É a primeira vez neste ano que o preço fica abaixo do registrado em 2016 – frente a julho do ano passado, o recuo é de 12,8%. A diminuição dos preços do leite no campo esteve atrelada à demanda ainda enfraquecida por lácteos e ao aumento da captação.
A menor procura por lácteos na ponta final da cadeia continua sendo o principal desafio do setor neste ano. Uma vez que o consumo da maior parte dos derivados ocorre em função da elevação da renda, a diminuição do poder de compra do brasileiro impacta negativamente as negociações. Segundo agentes consultados pelo Cepea, laticínios, atacado e varejo continuam com dificuldades em manter o fluxo de vendas, o que tem estreitado suas margens e, como consequência, pressionado as cotações no campo.
Além disso, de acordo com cálculos do Cepea, o Índice de Captação de Leite (ICAP-L) aumentou 6,8% de maio para junho na “média Brasil”. Houve elevação na captação em todos os estados pesquisados, com exceção da Bahia (-2,96%). As variações foram significativas no Sul do País, onde, de modo geral, o clima propício às pastagens e às forrageiras de inverno favoreceu a produção. Santa Catarina e Paraná apresentaram as altas mais expressivas, de 8,57% e 8,13%, respectivamente, e o Rio Grande do Sul, de 5,51%.
As captações em Goiás, São Paulo e Minas Gerais aumentaram 5,78%, 4,94% e 2,97% respectivamente. O menor preço do leite e a maior competitividade dos laticínios influenciaram na alta da captação. Mesmo com o menor volume de chuvas no Sudeste, a produção não foi tão afetada por conta dos baixos valores do concentrado.
Para agosto, a maioria dos agentes consultados pelo Cepea continua esperando queda nos preços. Quase 83% deles (que também respondem por 83% do volume amostrado) apostam em novo recuo no próximo mês, mas 10,8% (4,2% do volume amostrado) esperam estabilidade. A porcentagem de colaboradores do Cepea que acredita em alta nas cotações é de 6,3% (com participação de 12,9% do volume).
As informações são do Cepea-Esalq/USP.