O Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais Agropecuários (Anffa Sindical) decidiu que vai intensificar a mobilização feita no início desta semana e anunciou hoje que fará mais uma “operação padrão”, dessa vez por dois dias, nas segunda e terça-feira da semana que vem. A medida faz parte de um protesto à contratação de médicos veterinários temporários, já anunciada pelo Ministério da Agricultura, que a categoria chama de “terceirização” da profissão e considera ilegal.

Os fiscais enfatizam que não se trata de greve, mas de uma “mobilização interna” que consiste em reduzir o ritmo de trabalho e retardar serviços como a emissão de certificados de exportação em portos, aeroportos e regiões de fronteira, e laudos de análise em laboratórios do Ministério da Agricultura (Lanagro).

Esses procedimentos podem comprometer operações de exportação e importação de produtos agropecuários, segundo os próprios fiscais. Nos comandos do sindicato, disparados para suas regionais, a diretoria recomenda que os fiscais não acessem o sistema do ministério que registra processos de fiscalização. “As atividades mais essenciais a gente mantém, vamos trabalhar normalmente, mas as atividades vão ser um pouco retardadas”, disse Marcos Lessa, vice-presidente da Anffa.

Questionado sobre a crítica de empresas e entidades do agronegócio de que essas mobilizações trazem grande transtorno ao dia a dia do setor, o dirigente sindical adverte que a categoria já está trabalhando no limite, com grande déficit de pessoal.

A categoria também vem sendo alvo de denúncias do Ministério Público, como mostrou o Valor, que envolvem o suposto pagamento de propina da JBS a cerca de 200 fiscais sanitários para beneficiar os frigoríficos da empresa em todo país. “Nos acusam de corrupção, mais isso causa irritação, porque todo mundo sabe que também há empresários corruptos e a própria Carne Fraca já revelou um esquema de arrecadação de dinheiro para políticos”, concluiu. 

As informações são do jornal Valor Econômico.