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Uma greve 2.0

PAULO DO CARMO MARTINS

EM 01/06/2018

4 MIN DE LEITURA

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Em abril de 2013, estudantes fizeram manifestação pacífica contra o aumento das tarifas de transportes coletivos urbanos. Em dois meses o ambiente mudou e o Brasil viveu uma erupção popular que tomou as ruas brasileiras, gerando uma onda de protestos com reivindicações difusas, a favor da ética na política. As pesquisas de opinião da época mostraram que nove entre dez brasileiros apoiaram o que ficou conhecido como Movimento Vem Pra Rua. Passados cinco anos, estamos convivendo com algo que pode vir a se tornar o Movimento Vem pra Estrada, com consequências menos na política e mais na economia.

A Venezuela está tragicamente se desmanchando. Um país sem agricultura e indústria sólidas, depende da empresa estatal PDVSA para comprar no exterior tudo o que o precisa. Após 20 anos suportando as contas do país e sem investir no seu negócio, a Venezuela, que é importante produtora de petróleo, reduziu drasticamente as vendas deste ouro negro ao exterior e o seu preço não para de subir, em dólar. Já a moeda americana também ficou mais cara frente às demais, em função da elevação da taxa de juros nos Estados Unidos, depois de dez anos de baixa. Num quadro desses, com petróleo e dólar nas alturas, o preço dos combustíveis ficou mais caro no Brasil.

O jornalista e pensador americano Henry Mencken dizia que “para todo problema complexo, existe sempre uma solução simples, clara e errada”. Alguns entendem que a Petrobrás deveria vender os combustíveis a preços mais baixos, subsidiados. Mas, a política de preços baixos para o combustível, adotada anos recentes, mostrou-se muito mais danosa à saúde da Petrobras que toda a roubalheira até agora descoberta. Nós, economistas, aprendemos que o melhor negócio do mundo é uma empresa de petróleo bem administrada e o segundo melhor negócio é uma empresa de petróleo mal administrada. No Brasil e na Venezuela mostramos que é possível quebrar uma empresa de petróleo, forçando-a a subsidiar políticas de preços de combustíveis por anos a fio.

Mas, o movimento dos caminhoneiros está nos mostrando que os combustíveis são caros no Brasil em função de impostos. Quando abastecemos, levamos para o tanque todo o custo da máquina pública brasileira. O Governo Federal tem pressão para reduzir a carga tributária, representada pela CIDE e Pis/Cofins. Já os governos estaduais, responsáveis pelo maior imposto incidente, que é o ICMS, fingem-se de mortos para ver se a onda passa. A próxima geração não conhecerá greve de caminhoneiros, como a geração atual não sabe o que é greve de bancários. Quem viveu os anos noventa lembra o quanto ficávamos tensos quando esta categoria anunciava paralisação. Eram dias de caos. E, por que as greves de caminhoneiros vão deixar de existir?

A Revolução Industrial ocorreu na segunda metade do século XVIII. Quando surgiu a máquina a vapor, roupas deixaram de ser escassas quando a produção manual foi substituída por grandes teares e as distâncias ficar mais curtas quando as ferrovias passaram a rasgar o chão. Abundância passou a ser uma palavra com sentido. Esta primeira Revolução Industrial foi superada cem anos depois, no final do século XIX, com o surgimento do petróleo como energia. Isso gerou a segunda Revolução Industrial, que fez surgir uma outra palavra: progresso! O petróleo passou a ser o centro das nossas vidas. Está presente no remédio, na roupa, no alimento. É tão importante e atrai tantos interesses, que onde é produzido em grande volume o ambiente político é sempre conflituoso.

A Terceira Revolução, ocorrida na primeira metade do século XX, foi marcada pela era dos computadores, o que deslocou o poder da indústria para o setor de serviços. Por isso, os bancários passaram a ter poder de barganha e os bancos passaram a ter lucro, mesmo quando o mundo vai à bancarrota. Mas, a automação ocorrida neste setor destruiu empregos e fragilizou a categoria dos bancários, cujas greves hoje passam quase desapercebidas.  Mas, e os caminhoneiros?

O petróleo é finito, é produzido em locais politicamente instáveis e é fortemente agressivo ao meio ambiente. Estes três motivos por si somente demonstram a necessidade de substitui-lo, por soluções sustentáveis. E é o que vem ocorrendo de modo silencioso e rápido. Na era da bioeconomia, o combustível será plenamente renovável. Energia gerada por células fotoelétricas, pelo vento e por plantas, já começaram a substituir o petróleo como combustível. Já a internet das coisas fará desaparecer a profissão de motorista. O carro será inteligente o suficiente para se guiar sozinho, com mais segurança e racionalidade. A Quarta Revolução já começou a extinguir a classe dos caminhoneiros, um segmento típico do mundo da Segunda Revolução Industrial. Afinal, petróleo e carro são do mundo 2.0. Neste novo cenário, a capacidade de parar o país estará nas mãos de profissionais de Tecnologia de Informação e Comunicação. Eles é que poderão ser os grevistas do mundo 4.0.

Será? E os robôs, vão permitir que eles tenham tamanho poder?

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SAMUEL SOUZA DOS SANTOS

EM 07/06/2018

Paulo , concordo contigo parcialmente,apesar de termos todos os elementos para tal revolução que já chegou de charrete,ainda estamos distantes da infraestrutura para a revolução 4.0.
Digo isso , porque precisaríamos de investimentos com a participação PPP e desenvolvimento de outras matrizes energéticas que terão influencia direta.
PAULO MARTINS

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 07/06/2018

Samuel,

Concordamos mutualmente, ou seja, você comigo e eu contigo. Nossas manifestações são complementares, daí a concordância mútua.
JULIO RODRIGUEZ

ITAMONTE - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 05/06/2018

Simples e Objetivo! Excelente artigo!
ADRIANE ELISABETE ANTUNES DE MORAES

LIMEIRA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 04/06/2018

Muito interessante!
PAULO MARTINS

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 04/06/2018

obrigado!
GABRIEL CARDOZO DE ALMEIDA LARA

GUAXUPÉ - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 04/06/2018

Paulo, excelente artigo!
PAULO MARTINS

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 04/06/2018

Muito obrigado, Gabriel!

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