MKP: Como os ciclos do mercado lácteo estão relacionados à atividade econômica?
FA: A venda de nossos produtos está relacionada com o nível de atividade econômica dos países, e por consequência, à atividade leiteira. Esses fatores estão ligados, em termos de produção de leite, a investimentos por parte dos produtores e indústria no setor, além do consumo de lácteos pela população. O leite depende do ciclo econômico de um país. Por essa razão a DeLaval tem investido nos mercados emergentes, em que um dos destaques é definitivamente o Brasil.
MKP: Qual é a importância da América Latina nos negócios do grupo?
FA: A companhia tem olhado com bons olhos para as economias emergentes, em especial as da América Latina, que têm apresentado crescimento substancial e de dígito duplo de vendas nos últimos anos. A DeLaval AL (América Latina) é a que mais cresce no mundo.
MKP: Existe uma imagem de que a ordenha robotizada é algo restrito a poucos, muito cara e inviável para a maioria dos casos. Em que grau essa visão está equivocada?
FA: A diferença para o produtor adquirir um robô e um equipamento de ordenha convencional diminuiu nos últimos anos e irá diminuir ainda mais. Além disso, essa tecnologia está amadurecida, estabelecida - já existe na Europa há 10 anos. Hoje, entre 50 e 60% dos novos projetos de ordenha envolvem ordenhadas robotizadas. Outro mito é que apenas pequenos produtores familiares podem ter um robô - já há projetos com milhares de vacas e vários robôs, que deixou de ser um equipamento de um grupo restrito para atingir um maior número de produtores. Estamos falando da massificação desse produto.
MKP: Qual é o custo aproximado e quais as vantagens do robô?
FA: Enquanto um produtor de 150-200 vacas investe entre R$ 200.000 a 250.000 em um novo equipamento automatizado de ordenha, um robô deverá sair na faixa dos R$ 300.000 a 320.000. As vantagens são a melhoria da qualidade do leite, o ganho de eficiência no tempo da ordenha, a eliminação de problemas com mão-de-obra e, principalmente, ganho de qualidade de vida para o produtor. Além da melhoria na qualidade de vida, o tempo extra que esse produtor ganha para investir em si próprio ou em outras atividades adicionais é algo significativo.
A seguir, um vídeo da ordenhadeira robotizada em funcionamento:
MKP: A DeLaval vai comercializar esse produto no Brasil? Compensa, com o custo de nossa mão-de-obra, menor do que a Europeia?
FA: Sim, iremos comercializar no Brasil e na América Latina. Há um conceito equivocado de que nossa mão-de-obra é barata, que resulta em um uso ineficiente desse recurso. Historicamente, isso era verdade - tínhamos uma mão-de-obra barata. Hoje, com a melhoria da renda, pouco a pouco nossa mão-de-obra vai deixando de ser tão barata e passa a ser fundamental utilizá-la de maneira eficiente. Por isso, o robô tende a ser cada vez mais viável no Brasil e em outros países da região, que apresentam a mesma tendência.
MKP: Qual será o perfil do cliente?
FA: Nossa estratégia é vender para produtores profissionais, bom administradores e que tenham na atividade leiteira uma ideia de continuísmo nos negócios. São esses que irão nos ajudar a desenvolver e promover o robô. Teremos também técnicos que farão o acompanhamento das fazendas, além de apostar na auto-aprendizagem (self-learning) de utilização do produto, pelo emprego de uma interface clara e interação com outras tecnologias - o Robô, por exemplo, avisa por celular se houve algum erro durante a ordenha.É essa uma das linhas de desenvolvimento da DeLaval, a convergência e interação de tecnologias entre os produtos. O grupo está desenvolvendo uma série de produtos a serem lançados que terão esse tipo de interação.
Equipe MilkPoint