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Ensilagem de Grãos de Cereais: Parte II

POR THIAGO FERNANDES BERNARDES

E RAFAEL CAMARGO DO AMARAL

THIAGO FERNANDES BERNARDES

EM 17/09/2007

4 MIN DE LEITURA

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Na parte I deste artigo, foram tratados assuntos referentes a produção e ao manejo da ensilagem de grãos de cereais. Nesta parte II, o objetivo será mostrar alguns aspectos relacionados ao pós-abertura desse tipo de silagem, bem como mostrar alguns aspectos nutricionais referente ao tema.

O desabastecimento do silo e o problema da deterioração aeróbia

A redução do tempo de exposição dos grãos ao ambiente após a maturidade fisiológica e a eliminação da etapa de secagem dos mesmos, com base na confecção de silagem de grãos úmidos, resultou numa evolução no que se refere ao controle de perdas e redução de custos no armazenamento de grãos. Entretanto, do ponto de vista da ensilagem um novo entrave foi criado, representado pelo fenômeno da deterioração aeróbia da massa.

A presença de oxigênio na massa constitui-se como fator indesejável. O processo de deterioração aeróbia em silagens de grãos úmidos é originado pela elevada população de leveduras e alta disponibilidade de nutrientes na massa, sendo que a temperatura ambiental e o tempo de exposição da silagem ao O2 também devem ser considerados.

As leveduras envolvidas com a deterioração aeróbia podem ser classificadas em dois grupos: as espécies que utilizam ácidos orgânicos (Cândida, Endomycopsis, Hansenula e Pichia) e as que consomem açúcares e amido. Elas são capazes de se desenvolverem em baixas concentrações de oxigênio e em ambientes com pH muito ácido (pH < 4,0), ocorrendo a sucessão de populações ao longo das etapas de ensilagem.

O número de leveduras na silagem, segundo Beck (1963) citado por Woolford (1990), pode variar de < 102 a 10< 1012 ufc/g MS em menos de três dias. Após o fechamento do silo, as leveduras competem com os outros microrganismos por substratos fermentescíveis e, durante as primeiras semanas de ensilagem, a população pode chegar a 10< 107 ufc/g, ocorrendo um decréscimo gradual durante as etapas subseqüentes do armazenamento, sendo que a sobrevivência das leveduras na estocagem depende do grau de anaerobiose, do pH e da concentração de ácidos orgânicos.

As áreas do silo mais próximas à atmosfera são por natureza, mais sujeitas à infiltração de ar, freqüentemente devido a maior porosidade da massa e aos materiais utilizados na cobertura. Desse modo, a multiplicação das leveduras pode continuar lentamente durante todo o período de estocagem e chegar ao momento de abertura do silo com carga em torno ou superior a milhões de ufc por grama de silagem (Borreani et al., 2002).

McDonald et al. (1991) relataram que a aeração da massa na ensilagem, devido ao tempo prolongado em contato com o O2, promove a multiplicação das leveduras, o que eleva à susceptibilidade da silagem em sofrer deterioração após a abertura do silo. Em silagens de grãos úmidos, quando a massa entra em contato com o ar durante o desabastecimento do silo, populações de leveduras superiores a 10< 105 ufc/g podem quebrar a estabilidade em poucas horas (Siqueira et al., 2007).

Desse modo, antes da ensilagem, é necessário dimensionar adequadamente os silos em relação à demanda diária, pois se esta etapa for negligenciada a silagem de grãos úmidos deixa de se comportar como eficiente opção na conservação de alimentos.

A ensilagem e a digestão do amido

Os estudos com silagem de grãos úmidos de cereais têm constatado que há elevação na energia metabolizável do grão, devido principalmente ao aumento na digestão do amido, pois a ensilagem provoca a fragilização da matriz protéica que o recobre (Owens et al., 1997; Jobim et al., 2001; Costa et al., 2004).

Alguns estudos hipotetizaram que o grão ao ser ensilado sofre a gelatinização do amido, o que provocaria o rompimento das membranas protéicas e das estruturas dos grânulos de amido, melhorando a digestão microbiana (rúmen) e enzimática. Contudo, segundo Lopes (2004) citado por Costa et al. (2004), as condições do silo são insuficientes para que ocorra a gelatinização do amido, principalmente, devido à temperatura alcançada durante a fermentação.

Portanto, a exposição do amido ao ataque microbiano e enzimático, proporcionado pela ensilagem, está relacionado principalmente com a ação mecânica da moagem e a presença de ácidos orgânicos, que determinam o rompimento da matriz protéica.

Outro aspecto importante é a composição do amido, pois este polímero é composto de moléculas de amilose e de amilopectina, ligadas por pontes de hidrogênio. A amilose possui uma estrutura resistente, desse modo a digestibilidade do amido é inversamente proporcional a concentração deste componente. Portanto, fontes de amido com maiores concentrações de amilopectina, como o grão de milho imaturo, podem apresentar maior digestibilidade.

Utilização de silagem de grãos úmidos de milho para vacas em lactação

Em razão da dieta de vacas leiteiras de alta produção ser constituída por 25 a 35% de amido, fica evidente que a melhora na eficiência de utilização do amido representa real importância na produção de leite. Simas (1997) destaca que o aumento da lactação devido ao aumento da utilização de amido, em fontes de amido de alta degradabilidade ruminal, é provavelmente devido ao aumento da energia absorvida (AGV) e mais proteína microbiana disponível para absorção.

De Brabander et al. (1992) estudaram o efeito da substituição no concentrado de grãos de milho pela silagem de grãos úmidos desta mesma espécie para vacas em lactação. Os animais consumindo as rações (66% de volumoso e 34% de concentrado) contendo silagem de grãos úmidos de milho apresentaram consumo médio de 18 kg de matéria seca, onde a silagem de grãos úmidos representou 21% da ingestão total de matéria seca. A produção leiteira foi de 26 kg/dia, com média de 4,49% de gordura e 3,33% de proteína, não havendo diferença entre os animais consumindo silagem de grão úmido ou milho seco.

Portanto, segundo Jobim et al. (2001) a utilização de silagem de grãos úmidos de milho na alimentação de ruminantes pode contribuir significativamente para melhorar o desempenho animal. Além dos resultados em relação ao valor nutricional e desempenho animal, deve-se destacar principalmente os resultados econômicos que poderão advir do emprego da silagem de grãos de milho como constituinte de rações, sendo esse aspecto de grande relevância principalmente em culturas onde a margem de rentabilidade é baixa.

THIAGO FERNANDES BERNARDES

RAFAEL CAMARGO DO AMARAL

Zootecnista pela Unesp/Jaboticabal.
Mestre e Doutor em Ciência Animal e Pastagens pela ESALQ/USP.
Gerente de Nutrição na DeLaval.
www.facebook.com.br/doctorsilage

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RAFAEL CAMARGO DO AMARAL

PIRACICABA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 10/10/2008

Prezado Éder Fernando Brugnara,

Resultados contraditórios são encontrados em diversas pesquisas. Você pode considerar que no geral, as respostas são positivas para silagem de grão úmido, mais existem dados que não confirmam essa hipótese.

Por exemplo, o que poderia ter ocorrido no experimento com a silagem de grão úmido que não foi observado com o milho moído?

A variedade utilizada é uma razão, híbridos do tipo "flint" apresentam elevado grau de vitriosidade, o que dificulta a proteólise da matriz proteica quando este milho é ensilado. Um outro fator que também pode ter ocorrido é o teor de umidade que o milho foi colhido para ensilagem.

Atenciosamente,
Rafael e Thiago
ÉDER FERNANDO BRUGNARA

ÁGUA DOCE - SANTA CATARINA - ESTUDANTE

EM 08/10/2008

Senhores autores.

Lendo este artigo, tive a impressão de que os dois últimos parágrafos são contraditórios. O texto fala sobre a maior disponibilidade de amido, que gera mais AGV e mais Pmic; porém, é citado um trabalho (Brabander) aonde não se observou efeito em produção de leite.
Gostaria de um comentário sobre esta contradição.

Obrigado

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