenho dificuldade em "decifrar" determinadas mensagens.
Para amenizar os problemas do árduo verão nacional, recomendo muito o investimento em projetos de climatização. Hoje, o custo de um bom projeto gira ao redor de 500,00/vaca. Se fizermos uma conta simples, temos um custo diário de 1,37/vaca/dia. Traduzindo em leite e considerando um suposto preço recebido/litro no valor de 0,95 temos o equivalente a 1,45 litros/vaca/dia a serem investidos com projeto de climatização. Agora a pergunta. Com a implantação de um sistema adequado de ventilação e aspersão com controlador de ciclos (aspersão x ventilação) conseguimos fechar essa conta? Em outras palavras a vaca aumenta sua produção?
Não vou entrar no mérito da discussão se a vaca aumentará 1, 2 ou 2,5 litros/dia. Dependendo das condições de um sistema sem climatização teremos uma curva de resposta. Os valores ilustrados são perfeitamente passíveis de serem obtidos (1 a 2,5 litros de leite a mais por dia), certamente. No projeto que acompanhei obtivemos resposta muito positiva, mas o que mais me agradou nesse investimento não foi somente o resultado em termos de aumento de produção. O que me surpreendeu e me alegrou foram os demais índices envolvendo o sistema como um todo. Ao investirmos em conforto proporcionamos:
- aumento na produção
- melhores índices reprodutivos (mais cios, mais prenhezes)
- menores problemas de casco (animais mais tempo deitados)
- menores índices de mastite (animais mais sadios com melhor quadro imunológico)
Menciono 4 fatores que considero muito importantes. O canal para discussão está aberto. Provoco: quem tem dúvidas sobre a validade do investimento?!