É um sabor que ainda assusta um pouco os consumidores do Brasil. É muito fácil ouvir comentários do tipo “nossa... é muito forte”, “tem cheiro de bode” ou até mesmo um “não quero nem experimentar, tem gosto de cabra”. É que nosso paladar foi formado com queijos mais suaves como os de vaca frescos ou de média maturação. Mas isso não quer dizer que ele não possa aprender a apreciar outros sabores.
Os queijos de cabra não são ruins, muito pelo contrário, têm um frescor encantador e camadas de sabor tão envolventes e surpreendentes que nos obrigam a voltar toda nossa atenção para sua degustação. É como se o tempo parasse para que nosso cérebro pudesse captar todas as suas matizes e nuances. Uma experiência quase mística, que não está reservada somente aos iniciados nesse mundo de sabores.
Existem queijos de cabra acessíveis a qualquer paladar e que são excelentes para a iniciação neste novo universo. Um bom exemplo é o Gouda, que vem conquistando muitos admiradores por aqui. A versão importada da Holanda pode ser encontrada com relativa facilidade no mercado nacional. É um queijo interessante: tem textura firme ao corte, e ao mesmo tempo muito cremosa na boca, graças ao processo de lavagem de sua massa. O sabor do leite de cabra é revelado de forma delicada e harmônica. É suave e bem equilibrado mas, apesar disso, nada tímido.
É sem dúvidas um queijo de entrada para aqueles que querem se enveredar sem riscos no universo aromático dos queijos de leite de cabra. Um bom ponto de partida para uma longa peregrinação por caminhos repletos de monumentos a serem explorados como o dos queijos Valençay e Saint-Marcellin. Fica a dica!