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Sorgo para pastejo - estratégia para enfrentar a estacionalidade de produção das plantas forrageiras sem conservar forragens

POR JOÃO JOSÉ ASSUMPÇÃO DE ABREU DEMARCHI

THIAGO FERNANDES BERNARDES

EM 26/12/2002

7 MIN DE LEITURA

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Introdução

Aproveitando o enfoque do artigo anterior, de 26 de novembro de 2002, "Estratégias para enfrentar a estacionalidade de produção das plantas forrageiras sem conservar forragens", e a feliz coincidência de artigo publicado pela revista Balde Branco neste mês de dezembro, sobre sorgo para pastejo, reiteramos nossa preocupação com a falta de consciência de muitos pecuaristas, ou melhor, de empresários rurais, a respeito da falta de produção das pastagens no período de estiagem e do devido planejamento para enfrentar da melhor maneira possível essa situação.

Vale a pena lembrar parte de artigo publicado em 14 de julho de 2000 ("O potencial do sorgo como cultura para produção de silagens - parte 1/6"), sobre os diversos tipos de sorgo existentes e suas diversas funções no sistema de produção. O primeiro ponto a ser salientado é a grande diversidade de sorgos existentes e o potencial genético a ser explorado. Fica evidente também, e isso não tem acontecido com freqüência, que há necessidade de certos cuidados quando compararmos o sorgo com outras culturas para silagem, principalmente o milho, já que poderemos estar nos referindo a sorgos que apresentam características muito distintas daquelas indicadas para esse fim, sendo que apenas o tipo duplo propósito ou silageiro é o que apresenta características similares. Qualquer outro tipo deve ser sempre comparado com ressalvas. Um segundo item que vem chamando a atenção é o incremento de área plantada com essa cultura nos últimos anos através de esforços da iniciativa privada e de instituições de pesquisa.

Tipos de sorgo

Os sorgos de maior interesse podem ser agrupados em dois grandes grupos:

I - Graníferos, cultivados com a finalidade de produção de grãos para a alimentação humana ou animal, ou produção de amido, óleo comestível e industrial, álcool, cerveja, cera e outros. É uma planta amplamente estudada e melhorada, apresenta o caráter braquítico (plantas baixas, normalmente inferiores a 1,6 m), o que favorece substancialmente a condução e a colheita de suas lavouras;

II - Forrageiros, com ciclos mais longos e alturas superiores a 2 m, vigorosos e com grande capacidade de produção de matéria verde. Subdividem-se em:

a- Forrageiros com baixa produção de grãos e baixo teor de açúcares solúveis, bastante utilizados para conservação na forma de silagem. Possuem altura próxima ou superior a 3 m;

b- Forrageiros com baixa produção de grãos, alta porcentagem de açúcares solúveis e altura próxima ou superior a 3 m, denominados sacarinos, os quais apresentam colmos com níveis de sacarose entre 10 e 14% e açúcares redutores, o que possibilita a sua industrialização para a produção de álcool etílico. Os colmos fornecem um caldo rico em açúcares fermentecíveis e os grãos, pelo processo de sacarificação, podem transformar seu alto teor de amido em significativas quantidades de açúcares mais simples e passíveis de fermentação, constituindo-se interessante matéria-prima de entresafra para as usinas produtoras de álcool. Grande parte dos cultivares são sensíveis ao fotoperíodo e adaptados para regiões entre 25o e 35o de latitude. Também podem ser utilizados para confecção de silagem, sendo que a maior quantidade de açúcares solúveis no colmo pode favorecer o estabelecimento de fermentação adequada, resultando em melhor valor nutritivo do material ensilado, contudo, a porcentagem de grãos é menor. Muitos autores consideram esse grupo independente dos forrageiros;

c- Forrageiros com boa produção de grãos e menor altura (entre 2,0 e 2,5 m), denominados de duplo propósito. Podem ser utilizados tanto para produção de silagem de alto valor nutricional, devido às maiores porcentagens de grãos, como utilizados para produção exclusiva de grãos. Atualmente também estão sendo denominados de silageiros;

d- Forrageiros com pequena porcentagem de grãos (normalmente muito pequenos) e panículas abertas e bem ramificadas, denominadas de tipo vassoura. Suas panículas são utilizadas para fabricação de vassouras e escovas. O grão que sobra da confecção das vassouras pode ser utilizado na alimentação de ruminantes mas deve ser moído para melhorar a sua digestibilidade, que é baixa pela pequena porcentagem de amido. Além do S. Bicolor também são citados para fabricação de escovas e vassouras a espécie Sorghum technicus, vulgarmente denominada de piaçaba.

e- Forrageiros especializados para pastejo, corte, fenação ou silagem pré-seca, denominados de sorgo ou capim sudão (Sorghum bicolor subespécies sudanense ou mais atualmente Sorghum sudanense (Piper) ou seus híbridos com o sorgo). Com relação aos outros tipos apresentam um colmo fino, mais favorável ao processo de fenação. Atualmente estão disponíveis híbridos de Sorghum bicolor com capim Sudão (Sorghum sudanensis), tais como 1P400, AG2501C, BRS800 e DK75.

Características morfo-fisiológicas

O sorgo é uma planta tropical de crescimento estival que suporta melhor altas temperaturas do que a maioria das outras culturas. O desenvolvimento de variedades e híbridos de maturação precoce permitiu o cultivo do sorgo em regiões cuja precipitação pluviométrica anual não exceda os 380 mm e em condições de clima temperado, desde que possua estação estival quente suficiente ao seu desenvolvimento. É muito resistente à desidratação devido ao seu sistema radicular fibroso e muito extenso (podendo atingir até 1,5 m de profundidade, valor este normalmente 50% maior que o do milho), ao ritmo de transpiração eficaz (retardamento do crescimento) e características foliares das xerófitas, como a serosidade e a ausência de pilosidade, que reduzem a perda de água da planta.

É mais resistente à seca do que o milho, tolera mais um excesso de umidade do solo, onde um breve período de inundação não provocará perdas na colheita. Devido ao tamanho reduzido de suas sementes, exige um preparo de solo e cuidados na semeadura mais intensos que o milho, além de menor tolerância à seca da germinação até 20 a 25 dias de crescimento. Da mesma forma que o milho, um outro ponto crítico com relação à disponibilidade de água apresenta-se na fase de polinização e granação (enchimento dos grãos), compreendida entre 50 a 60 dias após a germinação. Essas peculiaridades conferem ao sorgo adaptabilidade a solos de baixa fertilidade, todavia, é considerada uma cultura exaustora de nutrientes do solo, principalmente se a cultura for toda retirada da área, como ocorre na produção de silagens, mas que, com manejo e fertilização apropriados, pode propiciar altas produções na maioria dos solos.

Sorgo para pastejo

Sobre esse último tipo de sorgo para pastejo, tanto Elizeu Vicente dos Santos (Monsanto) quanto Cláudio Prates Zago (Dow-AgroSciences), enfatizam que há hoje no mercado diversos híbridos com potencial de produção de até 20 t de MS por hectare (150 t de massa verde para plantios das águas - 5 ou mais cortes - e 50 a 70 t para plantio de safrinha, com valores de 15 a 20% de MS e até 3 cortes ou pastejos), com valores médios de 12% de PB e 60% de NDT em base seca, e com custos na faixa de R$ 454 a 55,00 / t de MS produzida. Possui alta capacidade de perfilhamento e rebrota, suportando altas pressões de pastejo (5 UA / ha), com intervalos de corte ou pastejo de 30 a 35 dias. Devido as características citadas acima, pode ser plantado de setembro até fevereiro / março como safrinha. Recomendam-se semeaduras a 3-4 cm de profundidade e com espaçamento entre linhas de 35 a 45 cm, ou a lanço, com gastos de 25 a 30 kg de sementes por hectare. A adubação recomendada é a mesma que a do milho, exceto na safrinha, que deve ser 30% menor. Quanto à cobertura, 200 a 250 kg de 20-00-20 formulado com 40% de sulfato de amônio após cada corte ou pastejo e antes da roçada de uniformização.

 

 

Plantio de sorgo para pastejo em áreas de Brachiaria brizantha em Andradina - SP




Comentário do autor: acreditamos que antes do uso de estratégias que envolvam o corte, colheita, conservação e distribuição aos animais de alimentos conservados sobre as mais diversas formas (silagem, feno, pré-secado, cana-de-açúcar, etc.), devemos tentar explorar ao máximo o "self-service" animal, ou seja, fazer primeiro se esgotar todas as alternativas que permitam ao animal colher sozinho o seu alimento. Uma vez esgotadas essas possibilidades, ai sim cabe a utilização de estratégias de conservação de forragens para o período crítico. A adubação de pastagens de forma estratégica, como citado em artigo anterior e comentado por leitor com a mesma experiência (Eduardo Penteado Cardoso) e ponto de vista, pode também ser comprovada em área de pastejo de Brachiaria brizantha no Instituto de Zootecnia, em Nova Odessa, SP, conduzida pelo pesquisador Antônio João Lourenço. Além disso, surge como estratégia interessante a adoção do sorgo para pastejo tanto em áreas de reforma de pastagens quanto em plantio direto sobre as pastagens em período de safrinha, visando o prolongamento do período de pastejo. Temos notado em algumas experiências, um ganho de produtividade animal por área, um menor efeito da estacionalidade de pastagens e conseqüente menor oscilação da lotação de pastagens e um efeito residual sobre as pastagens bastante promissor. Precisamos intensificar essas estratégias e aumentar nosso know-how sobre as mesmas, visando primariamente uma redução da degradação de pastagens, aumento da produtividade animal e melhoria da rentabilidade dos sistemas de produção, seja carne ou leite.

Bibliografia:

Sorgo também vai bem no pastejo. Revista Balde Branco, n. 458, dez-2002, p. 28-31.

DEMARCHI, J.J.A.A.; BOIN, C.; BRAUN, G. A cultura do sorgo (Sorghum bicolor L. Moench) para a produção de silagens de alta qualidade. Zootecnia, v. 33, n.3, p.111-136, 1995.

JOÃO JOSÉ ASSUMPÇÃO DE ABREU DEMARCHI

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