A sanitização dos laticínios é realizada em várias etapas e abrange lavagens de silos, tubulações, tanques, pasteurizadores e equipamentos. A maior parte do volume da água utilizada no enxague dos equipamentos é finalmente transformada em efluente. Estima-se que cada litro de leite processado pode gerar até dez litros de efluente. Obviamente que esse índice pode variar de acordo com o tipo de produto industrializado, depende das operações de processamento ou de limpeza implementadas na indústria, tamanho da indústria, se trata de um laticínio independente ou cooperativa.
No quadro abaixo são apresentados alguns dados referentes à variação e à média das taxas de consumo de água de indústrias de laticínios em Minas Gerais:
Observa-se que laticínios de cooperativas consomem menor quantidade de água. Este fato pode ser explicado devido a maior parte do leite recebido pelas cooperativas passar por somente um resfriamento, para então ser transferida para cooperativas centrais. Portanto se trata de um fluxo mais simplificado comparado ao processo complexo de uma indústria beneficiadora.
Desde a limpeza de pisos externos e lavagem externa de caminhões, alimentação de caldeiras e até como água potável. Benefícios energéticos também podem ser obtidos com essa água, uma vez que ela é descartada a 55-60ºC. Esta água poderia aquecer a água de reposição de caldeiras por meio de trocadores de calor (gerando economia de combustível) e a mesma ser utilizada para repor torres de resfriamento, as quais não exigem excelente qualidade referente ao teor de matéria orgânica. O local ou procedimento em que será feita a reutilização desse efluente dependerá do nível de concentração de matéria orgânica em que o mesmo se encontra.
Quais processos auxiliam na economia de água?
O próprio sistema de limpeza CIP (Cleanning in Place) utiliza menor volume de água comparado ao sistema manual de higienização de equipamentos. Ainda, o reuso e reciclo de águas são procedimentos que também auxiliam na diminuição do consumo de água. Exemplos desses processos são:
a. A recuperação de águas provindas do resfriamento das centrífugas em circuito fechado;
b. A recuperação da água de resfriamento das máquinas de envase;
c. O reuso da água evaporada na operação de concentração do leite;
d. O aproveitamento do rejeito do sistema de osmose inversa (dessalinização da água das caldeiras)
e. Em relação ao ajuste de equipamentos, pode-se instalar válvulas nas pontas das mangueiras de água, impedindo o desperdício.
Além desses fatores que visam a recuperação da água residual, deve-se otimizar o fluxo de processamento a fim de evitar limpezas desnecessárias entre intervalos de produção de modo a minimizar as operações de higienização geradoras de grandes volumes de efluentes líquidos.
Ainda, vale focar na implementação de programas educacionais aos funcionários através da demonstração de manipulação adequada de equipamentos de limpeza e manutenção de estruturas com o objetivo de conscientizar sobre a importância do uso racional da água bem como de qualquer outro recurso natural.
Atualmente, o conceito “poluidor pagador” (conceito de responsabilidade do poluidor em prevenir a ocorrência de danos ambientais como o de reparar integralmente eventuais danos) é pertinente a esse quadro de responsabilidade ambiental de forma a conscientizar técnicos e administradores de atividades produtivas a planejar a estrutura de sua indústria com o objetivo de diminuir o desperdício de água.