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Políticas públicas fazem mal ao Leite

POR PAULO MARTINS

PAULO DO CARMO MARTINS

EM 17/07/2013

8 MIN DE LEITURA

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 Em todo o mundo existem políticas públicas específicas para o setor de leite e derivados. Aqui, também. Mas, a diferença é que no Brasil o resultado dessas políticas prejudica o desenvolvimento e a organização do setor. Um exemplo é facilitar as importações!

Há cinco décadas a Inglaterra, Holanda, Nova Zelândia e EUA já usavam sistema de discriminação de preços ao produtor. O leite destinado para o consumo fluido tinha um preço mais elevado que o destinado para transformação em derivados. Com forte fiscalização do Governo, o objetivo claro era preservar a renda do produtor, já que a maior parte era destinada ao consumo na forma fluida.

Então, no final dos anos setenta, o Brasil resolveu copiar esta política, introduzindo a discriminação de preços. Mas, é claro que não foi para beneficiar o produtor. Sob o argumento que seria importante desestimular a sazonalidade de produção, foram criados dois preços: o leite cota e extra cota. Na prática, caiu o preço médio anual pago ao produtor sem que nenhuma mudança houvesse na sazonalidade, que continuou intensa.

Nos anos oitenta a inflação saiu do controle das autoridades econômicas. Como o preço do leite era tabelado pelo Governo e o peso do produto no cálculo da inflação era (e ainda é) elevado, os meus colegas economistas do Ministério da Fazenda criaram uma novidade, nunca descrita nos livros de macroeconomia. Eles resolveram usar o leite como instrumento de combate à inflação!

Resolveram segurar continuamente os reajustes de preço do leite. Entretanto, essa política desestimulou todo um processo de adoção de novas tecnologias que estava acontecendo. Naquele momento o Brasil começava sua vitoriosa transformação tecnológica no campo. Soja, milho, carnes, algodão.... O leite também. Mas, graças aos economistas do Governo da época, o setor passou a ser nada interessante para investimentos em tecnologia, pois o controle de preços não permitia que esses investimentos se pagassem.

Começava ali a descapitalização do setor e o empobrecimento de famílias e regiões outrora economicamente dinâmicas, como a Zona da Mata de Minas Gerais, até então a bacia leiteira de maior produção do Brasil. O atraso da modernização do leite brasileiro, em sua origem, tem as digitais dos economistas do Ministério da Fazenda! Foram eles que, nos anos oitenta, criaram o primeiro e imenso desestímulo à modernização do setor lácteo e, assim, amealharam pobreza. E, o que é pior: fizeram escola!

O resultado dessa política foi claro. Nos anos oitenta a produção de leite patinou e até mesmo nas grandes cidades o perigoso consumo de produto clandestino, via mercado informal, era imenso. A produção cresceu muito pouco e não foi pela melhoria de produtividade, mas por incorporação de terras e vacas. Consolidou-se, assim, a nossa dependência mundial às importações. Os economistas do Governo condenaram o Brasil à condição de quinto maior importador de lácteos do mundo, nos anos oitenta! Passamos a ser matriz de geração de riqueza e emprego no exterior.

Nos anos noventa, a economia perdeu parte da proteção contra importados e a nossa moeda ficou propositalmente valorizada. Você certamente se lembra da chamada âncora cambial. Neste ambiente, várias culturas sofreram forte impacto desfavorável quando foram submetidas à competição externa, como foi o caso do algodão e do arroz. Já o setor lácteo nacional ficou livre das amarras do Governo. A política de tabelamento de preços, cujo discurso era para proteger o produtor, foi abandonada. O produtor de leite, estupefato, no primeiro momento reclamou da decisão do Governo. Afinal, isso aconteceu de chofre, sem aviso, num ambiente em que o leite importado chegava aqui a preços 3,5 vezes menos do era comercializado no país de origem.

Mas, o setor soube competir com o produto importado a preços subsidiados e num ambiente de câmbio supervalorizado. O setor lácteo fez a produção crescer mais que o consumo e promoveu substituição de importação em plena economia aberta e em franca competição com os produtos importados! Mais que isso, em 2004 atingiu a autossuficiência e chegamos a ser exportadores!

O Plano Real está completando 19 anos neste mês de julho. Nestes 19 anos a população brasileira cresceu 27,7% e o PIB cresceu mais que o dobro, ou seja, 69,2%. Portanto, é evidente que ficamos mais ricos em termos per capita. Além disso, com a inflação sob controle, o consumo ficou mais acessível.

Pois, veja você! Neste mesmo período a produção brasileira de leite cresceu 86,2%. Cresceu mais que o PIB e mais do que três vezes o crescimento da população! Portanto, ao ser abandonado pelos economistas do Governo, que deixaram de controlar o preço do leite, o setor começou a cumprir a sua nobre missão de gerar emprego e renda, que são os principais derivados da atividade leiteira! Se você é economista, calcule o efeito multiplicador de emprego e renda da matriz insumo-produto da nossa economia e confirmará esta afirmação.

Sem a intervenção de governo prejudicando os produtores, a produção de leite cresceu via aumento de produtividade e segurou a inflação. Entregou resultados que as políticas públicas distorcidas dos anos oitenta não entregaram. Em 19 anos de Plano Real a inflação brasileira, medida pelo IPCA, foi de 333%. Pois, neste mesmo período, o aumento acumulado do preço do leite ao consumidor não passou de 274%. Agora, compare a evolução de preços de outros itens de custo de vida do brasileiro, apresentados na Tabela 01. Ali estão itens fundamentais para todos nós consumidores. Veja, por exemplo, que o item Transporte Público ficou duas vezes mais caro que o Leite!



Vamos analisar o comportamento recente dos preços. Na Tabela 02, perceba que os Cereais acumularam elevação de preços de 34,9% em 2012, ou quase cinco vezes a inflação acumulada, medida pelo IPCA. No primeiro semestre deste ano de 2013 este grupo teve inflação acumulada em quase três vezes o IPCA. No acumulado de 18 meses chegou a um aumento em mais de cinco vezes o registrado pelo IPCA. O grupo Legumes foi ainda pior. Somente no primeiro semestre teve aumento de preços da ordem de 52,0% para uma inflação de 3,2%! No acumulado de 18 meses chegou a 91,3%, ou dez vezes o acumulado com a variação do IPCA. Óleos, Farinhas e Massas, Hortaliças e Verduras são itens que tiveram aumento de preços quatro vezes maiores que a inflação do período. Já Frutas, foi de 2,5 vezes. Portanto, quem tem a missão de controlar a inflação fica a pensar: com tudo isso puxando a inflação para cima, onde podemos controlar os preços?

Agora, veja a trajetória dos preços do grupo Leite e Derivados. Ao longo de 2012 o IPCA acumulou acréscimo de 5,8%, enquanto que Leite e Derivados teve acréscimo de 5,7%. Neste mesmo período o Índice de Custo de Produção de Leite (ICPLeite) da Embrapa registrou acréscimo de 22,4%! Portanto, os custos cresceram quase quatro vezes mais que o crescimento do preço de Leite e Derivados no varejo.

Já no primeiro semestre de 2013 os preços de Leite e Derivados no varejo subiram bem mais que a inflação, conforme mostra a tabela. E, no acumulado de 18 meses, o preço do grupo Leite e Derivados subiu o dobro que a inflação. Mas, de acordo com a Embrapa, o custo de produção subiu 18,5%, praticamente o mesmo percentual da elevação de preços no varejo.




A imprensa informa que iremos facilitar a entrada de leite no Brasil (para ler a matéria, clique aqui). Evidentemente, é uma medida inócua, pois os preços do leite estão elevados em todo o mundo. Se o objetivo é controlar a inflação via intervenção no mercado de leite, os impactos no IPCA não serão obtidos. Mas, uma notícia dessas contribui para desorganizar o setor. Afinal, a maioria dos produtores de leite tem mais de 50 anos e se lembra da nefasta intervenção do Governo nos anos oitenta. Que estímulo há para se investir em expansão da oferta de leite? Ainda mais num ambiente como o atual, em que custo de produção está subindo... Em junho, por exemplo, enquanto o IPCA foi de 0,26% o ICPLeite foi de 0,42%.

Então, é muito provável que daqui a poucos meses, economistas do Governo comemorem a aparente eficácia da sinalização feita em prol da importação de leite como mecanismo de controle de inflação. Mas, é evidente que os preços iriam cair naturalmente, como é da tradição e se os preços internacionais permitirem. Então, deverão comemorar uma aparente consequência sem relação de causalidade com a política do Governo. Portanto, comemorarão um evento que nós, economistas, tecnicamente chamamos de correlação espúria!

O fato é que o leite é o produto com preços mais distorcidos do agronegócio mundial. Por outro lado, o setor de Leite e Derivados é o mais atrasado em termos de organização, dentre as grandes cadeias produtivas do agronegócio brasileiro. E isso é consequência! Afinal, ter de lutar contra os artificialismos do comércio de lácteos e contra as discriminações de políticas públicas tira toda a energia do setor. Então, basta apenas mais uma sinalização de interferência discriminatória contra o setor, como atual, para que a desmotivação tome conta e comece a desestabilizar todo o processo de tentativa de organização da cadeia.

É muito bom que setores do Governo estejam muito empenhados em atuar junto a esta cadeia, que reúne o maior contingente de pobres do meio rural brasileiro. É inegável o belíssimo esforço que tem sido feito para tornar o crédito acessível via Pronaf. É mais que oportuna a decisão de apoiar a transferência de tecnologia, com o anúncio da criação da ANATER. É muito sólido o resultado obtido com os programas de aquisição de alimentos e de merenda escolar... Enfim, todas estas políticas públicas são essenciais, inteligentes e focadas... Mas, corremos o risco de ter o resultado de tudo isso anulado com a notícia de que o passado que não deu certo pode estar se transformando no espelho do futuro próximo!
 

PAULO MARTINS

Paulo do Carmo Martins - Economista, Doutor em Economia Aplicada (Esalq/USP). Pesquisador da Embrapa Gado de Leite e Professor Associado da Facc/UFJF

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PAULO MARTINS

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 06/08/2013

Obrigado, Laranja,

Seu elogio é sempre estímulo. Elogio, então, é estímulo turbinado!
LUIS FERNANDO LARANJA

SÃO PAULO - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 06/08/2013

Paulo,

é redundância eu elogiar um artigo seu, mas este, além de bom, foi num momento muito oportuno.

grande abraço !

Laranja
PAULO MARTINS

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 04/08/2013

Caro Paulo,

É preciso que pessoas como você, que tem toda uma vida de sucesso aplicada à Assistência Tecnica sejam ouvidas.
PAULO TADATOSHI HIROKI

LONDRINA - PARANÁ - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 04/08/2013

Caro Paulo..
Brilhante artigo, didático e de grande contribuição a quem quer conhecer um pouco desta complicada cadeia.
Os praticantes da Assistência Técnica encontram muitas dificuldades em obter resultados na melhoria da eficiência das propriedades, pode ser em função dos motivos expostos...
Estou chegando a uma conclusão, triste mas cada dia mais clara, falta gestão (ou será governo), no Brasil...Saúde, Educação, Economia, enfim nada vai bem. A Agropecuária, que quando não atrapalhada, ainda consegue sustentar o nosso crescimento econômico (bem pequeno).
Precisamos urgentemente achar um rumo. Há no congresso nacional, na comissão de agricultura a sub comissão do leite, ensaiando diretrizes para o setor. Será que não temos uma forma de sensibilizar os participantes, fazê-los pensar melhor o setor...

Um grande abraço, e, estamos notícias.
PAULO MARTINS

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 24/07/2013

Prezado Joel,

Penso que o melhor é escrever um artigo sobre coordenação de cadeia produtiva para tratar desse assunto, que envolve uma abordagem técnica. Por favor, aguarde.
JOEL NAEGELE

CANTAGALO - RIO DE JANEIRO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 24/07/2013

Se as Indústrias "capitalistas" podem exercer tais funções, porque um organização nos moldes Cooperativistas, bem Assessorada e dirigida por profissionais competentes não poderia ? Onde você vê impedimento para que isso se dê ?
PAULO MARTINS

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 24/07/2013

Caro Guilherme,

Concordo com sua síntese, ou seja, a visão de curto prazo está presente como marca tanto no lado da produção como no lado da indústria.

GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 24/07/2013

Prezado Conterrâneo Paulo Martins: É, de fato, um caminho muito longo entre a indústria laticinista e o conglomerado industrial que vigora nos setores do frango e do suíno. Lá, nós encontramos uma indústria parceira do produtor, que fornece a ele desde os animais para recria, a montagem de seus sistema de criação até a ração, adquirindo, em contrapartida, toda a produção da granja.
No nosso ramo de atividade, em contrapartida, a indústria só pensa em pagar cada vez menos ao produtor, inventando as mais diversas estratégias para atingir a este objetivo, sem se preocupar com a melhoria do rebanho, com a ampliação das produções, com o fomento da evolução particular das propriedades que lhe fornecem, sequer patrocinando, através de simples empréstimo de capital, a melhoria genética necessária ao aumento das quantidades diárias de leite fornecido, com aquisição de novas e melhores matrizes, maquinários mais modernos (ordenha mecânica, tanque de expansão), ou, mesmo, a evolução da própria qualidade do produto, com técnicas de higienização e sanidade das vacas, enfim, deixando o fornecedor a seu próprio alvedrio.
Portanto, a indústria de laticínios está anos luz abaixo das demais áreas de exploração industrial e, o que é muito pior que isto, sem vontade nenhuma de sair desta posição.
O resumo desta ópera, em nosso setor: faltam profissionais em ambos os lados - produção e indústria.
Um abraço,


GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO
ALFA MILK
FAZENDA SESMARIA - OLARIA - MG
=HÁ OITO ANOS CONFINANDO QUALIDADE=
www.fazendasesmaria.com
PAULO MARTINS

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 24/07/2013

Caro Joel,

Na cadeia do leite quem faz a coordenação é a indústria. Ocorre que, nos países mais organizados, a indústria é majoritariamente formada pelas cooperativas, já que o conceito de indústria corresponde ao somatório das empresas processadoras. No Brasil, como você registra, as cooperativas ocupam uma condição minoritária e, em boa parte, as cooperativas não tem contato com o mercado consumidor. Então, se coordenar cadeia significa recolher informações sobre os consumidores e organizar os agentes da cadeia, cada vez é mais difícil ver as cooperativas cumprindo bem esse papel.
JOEL NAEGELE

CANTAGALO - RIO DE JANEIRO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 24/07/2013

A solução para essa coordenação e atenção especial com os produtores deveria ser suportada por Cooperativas de Produtores, cujo sonho parece ter sido abandonado há muito tempo. Acontece que a extrema vaidade de uns e a desonestidade de alguns que não se vexam em emporcalhar o leite com aditivos, água etc., determinaram a queda de algumas Centrais e fecharam um grande número de pequenas Cooperativas. Acompanhei isso de perto. A falta de educação associativa, aliada a pretensão de lideranças até mesmo com interesses políticos eleitorais, causaram danos enormes a algumas boas Cooperativas que conheci e que graças a essas pessoas já não mais existem. Por isso muitos produtores deixaram de acreditar no modelo cooperativista, além da falta de políticas públicas voltadas para o setor.
PAULO MARTINS

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 24/07/2013

Olá Guilherme,

Numa cadeia produtiva um segmento tem de cumprir o papel de coordenar as ações da cadeia. O exemplo de sucesso mundial é o da cadeia produtiva automobilística. A montadora capta informação de mercado e organiza todo o processo, quer seja para implementar informação ou simplesmente para organizar a quantidade produtiva e torná-la compatível com a demanda.
Numa cadeia produtiva que não tenha um agente para fazer bem este papel vai funcionar mal, com perdas para todos os segmentos em diferentes proporções.
Isso não impede, ao contrário, que cada um dos segmentos procurem cuidar do seu próprio negócio. No caso do leite, a indústria (somatorio de todos os laticínios) de leite e derivados não faz bem esta coordenação, como faz a avicultura e a suinocultura, por exemplo.
GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 24/07/2013

Prezado Conterrâneo Paulo Martins: Se é assim, não haverá evolução, posto que nossa indústria assume ares predatórios, só se importando com seu próprio lucro, em nada ajudando ao produtor.
Se nós, produtores, por nossa própria conta e risco, não assumirmos esta coordenação, jamais sairemos do vermelho, ou, pior ainda, fecharemos nossas porteiras.
Um abraço,


GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO
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PAULO MARTINS

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 23/07/2013

Prezado Guilherme,

O papel de coordenar a cadeia produtiva é da indústria. Em todas as regiões que este segmento não é sólido, não é bem organizado, o resultado é que os produtores tendem a evoluir pouco ao longo do tempo.
GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 23/07/2013

Prezado conterrâneo Paulo Martins: Mas, você não acha que só pelo fato de serem "compradoras de leite" e fomentarem, entre si, uma concorrência (embora, não muito dotada de lealdade), já não promovem, estas plantas industriais, uma micro organização em seu entorno, de sorte que, ao exigir qualidade, fomentar um pagamento melhor que as concorrentes, e incutir a ideia da fidelidade, não estão aclimatando um meio - mesmo que transverso - de obrigar ao produtor a organizar seu elo da cadeia produtiva, tal como elas mesmas têm implementado, sob pena de ter que sair do mercado?
O que noto, em nossa região, é a adoção de medidas - infelizmente, não pela consciência de que têm-se que produzir com qualidade, pois o leite é alimento essencial a todos nós, mas pela dor no bolso ou pela vontade de enchê-lo mais rapidamente - que nos levarão, tal como no jogo de amarelinha, ao céu ou ao inferno, dependendo da nossa capacidade de jogar a pedrinha e de pular os obstáculos. Todavia, acho que isto é uma forma de organização (mesmo que interna) das propriedades que pode levar ao surgimento de um conglomerado maior e mais amplo em todo o setor, o que pode acontecer em médio ou longo prazo.
Um abraço,


GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO
ALFA MILK
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JOEL NAEGELE

CANTAGALO - RIO DE JANEIRO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 22/07/2013

Parabéns Paulo pelo artigo que acabou provocando uma série de comentários inteligentes e altamente construtivos. Em princípio, o que poderia parecer um absurdo, a associação da CCPR com uma empresa privada, pode realmente ser proveitosa para os produtores se o lado cooperativista remanescente realmente se voltar para o produtor e a produção. Como disse antes, estou completando neste anoe 60 nos de atividades ligadas ao setor como produtor, dirigente de entidades ligadas ao setor e tendo trabalhado 20 anos na antiga e sempre lembrada CCPL. Políticas públicas no Brasil sempre prejudicaram os produtores incluindo aí, os controles exercidos pela SUNAB de triste memória. Considerado a década de 80 como perdida, nós também do setor leiteiro fomos por ela sufocados. Um abraço e continue nos brindando com seus oportunos e inteligentes comentários
RONEY JOSE DA VEIGA

HONÓRIO SERPA - PARANÁ - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 22/07/2013

Prezado Professor Paulo, maravilhoso e elucidante artigo, parabéns!
O que acontece agora , ao meu ver, é novamente o desgoverno Brasileiro procurando culpados pela própria ineficiencia. Sempre há na pauta desses senhores algum setor para ser pilhado e esculachado, agora é nossa vez, os produtores de leite.
O desgoverno só esquece de citar como vilão da inflação ele mesmo!
Porque quando se tem que pagar uma das maiores tarifas de luz do mundo, maiores preços de combustível do mundo, maiores custos trabalhistas do mundo, a mais alta carga tributária entre os países emergentes, é óbvio que os preços ao consumidor vão ficando cada dia maiores! A volta da famigerada inflação é culpa única e exclusiva de nosso desgoverno perdulário, corrupto e incapaz!
O desgovernantes devem pensar assim:
- Se um negocio está começando, não ajude;
- Quando começar a dar lucro, tarife e regule;
- Quando começar a dar prejuizo, dê subsídios e o acorrente.
E temos que lembrar também, em nosso atual momento, a sanha por dinheiro dos nossos donos de Industria e varejo. O preço ao produtor subiu em média, aqui em minha região 0,10 R$ o litro, isso impacta em aproximadamente 0,80 R$ no custo do KG de mussarela, o preço ao consumidor subiu 3,00 R$ o kg em média. Há uma diferença gritante. Sei que nessa época o que se produz se vende, a procura é alta e é a hora dos laticinios ganharem dinheiro, mas...
Grande abraço
PAULO MARTINS

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 21/07/2013

Caro Júnior,

Os dados do IBGE mostrados na tabela demonstram que combustível subiu menos que transporte público. Mas, é temerário fazer qualquer afirmação, não sendo eu especialista em planilha de custos de transporte coletivo. Minha cidade, Juiz de Fora, teve seu penúltimo prefeito cassado por envolvimento com transporte coletivo... por não saber se isso é regra ou exceção, vamos ficar no leite, que já muito complicado e carente de soluções.
Obrigado pelo seu elogio quanto ao texto e ao nosso trabalho.
JUNIOR CATANDUVA

GOVERNADOR VALADARES - MINAS GERAIS - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 21/07/2013

Prezado Dr Paulo,
É redundância falar Paulo Martins e excelente artigo, excelente Palestra.
O Sr nos prestigia cada vez mais com dados importantes, e suscita nas pessoas interessantes comentários como os do Otávio Fárias, o José Antônio e o Guilherme Alves.
Quando falo de dados importantes, analisando a Tabela 01, será que é mera coincidência o Transporte Publico, ter aumentado 665% entre Jul/94 e Jun/13 e o IPCA 333%, e estes serem os grandes patrocinadores de candidaturas de prefeitos, deputados, etc? Ou estou imaginando coisas? Mas deixa pra la.



PAULO MARTINS

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 21/07/2013

Prezado Lucas,

Cada uma das afirmações que fiz neste artigo tem por traz algum estudo. Então, não são opiniões pessoais, mas resultado de pesquisa. Por isso fico muito tranquilo para fazer afirmações categóricas. Digo isso para lhe falar que você levanta uma porção de hipóteses muito boa. E me dá uma sugestão muito boa, também, que é discutir estas hipóteses, enquanto não investigamos cientificamente a questão do acesso ao dinheiro. Neste momento estamos discutindo a estruturação de um projeto de pesquisa que vai investigar os fatores institucionais (como o crédito) que interferem na atividade leiteira. Logo, logo, acredito que teremos novidades neste campo. Muito obrigado pela sugestão de tema...
LUCAS DANTAS MATHEUS

GUANHÃES - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 21/07/2013

Prezado Paulo, permita-me chama-lo assim. Acho mais informal.
Você sempre nos presenteia com brilhantes artigos e tabelas de dados interessantes.
Achei muito oportuno você dizer, que nos principais países do mundo, o produtor de leite produz com o dinheiro do banco, (sempre muito alavancado) o que no popular, significa dizer que ele é muito endividado e isso não preocupa ninguém, pois é a regra.
Quando li isso, lembrei do artigo do Wagner Beskow sobre a Noza Zelândia (https://www.milkpoint.com.br/mypoint/transpondo/p_de_volta_a_nova_zelandia_nova_zelandia_tour_producao_estatisticas_beskow_5099.aspx).
Nesse artigo o Wagner mostra os Dados Técnicos da produção de leite da Nova Zelândia e comenta sobre esse endividamento do produtor de leite de lá, que isso é normal por lá.
Aí eu te pergunto meu nobre Paulo.
Porque aqui no Brasil é tão difícil o produtor de leite conseguir crédito para melhorar em eficiência e em quantidade sua produção de leite?
É por falta de contratos de leite entre o produtor e a industria de laticínios?
É por desconfiança do Banco que a atividade leiteira é ineficiente?
É por falta de coordenação da cadeia produtiva do leite entre os elos?
Você pode nos brindar com um artigo que demonstre o nível de endividamento e os indices técnicos do produtor de leite da Nova Zelândia, França, Espanha, Alemanha, EUA versus sua renda, e o produtor brasileiro?
Acho que esse é um ponto importante de ser "tocado na ferida" agora.
Não creio que é somente assistência técnica que resolverá o problema do produtor.

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