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Tratamento da mastite subclínica utilizando terapia simultânea

POR MARCOS VEIGA SANTOS

MARCOS VEIGA DOS SANTOS

EM 07/11/2005

4 MIN DE LEITURA

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Devido aos enormes prejuízos causados pela mastite nos rebanhos leiteiros, especialmente quando os produtores se vêem em situação de perda de prêmios por qualidade ou, muitas vezes, até descontos no preço do leite em função de alta CCS, diversos estudos vem avaliando protocolos de tratamento para mastite subclínica, buscando justificar retornos econômicos em algumas situações.

Atualmente, a recomendação geral é para tratamento apenas dos casos de mastite clínica e em situações muito específicas de mastite subclínica, tais como elevada prevalência de quartos infectados por Streptococcus agalactiae. Tais recomendações são justificadas pelas baixas taxas de curas de casos subclínicos e nos altos custos do descarte do leite com resíduos de antibióticos, o que na maioria das situações supera os benefícios do tratamento de casos subclínicos. Por outro lado, para os casos mastite clínica, o tratamento intramamário é recomendado, pois o leite não pode ser enviado para o laticínio, além do risco de perda do quarto devido ao agravamento do caso de mastite e por razões de bem-estar do animal.

Recentemente, foi proposto um novo protocolo para tratamento de mastite, chamado de terapia simultânea, que pode ser utilizado em algumas situações e com potenciais benefícios. Para as vacas que apresentam caso de mastite clínica, recomenda-se que seja feito o diagnóstico de mastite subclínica nos demais quartos e, caso se confirme à ocorrência de casos subclínicos no mesmo animal, pode ser feito o tratamento de todos os quartos infectados: clínicos e subclínicos ao mesmo tempo.

Uma possível vantagem é que o tratamento de mais de um quarto intramamário com antibiótico no mesmo animal não aumenta o período de descarte do leite, e não acarretaria aumento no custo do leite descartado, em comparação com o tratamento apenas do quarto com mastite clínica. Evidentemente, o custo adicional seria o do medicamento extra utilizado para o tratamento dos quartos com mastite subclínica, no entanto, o benefício deste tipo de procedimento seria maior probabilidade de cura de casos subclínicos, maior produção de leite em função da cura e possibilidade de redução da CCS do leite do tanque, sem um custo tão elevado, em comparação com o custo do tratamento apenas dos casos subclínicos.

Para avaliar o potencial de uso da terapia simultânea, foi desenvolvido um estudo por pesquisadores franceses, os quais estimaram o seu impacto econômico e os seus efeitos sobre a CCS e taxa de cura microbiológica da mastite subclínica utilizando este tipo de terapia. Para tanto, dois grupos de vacas foram aleatoriamente distribuídas em dois tratamentos: terapia simultânea (tratamento com 200 mg de cefalexina para os casos clínicos e subclínicos do mesmo animal, por 4 ordenhas consecutivas) e controle (apenas tratamento dos casos clínicos com o mesmo medicamento e protocolo). Para o grupo da terapia simultânea, após o diagnóstico do caso clínico, foi realizado o CMT nos demais quartos para identificar se algum quarto apresentava mastite subclínica. O período de descarte do leite foi o mesmo para os dois grupos: seis ordenhas após o ultimo tratamento.

De acordo com um modelo de avaliação econômica desenvolvido, o tratamento apenas dos casos de mastite subclínica é inviável economicamente, pois os custos são maiores que os benefícios em termos de taxa de cura, independentemente do estágio de lactação em que a vaca se encontra. Contudo, os pesquisadores avaliaram que o uso do protocolo de terapia simultâneo acima descrito, traz retorno financeiro, quando feito durante os seis primeiros meses de lactação, em função da taxa de cura e da redução da CCS.

Para vacas que já apresentam caso de mastite clínica, o uso do CMT teve boa especificidade (0,74) e sensibilidade (0,73) para diagnosticar quartos com mastite subclínica. Foram selecionadas 85 vacas com 88 casos de mastite clínica e 113 quartos com mastite subclínica, para distribuição entre a terapia simultânea e o controle. Para os casos de mastite clínica, não houve diferença entre a taxa de cura para a terapia simultânea e o grupo controle (cerca de 62%). No entanto, para os casos de mastite subclínica, a taxa de cura para a terapia simultânea foi muito maior (63%) que no grupo controle (27%).

A taxa de cura da mastite subclínica do grupo controle é a chamada cura espontânea. Neste caso, a terapia simultânea teve taxa de cura de casos subclínicos 50% maiores que as taxas de cura espontânea. Em conseqüência desta maior taxa de cura, houve redução da CCS do leite das vacas que receberam a terapia simultânea, em comparação com o grupo controle. Ambos os grupos apresentavam CCS de 550 a 600 mil cel/ml, sendo que as vacas tratadas com a terapia simultânea apresentam queda substancial após dois meses do tratamento para cerca de 120 mil cel/ml, enquanto que no grupo controle esta queda foi menor, para 360 mil cel/ml.

Deve considerar, ainda, que as taxas de cura de casos de mastite subclínica obtidas no estudo em questão podem variam em função de alguns fatores, tais como: agente causador, duração da infecção, número de parições da vaca, idade, estágio de lactação e número de quartos infectados. Deve-se enfatizar que o estudo avaliou apenas casos de mastite clínica e subclínica nos cinco primeiros meses de lactação, o que aumenta a chance de cura. Isto significa que o protocolo de terapia simultânea não deve ser utilizado como uma medida padrão para todos os casos, mas pode ser uma ferramenta adicional para o produtor, cujo objetivo imediato é reduzir o impacto da mastite subclínica sobre a CCS e sobre a produção de leite.

Além disso, o uso da terapia simultânea depende de um adequado diagnóstico de casos de mastite subclínica com o uso do CMT, cuja interpretação depende de quem realiza o teste. Ainda que promissor, novos estudos devem ser desenvolvidos para confirmar estes resultados e dar maior embasamento no uso desta ferramenta de manejo para controle de mastite.

Fonte: Fabre et al. Proceedings of the British Mastitis Conference, p.1-18, 2004.

MARCOS VEIGA SANTOS

Professor Associado da FMVZ-USP

Qualileite/FMVZ-USP
Laboratório de Pesquisa em Qualidade do Leite
Endereço: Rua Duque de Caxias Norte, 225
Departamento de Nutrição e Produção Animal-VNP
Pirassununga-SP 13635-900
19 3565 4260

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FELICIO MANOEL ARAUJO

LAJINHA - MINAS GERAIS - ESTUDANTE

EM 23/03/2021

É PORQUE VOCES NAO VIRAM AINDA A MERDA QUE OS MEDICOS VETERINARIOS FAZEM EM PORTUGAL.
EU JA ORDENHEI VACAS LA EM UMA REGIAO CHAMADA RIO MAIOR.
ONDE ELES AMPUTAM O QUARTO MAMARIO COM MAIOR NUMERO DE CCS AI A VACA POJA E O LEITE FICA SENDO JOGADO FORA .
FELICIO MANOEL ARAUJO

LAJINHA - MINAS GERAIS - ESTUDANTE

EM 23/03/2021

NOTA 10 PELA MATERIA REALIZADA SOBRE A MASTITE SUBCLINICA E SOBRE A ANTIBIOTICOTERAPIA OBRIGADO.
FERNANDO CERÊSA NETO

BRASÍLIA - DISTRITO FEDERAL - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 19/02/2018

Caro professor, parabéns!
Gostaria de saber se a recomendação medicamentosa é a mesma para o quarto com mastite clínica e para os quartos com mastite subclínica.
Existe a possibilidade de se usar medicação diferente e de menor custo para a cura da subclínica?
Fernando Ceresa Neto
f.ceresa.neto@gmail.com
MARCOS VEIGA SANTOS

PIRASSUNUNGA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 23/02/2018

Prezado Fernando, a recomendação geral para tratamento de mastite SUBCLÍNICA é somente tratar quando foi identificado na vaca a bactéria Streptococcus agalactiae. Os demais agentes não tem recomendação geral de tratamento, atenciosamente, Marcos Veiga
JOSE ROBERTO DE OLIVEIRA

TEJUPÁ - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 14/02/2018

Muito aproveitavel,acho que devria ter um estudo mais especifico pras mastites .E SERA COM ESSES SISTEMAS DE COMPOSTOS E FILLTAL E EFICAZ PRA MASTITES
RANILSON VIEIRA DE OLIVEIRA

JI-PARANÁ - RONDÔNIA - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 01/12/2009

Muito bom o seu trabalho. Gostaria de saber quando vai ser editado o livro seu com o professor Fernando Laranja?

<b>Resposta do autor:</b>

Prezado Ranilson Vieira De Oliveira",

Obrigado pela mensagem. Neste momento, o livro está esgotado e ainda não temos definição sobre a data de nova edição. Assim que for definido, divulgaremos para o interessados. Atenciosamente, Marcos Veiga
FERNANDO CERÊSA NETO

BRASÍLIA - DISTRITO FEDERAL - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 28/11/2005

Professor Marcos,



O tratamento da mastite subclínica é semelhante ao tratamento da mastite clínica? Seria basicamente a introdução de remédio nos quatro quartos, visto que o antibiótico injetável já é um tratamento geral?



Abraço,



Fernando Cerêsa Neto



<b>Resposta do autor:</b>



Fernando,



Está correto. O tratamento simultâneo seria a infusão de uma bisnaga em cada quarto que esteja com mastite clínica e subclínica, ao mesmo tempo. Neste caso, não haveria necessidade de tratamento injetável.



Atenciosamente,



Marcos Veiga
LETICIA MENDONÇA

BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 08/11/2005

Como citado no artigo, falta algumas informações como patógenos envolvidos, mas já é muito interessante e parece ser uma ferramenta muito eficiente para dimiuir CCS de tanque em menor espaço de tempo e eliminar potenciais fontes de infecções do rebanho.

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