Embora pequeno, o crescimento em 2016 ocorreu, em plena crise, a despeito da forte alta dos preços do leite longa vida em meados do ano em função da queda da oferta de matéria-prima. Essa retração da disponibilidade, aliás, acabou estimulando as importações de lácteos (ver infográfico).
Segundo Barbosa, uma explicação para o aumento das vendas é que, justamente em decorrência da crise, as pessoas consumiram mais alimentos em casa. Além disso, ainda que o preço tenha subido, o leite longa vida é um produto de valor relativamente baixo, e seu consumo foi menos afetado que o de produtos de maior valor, como iogurtes e queijos. "Produtos mais baratos tiveram melhor resultado na crise", afirma ele.
Mas o leite longa vida não passou incólume, admite a ABLV. A alta dos preços do produto no ano passado fez com que alguns consumidores voltassem a comprar o leite pasteurizado. No entanto, a distribuição do pasteurizado é muito menor atualmente do que a que existia no passado.
Enquanto o consumo de longa vida cresceu apenas 1,5%, o faturamento no setor subiu expressivos 17,7%, saindo de R$ 15,3 bilhões em 2015 para R$ 18 bilhões ano passado no Brasil. "O preço subiu mais por isso o faturamento do setor cresceu", observa o presidente da ABLV, que reúne 29 associadas no país. A estimativa inicial era de um incremento de 15% em 2016.
A expectativa para este ano é de que o faturamento nesse mercado "não seja muito diferente" do de 2016, afirma Laércio Barbosa. A razão é que em 2017 os preços estão mais estáveis, uma vez que a oferta de matéria-prima dá sinais de recuperação - em parte, graças aos menores custos de produção e à melhora das cotações ao produtor-, após dois anos de queda na oferta. Segundo o IBGE, em 2016, a produção inspecionada recuou 3,7%, para 23,169 bilhões de litros.
O presidente da ABLV avalia que "a crise piorou" no país, o que afeta o consumo, mas conta com uma recuperação a partir do segundo semestre deste ano. De acordo com ele, o mercado brasileiro de longa vida teve volumes estáveis no primeiro trimestre. E como não há expectativa de escassez de oferta, como em 2016, os preços médios estão mais estáveis, com viés de baixa, o que "deve ajudar na recuperação".
Um estímulo para o consumo, acredita o dirigente, deve vir dos recursos das contas inativas do FGTS, que estão chegando aos bolsos dos consumidores. "A expectativa é de que o mercado comece a melhorar com o dinheiro do FGTS, que deve ir para o consumo", aposta ele.
As informações são do jornal Valor Econômico.
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