O controle eficaz da mastite envolve como princípio básico, a aplicação de medidas para combater e prevenir a ocorrência de infecções intramamárias (IIM).
Os custos ocasionados pela mastite variam conforme o agente infectante e a forma em que doença se apresenta. Embora os custos com a reposição de animais, tratamento e mortalidade sejam maiores nas mastites clínicas, alguns fatores adicionais devem ser considerados na avaliação das mastites subclínicas. Estes incluem a perda de parênquima funcional da glândula mamária, redução da qualidade do leite e o custo de manutenção de potenciais agentes contagiosos.
Uma das principais ferramentas para eliminação de infecções intramamárias é o uso de antibióticos e antimicrobianos, que apresentam uma estratégia essencial para o controle da mastite. Mesmo com o uso de antibióticos, a taxa de cura dos tratamentos convencionais durante a lactação, em especial para o tratamento de infecções crônicas causadas por Staphylococcus aureus é baixa. Este fator tem estimulado a busca de novas estratégias de forma a melhorar os resultados obtidos com tratamentos.
O S. aureus é o agente contagioso mais prevalente na maioria dos países produtores de leite e causam IIM tanto na forma clínica, quanto subclínica. Este microrganismo tem importância econômica significativa para o setor leiteiro, pois causa redução na produção e qualidade do leite, além de somar gastos com tratamentos e descarte de leite e animais.
Atualmente, as principais alternativas para o tratamento da mastite subclínica crônica ocasionada por estes agentes contagiosos são: a terapia combinada, o uso combinado de vacinação e tratamento intramamário e a terapia estendida. Essas novas alternativas, ainda que impliquem maiores custos, podem ser viáveis em situações nas quais os rebanhos apresentam alta prevalência de infecções crônicas.
Recentemente, um estudo buscou determinar a eficiência de um programa terapêutico estendido com o uso de cefapirina sódica. O experimento foi realizado em vacas com mastite subclínica crônica por S. aureus.
Com base em registros de lactação, CCS e infecção por S. aureus, vacas de 14 propriedades leiteiras foram divididas aleatoriamente em dois grupos: o primeiro foi formado por 45 vacas, tratadas duas vezes ao dia, durante 5 dias, com bisnagas contendo 200 mg de cefapirina sódica. Todos os quartos mamários foram tratados.; o segundo grupo consistiu de 30 vacas que não participaram do protocolo de tratamento (grupo controle).
Amostras de leite foram coletadas assepticamente de cada quarto mamário das vacas pertencentes aos dois grupos para cultura microbiológica aos 28 e 14 dias antes do tratamento e aos 10, 24 e 31 dias após o tratamento.
Além destas, amostras para avaliação da CCS foram coletadas dos quartos mamários 2 semanas antes do início do tratamento, e 10 e 31 dias após o término deste período.
Após a realização das análises microbiológicas, para avaliação em nível de vaca, as taxas de cura foram de 25,8% (8/31 vacas) no grupo tratado e 3,3% (1/30 vacas) no grupo controle. A tendência de maior taxa de cura foi observada também no grupo tratamento: quando apenas 1 quarto estava infectado, a taxa de cura foi de 36,8% (7/19 vacas); e nos animais onde mais de um quarto mamário estava infectado, a taxa de cura foi de 8,3% (1/12 vacas).
Em nível de quarto mamário, a taxa de cura após a primeira cultura microbiológica pós-tratamento foi de 77,5% (38/49 quartos mamários) e 18% (9/50 quartos) nos grupos tratamento e controle, respectivamente (Tabela 1).
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Fonte: Adaptado de Roy et al. (2009).
Novas infecções intramamárias (NIIM) foram diagnosticadas na primeira análise pós-tratamento em 1,4% (1/74) dos quartos no grupo tratamento e 10,3% (7/68) dos quartos no grupo controle (Tabela 1).
O efeito do protocolo terapêutico sobre a CCS no dia 31 após o tratamento foi avaliado. No entanto, os grupos não apresentaram diferença significativa quando a CCS foi convertida para a escala logarítmica.
A terapia estendida com cefapirina sódica por 5 dias demonstrou-se efetiva no tratamento de vacas com infecções crônicas por S. aureus. Foi possível observar que vacas infectadas em apenas um quarto apresentam maior chance de cura (36,8%) com o tratamento, quando comparadas com o grupo controle (5,6%). Além disso, estas vacas apresentam maiores taxas de cura quando comparadas com vacas com mais de um quarto infectado (8,3%).
Desta forma, vacas novas, com apenas um quarto recentemente infectado por S. aureus e baixa CCS são as candidatas preferenciais para o uso de terapias estendidas.
Ao optar por este tipo de tratamento, é indispensável ter ciência de que o canal do teto é porta de entrada para microorganismos patogênicos. No entanto, antes das infusões intramamárias, deve-se realizar uma técnica de assepsia adequada para minimizar as chances de desenvolvimento de quadros de mastite clínica. Além disso, práticas de higiene no manejo e segregação de animais devem ser implementadas para ajudar na prevenção de novas infecções por agentes causadoras de mastite.
Referência bibliográfica:
Roy et al. Can. Vet. J. 2009; 50:1257-1262