Consumir manteiga não tem o efeito de aumentar o risco de doenças cardiovasculares e pode até mesmo ter efeitos protetores contra a diabetes, de acordo com uma revisão. Os principais resultados da revisão do PLoS ONE descobriram que consumir manteiga estava fracamente associado com todas as causas de mortalidade, não estava associado de forma significativa com qualquer doença cardiovascular, doença cardíaca coronariana ou derrame e estava inversamente associado com a incidência de diabetes.



No total, o grupo combinado de estudos incluiu 28.271 mortes, 9.783 casos de doenças cardiovasculares e 23.954 casos de diabetes tipo 2. Os pesquisadores combinaram nove estudos em uma análise de risco relativo. “Embora as pessoas que consomem mais manteiga geralmente tenham dietas e estilos de vida piores, isso pareceu ser neutro no geral”, disse a ex-bolsista de pós-doutorado da Friedman School of Nutrition Science and Policy em Tufts, Boston, Laura Pimpin. “Isso sugere que a manteiga pode ser uma opção mais saudável do que açúcar ou amido, e uma escolha pior do que muitas margarinas e óleos de culinária – esses são ricos em gorduras saudáveis, como óleos de soja, canola, semente de linhaça e azeite extra virgem”.

As descobertas certamente levantarão oposição de pessoas que fazem campanhas pela saúde, que acreditam que o alto teor de gordura saturada da manteiga tem efeito de aumentar os riscos de condições crônicas, como doenças cardíacas e diabetes tipo 2. A Organização Mundial de Saúde (OMC) afirma que doenças cardiovasculares causam mais da metade de todas as mortes na Europa. Doenças cardiovasculares causam 46 vezes mais mortes e 11 vezes mais efeitos deletérios do que AIDS, tuberculose e malária combinadas na Europa. Oitenta por cento de doenças cardíacas prematuras e derrames podem ser prevenidos.

Uma revisão avaliou nove trabalhos de pesquisa com 636.151 indivíduos que participaram de análises na Europa. O consumo de manteiga manteve-se consistente nos estudos em 14 gramas por dia. Os efeitos do consumo de manteiga em longo prazo e sua influência em todas as causas de mortalidade e doenças cardiovasculares não foram bem estabelecidos. Revisões anteriores avaliaram somente alguns desses resultados, incluindo a manteiga como parte de uma pesquisa mais ampla sobre alimentos lácteos ou tipos de gordura.

Em resposta às descobertas da revisão, Tom Sanders, professor emérito de Nutrição e Dieta do King’s College London destacou a limitação da revisão, comentando que alguns dos estudos prospectivos sobre o colesterol sérico no início e a ingestão de ácidos graxos monoinsaturados e poli-insaturados foram ajustados para diferença. “A descoberta não é surpreendente, à medida que esperava-se que 14 gramas de manteiga por dia somente mudaria o nível de colesterol sanguíneo em 1% e isso sozinho teria um efeito não notável nos riscos de doenças cardiovasculares”, disse ele. “Os estudos também não foram capazes de fazer qualquer concessão para manteiga em alimentos processados, como bolos e biscoitos. De forma geral, eu concordo com a revisão de que é o padrão geral da dieta que importa mais do que a ingestão de itens alimentícios específicos”, apontou ele. 

“Entender a verdadeira relação entre a dieta e nossa saúde é difícil, mas sabemos que substituir gordura saturada por gorduras insaturadas parece ter um impacto positivo na saúde de nosso coração e isso é reconhecido por autores desse estudo”, disse a nutricionista especialista em saúde do coração da British Heart Foundation, Tracy Parker. “Embora as descobertas dessa revisão indiquem uma associação pequena ou neutra entre o consumo de manteiga e o aumento dos riscos de doenças cardiovasculares, isso não nos dá luz verde para começar a consumir mais manteiga. Mais pesquisas são necessárias para se avaliar os efeitos da gordura saturada”.

De acordo com o Eatwell Guide, entidade de aconselhamento oficial dietético do Reino Unido, um homem médio deveria consumir não mais de 30 gramas de gordura saturada por dia e uma mulher média, não mais de 20 gramas de gordura saturada por dia.

As informações são do Dairy Reporter, traduzidas e adaptadas pela Equipe MilkPoint.