O McDonald's anunciou planos para quase dobrar o número de suas lojas na China em cinco anos, como parte dos planos da nova administração da empresa no país para superar as rivais no mercado de consumo de maior crescimento no mundo.

Plano da rede de restaurantes é ampliar número de lojas das atuais 2,5 mil para 4,5 mil nos próximos cinco anos

A companhia divulgou, ontem, seu plano "Visão 2022", que projeta aumentar o número de lojas na China de 2,5 mil para 4,5 mil nos próximos cinco anos. O plano também mostra uma mudança de foco do McDonald's, que vai priorizar as áreas urbanas menos desenvolvidas da China em detrimento das grandes cidades: 45% das novas lanchonetes estarão nas cidades chinesas chamadas de terceiro ou quarto nível (menores e, normalmente, mais pobres). Além disso, 7 5% delas terão serviços de entrega em domicílio.

O anúncio da expansão ocorre apenas alguns dias depois de o McDonald's ter concluído um negócio com duas empresas de investimentos, a estatal chinesa Citic e a Carlyle, para vender uma participação de controle em suas operações na China e em Hong Kong pelo prazo de 20 anos.

Os novos donos do McDonald's vão financiar uma aposta arriscada para tentar reanimar as vendas mundiais da rede, atualmente em queda, e mudar a percepção de que a empresa é uma alternativa barata a redes rivais. "O [McDonald's] vendeu [a participação] para a Citic estando em uma posição de fraqueza. Você não vende toda sua operação na China, o mercado de consumo de maior crescimento, porque está indo bem", disse Shaun Rein, diretor gerente da consultoria CMR China, de Xangai. "Para que a Citic e a Carlyle ganhem dinheiro, vão precisar fazer o McDonald's crescer mais rapidamente", afirmou o consultor.

A rede de fast-food viu sua receita estagnar na China, onde marcas locais com boa competitividade e aplicativos de aparelhos móveis para entregas em domicílio vêm afastando os consumidores de suas lanchonetes. Depois de uma forte arrancada na Ásia, a expansão do McDonald's parou em 2013, quando a receita em mercados de
alto crescimento (incluindo a região da Ásia-Pacífico) recuou 1,9%. No mundo, o faturamento da rede prosseguiu em queda ano após ano, de um pico de US$ 28,1 bilhões, em 2013, para US$ 24,6 bilhões, em 2016.

Como resultado, a empresa vem adotando um modelo de "ativos leves", com foco em franquias, em vez lojas próprias. Até o fim de 2018, o McDonald's pretende transformar 4 mil lanchonetes em franquias. O objetivo, em longo prazo, é ter 95% das lojas operando na condição de franqueadas.

O McDonald's encontra dificuldades para acompanhar o ritmo de rivais como KFC e Pizza Hut na China, ambas administradas pela Yum China, braço chinês desmembrado da Yum Brands dos Estados Unidos. Apesar dos anos de operação na China, o McDonald's ainda está atrás da Yum China tanto em termos de participação de mercado quanto em número de lojas.

A receita e a imagem do McDonald's no mercado chinês ainda se recuperam do tombo sofrido em 2014, quando se descobriu que um fornecedor vendia carne estragada para lojas do McDonald's e do KFC na China. Em julho, a empresa agiu rápido para tranquilizar os consumidores chineses depois de fotos de máquinas de sorvete mofadas em uma franquia nos EUA terem surgido na web. 

As informações são do jornal Valor Econômico.