ESQUECI MINHA SENHA CONTINUAR COM O FACEBOOK SOU UM NOVO USUÁRIO
FAÇA SEU LOGIN E ACESSE CONTEÚDOS EXCLUSIVOS

Acesso a matérias, novidades por newsletter, interação com as notícias e muito mais.

ENTRAR SOU UM NOVO USUÁRIO
Buscar

Uso da contagem de células somáticas para bubalinos

POR MARCOS VEIGA SANTOS

MARCOS VEIGA DOS SANTOS

EM 17/05/2006

3 MIN DE LEITURA

3
0
A demanda crescente pelo queijo Muzzarella e sua composição diferenciada explicam em grande parte o interesse pelo leite de búfala no Brasil e em outros países. Em termos mundiais, os maiores produtores são a Índia e Paquistão, enquanto que na Europa, o principal país produtor é a Itália.

Para exemplificar o potencial desse tipo de leite, basta dizer que, em média, a composição do leite de búfala pode atingir 8,3% de gordura e 4,8% de proteína, o que confirma o grande potencial como matéria-prima para a fabricação de queijos.

Tradicionalmente, considera-se que a búfala é menos susceptível à mastite do que a vaca. Essa maior resistência às infecções intramamárias poderia ser explicada, em grande parte, por algumas características como o menor diâmetro e maior extensão do canal do teto, o que dificulta a invasão de microrganismos.

Por outro lado, também é verdadeiro que as búfalas têm um úbere mais pendular e tetos maiores, o que pode aumentar o risco de ocorrência de mastite. Independentemente, dessas particularidades da espécie, os bubalinos apresentam praticamente os mesmos problemas sanitários que os bovinos, o que significa dizer que a mastite também pode ser considerada a doença que mais afeta a produção e qualidade do leite das búfalas.

Com o objetivo de estudar a prevalência de infecções intramamárias em búfalas durante toda a lactação e, adicionalmente, identificar os agentes causadores mais prevalentes e a relação entre CCS e produção de leite, foi desenvolvido um estudo em dois rebanhos bubalinos na Itália, com total de 300 animais em lactação.

Os rebanhos foram visitados mensalmente durante toda a lactação para a coleta de amostras de leite para cultura microbiológica (identificação dos microrganismos causadores de mastite) e para a realização de CCS e composição do leite (gordura e proteína). Ao final do estudo foi analisado um total de 1912 amostras de leite.

Em termos de prevalência da infecção, do total de 1912 amostras coletadas, 63% dos quartos estavam infectados, o que indica uma alta prevalência da doença. Além disso, nenhuma búfala permaneceu livre de infecções intramamárias ao longo do estudo.

Dentre os quartos infectados, os agentes causadores mais comuns foram os estafilococos coagulase-negativa (78% das amostras). No início da lactação, a prevalência da mastite era baixa, atingiu o máximo de 79% animais infectados no terceiro mês de lactação e retornou para níveis de cerca de 60% após o sexto mês de lactação.

Distribuição dos principais agentes causadores de mastite dentro das amostras de quartos infectados (n=1204)


A CCS foi um bom indicador da ocorrência de mastite, sendo que 100% dos quartos com valores acima de 200.000 cel/ml estavam infectados, enquanto que 98% dos quartos com CCS abaixo desse limite não apresentaram a infecção. Isso indica uma alta sensibilidade (99,1%) e alta especificidade (100%) para o uso da CCS como indicador da ocorrência de mastite subclínica em búfalas.

Entre os fatores associados com a ocorrência de mastite subclínica, o estágio de lactação foi um dos que mais apresentaram efeitos, uma vez que o risco de uma infecção intramamária foi de 6,3 vezes maior no final da lactação do que no início. Outros fatores de risco importantes foram a maior produção de leite e o número de parições, sendo que animais com maior produção e mais velhos foram mais susceptíveis a ocorrência de mastite.

Observou-se, também, que os animais infectados não apresentaram redução significativa da produção de leite em relação aos animais sadios, o que indica que a ocorrência de mastite subclínica, nas condições do estudo, afeta pouco a produção.

Além disso, diferentemente da vaca, as búfalas infectadas não apresentaram elevados valores de CCS, o que em parte pode ser explicado pela distribuição dos patógenos causadores de mastite nesses rebanhos, pois o agente mais comum (estafilococos coagulase-negativa) tem como característica uma baixa elevação da CCS nos animais infectados.

Os resultados do estudo indicam que em função da pequena diferença de produção de leite entre quartos com alta e baixa infecção, não se justificaria o tratamento intramamários com antibiótico para casos de mastite subclínica em búfalas durante a lactação.

Fonte

Moroni, et al., Journal of Dairy Science, v. 89, p.998-1003, 2006.

MARCOS VEIGA SANTOS

Professor Associado da FMVZ-USP

Qualileite/FMVZ-USP
Laboratório de Pesquisa em Qualidade do Leite
Endereço: Rua Duque de Caxias Norte, 225
Departamento de Nutrição e Produção Animal-VNP
Pirassununga-SP 13635-900
19 3565 4260

3

DEIXE SUA OPINIÃO SOBRE ESSE ARTIGO! SEGUIR COMENTÁRIOS

5000 caracteres restantes
ANEXAR IMAGEM
ANEXAR IMAGEM

Selecione a imagem

INSERIR VÍDEO
INSERIR VÍDEO

Copie o endereço (URL) do vídeo, direto da barra de endereços de seu navegador, e cole-a abaixo:

Todos os comentários são moderados pela equipe MilkPoint, e as opiniões aqui expressas são de responsabilidade exclusiva dos leitores. Contamos com sua colaboração. Obrigado.

SEU COMENTÁRIO FOI ENVIADO COM SUCESSO!

Você pode fazer mais comentários se desejar. Eles serão publicados após a analise da nossa equipe.

GIBSON DIEGO MARTINS DA SILVA

AUTARES - AMAZONAS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 26/03/2009

gostei muito da pesquisa feita para detectar a mamite em bufalos que nao eram muito conhecida entre os criadores e tecnicos .
OTAVIO BERNARDES

SÃO PAULO - SÃO PAULO

EM 27/08/2008

Prezado Dr. Marcos,

Já tivemos oportunidade de verificar em diversos trabalhos que a CSS em búfalas no Brasil, criadas usualmente a pasto, apresenta-se em níveis significativamente inferiores aos observados na Itália, onde o usual é a estabulação total.

Fabrício R. Amaral, na sua dissertação de mestrado junto à UFMG em 2005, avaliando 1.280 búfalas em Minas Gerais, encontrou 95,48% de CSS inferior a 100 mil em animais sem lesão no teto e 93,02% em indivíduos com lesão no teto, sendo que a inicdencia de contagem acima de 200 mil variou de 2,09 a 3,49% dnos dois grupos. Com relação ao formato de úberes a maior incidencia (6,4% acima de 200 mil)) ocorreu em uneres tipo "cabra", sendo similar nos demais tipos e, significativo foi a maior incidencia (13,75% acima de 200 mil) em animais com uberes que se extendiam até abaixo da linha do jarrete. e, ainda (5,1 %) nas búfalas com 6 ou mais crias.

Como se observa os dados divergem significativamente do observado na Itália e em outro trabalho (Carvalho,L.B, et al - Contagem de células somáticas e isolamento de agentes causadores de mastite em búfalas. Arq Bras. Med Vet e Zootec , Vol. 50, N. 1, 2006, Ano) os autores concluiram que a CSS não se mostrou um bom indicador de inflamação intramamária em bubalinos.

Numa outra tese (BASTOS, P. A. S. Constituição físico-química, celular e microbiológica do leite de búfalas (Bubalus bubalis) criadas no Estado de São Paulo. Tese Mestrado-USP-2004., verificou-se que os organismos mais frequentemente isolados em nosso meio form Corynebacterium sp (28,5%), Staphilococcus sp (24,7%) e Streptococcus sp (15,8%) e Actynomyces sp (11,4%), isolados mesmo com baixas contagens de CSS.

Otavio

<b>Resposta do autor</b>

Prezado Otavio Bernardes,

Muito obrigado pela sua participação e pelas informações apresentadas. Concordo com a sua opinião de que as condições de estabulação são bastante diferentes e entre outros fatores, poderiam explicar os resultados diferentes em relação a ocorrência de mastite e CCS.

Atenciosamente, Marcos Veiga
SÉRGIO AUGUSTO DE ALBUQUERQUE FERNANDES

ITAPETINGA - BAHIA - PESQUISA/ENSINO

EM 07/07/2008

Prezado Marcos, você poderia informar se os rebanhos avaliados neste estudo eram todos confinados (free stall)?

<b>Resposta do autor</b>

Prezado Sérgio Augusto de Albuquerque Fernandes,

Respondendo a sua questão, os dois rebanhos italianos foram alojados em free-stalls (rebanho A: 170 búfalas em lactação e rebanho B: 130).

Atenciosamente, Marcos Veiga

Assine nossa newsletter

E fique por dentro de todas as novidades do MilkPoint diretamente no seu e-mail

Obrigado! agora só falta confirmar seu e-mail.
Você receberá uma mensagem no e-mail indicado, com as instruções a serem seguidas.

Você já está logado com o e-mail informado.
Caso deseje alterar as opções de recebimento das newsletter, acesse o seu painel de controle.

MilkPoint Logo MilkPoint Ventures