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Tempo de sobreordenha afeta negativamente a sanidade dos tetos

POR MARCOS VEIGA SANTOS

E TIAGO TOMAZI

MARCOS VEIGA DOS SANTOS

EM 28/02/2014

5 MIN DE LEITURA

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Tiago Tomazi*
Marcos Veiga dos Santos

A ordenha é a atividade que mais demanda mão de obra em sistemas de produção de leite, pois é responsável por 33-57% da mão de obra empregada em uma fazenda leiteira. Atualmente, observa-se aumento do número de vacas em lactação por rebanho, o que aumenta a necessidade de mão de obra qualificada e maior tempo de ordenha. Com o objetivo de otimizar o tempo de extração de leite, muitas vezes os produtores instalam unidades de ordenha adicionais. No entanto, nos sistemas de ordenha sem extratores automáticos de teteiras e que o número de conjuntos de ordenha ultrapassa o potencial de trabalho dos ordenhadores, aumenta-se o risco ocorrer a sobreordenha. Esta falha de manejo é caracterizada pela permanência do conjunto de ordenha em fase de extração após o término do fluxo de leite.

Em sistemas de produção de leite baseados em pastejo, com estações de produção sazonais, típicos da Nova Zelândia, a produção total de leite do rebanho vai reduzindo com o avanço da estação produtiva. A redução de volume de leite produzido/vaca resulta em menor tempo de ordenha das vacas, enquanto a rotina de trabalho por unidade de ordenha permanece constante. Esta falha de manejo também predispõe a sobreordenha, principalmente em vacas em estágio final de lactação.

Os efeitos negativos da sobreordenha incluem aumento da contagem de células somáticas (CCS), e aumento da predisposição de lesões nos tetos, as quais prejudicam a função natural do canal e esfíncter do teto. Estas estruturas formam a barreira física que protege o ambiente interno da glândula mamária contra a invasão de microrganismos presentes no ambiente externo. Lesões crônicas nessa região podem causar hiperqueratose (Figura 1), a qual predispõe a colonização e entrada de patógenos causadores de mastite na glândula mamária. Além disso, a sobreordenha pode facilitar a transferência de microrganismos causadores de mastite de quartos infectados para quartos sadios durante o período de baixo fluxo de extração de leite, o que também pode aumentar a incidência de mastite.

Um estudo recente realizado na Nova Zelândia buscou determinar o efeito de diferentes tempos de sobreordenha sobre a ocorrência de hiperqueratose, produção de leite, CCS e incidência de mastite clínica de vacas no terço final de lactação. Durante seis semanas, 181 vacas de dois rebanhos foram distribuídas em quatro grupos de acordo com o tempo de sobreordenha: controle – remoção automática do conjunto de ordenha após o fluxo de leite ter atingido 0,2 Kg/min; 2 minutos – remoção manual do conjunto de ordenha dois minutos após o fluxo de leite ter atingido 0,2 Kg/min; 5 minutos – remoção manual do conjunto de ordenha cinco minutos após o fluxo de leite ter atingido 0,2 Kg/min; 5 minutos– remoção manual do conjunto de ordenha nove minutos após o fluxo de leite ter atingido 0,2 Kg/min.

O grau de hiperqueratose dos esfíncteres dos tetos foi avaliado com o uso de uma escala de 1 a 4, sendo a hiperqueratose de grau 1 caracterizada por tetos com esfíncteres completamente saudáveis e íntegros; e a hiperqueratose de grau 4 caracterizada por tetos com esfíncteres lesionados, abertos e extremamente rugosos (Figura 1). A produção de leite, duração da ordenha e taxa de fluxo máximo de leite foram avaliados por sistemas computadorizados do próprio equipamento de ordenha da fazenda. Amostras de leite semanais foram coletadas para avaliação da CCS. Vacas com mastite clínica foram identificadas antes da ordenha e tratadas conforme protocolo terapêutico da fazenda.


Figura 1 – Esfíncter de um teto sadio (A) e outro com hiperqueratose grave de grau 4 (B).  Imagens: Marina E. D. A. Migliano.


Os resultados do estudo demonstraram que vacas com maior tempo de sobreordenha apresentaram aumento no escore de hiperqueratose (Tabela 1). As principais alterações foram observadas no período de início até a terceira semana do período experimental. Com exceção da quinta semana, a média de escore de hiperqueratose de esfíncter de tetos das vacas do com 2 minutos de sobreordenha foi similar à média observada para as vacas do grupo controle (não submetido à sobreordenha). Ao término das seis semanas do período experimental, o escore de hiperqueratose das vacas com 5 minutos de sobreordenha foi maior que o observado nas vacas do grupo com 2 minutos de sobreordenha. Da mesma forma, o grau de hiperqueratose das vascas com 9 minutos de sobreordenha foi maior que o observado para as vacas com 2 e 5 minutos de sobreordenha (Tabela 1).

Tabela 1 – Efeito dos tempos de sobreordenha sobre a porcentagem de tetos com escore grave de hiperqueratose de esfíncter (grau 4).


A produção e composição do leite não foram afetadas pelos tempos de sobreordenha avaliados no estudo. A média de CCS também não diferiu entre os grupos avaliados, e apenas uma vaca com 5 minutos de sobreordenha apresentou mastite clínica durante o experimento.

Os resultados deste estudo podem ter importantes implicações no manejo de ordenha de rebanhos leiteiros. Por exemplo, o efeito da sobreordenha sobre a hiperqueratose de esfíncter de teto é rápido, com alterações que podem ser detectadas já em três semanas de falha de manejo, apesar de um período maior ser necessário para que as lesões atinjam níveis mais graves. Períodos de sobreordenha superiores a dois minutos ocorrem com frequência em rebanhos que não dispõem de extratores automáticos de teteiras. Assim, para que alterações na integridade dos tetos das vacas sejam minimizadas, deve-se atentar para o dimensionamento das salas de ordenha e o treinamento de mão de obra.

Antes de construir uma sala de ordenha, e assim, garantir a utilização máxima dos conjuntos de ordenha com o mínimo de tempo ocioso do ordenhador, o número ideal de unidades deve ser determinado com base em um planejamento antecipado da duração de ordenha e do tempo de rotina de trabalho do(s) ordenhador(s). Em instalações já construídas, para que o tempo máximo de sobreordenha seja de no máximo dois minutos, também é necessário adequar a duração do tempo de ordenha com a rotina de trabalho do ordenhador. Por fim, ações como o treinamento de mão de obra, a instalação de extratores automáticos de teteiras e a adequação do número de conjuntos de ordenha conforme a capacidade de trabalho do ordenhador são práticas que podem auxiliar na manutenção da integridade dos tetos e da sanidade da glândula mamária do rebanho.

Fonte: Edwards et al. (2013). Journal of Dairy Research. 80:344–348.
*Doutorando do Programa de Pós-graduação em Nutrição e Produção Animal, FMVZ-USP.
 

MARCOS VEIGA SANTOS

Professor Associado da FMVZ-USP

Qualileite/FMVZ-USP
Laboratório de Pesquisa em Qualidade do Leite
Endereço: Rua Duque de Caxias Norte, 225
Departamento de Nutrição e Produção Animal-VNP
Pirassununga-SP 13635-900
19 3565 4260

TIAGO TOMAZI

Médico Veterinário e Doutor em Nutrição e Produção Animal
Pesquisador do Qualileite/FMVZ-USP
Laboratório de Pesquisa em Qualidade do Leite
Endereço: Rua Duque de Caxias Norte, 225
Departamento de Nutrição e Produção Animal-VNP
Pirassununga-SP

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MARCOS VEIGA SANTOS

PIRASSUNUNGA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 25/03/2014

Prezado Paulo, veja os comentários anteriores, pois acredito que a sua dúvida já foi respondida. Atenciosamente, Marcos Veiga
PAULO ROBERTO GAMA RODRIGUES

SÃO JOSÉ DOS CAMPOS - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 19/03/2014

Parabéns pelo artigo.

Aproveitando!... Gostaria de mais informações sobre o leite residual... Não considero um mito e sim uma realidade!... Minhas vacas não tem bezerros. Nos animais tem tetas que dão mais leite. Às vezes a teteira não é bem colocada pelo ordenhador. Numa vaca boa, pode ter um peito mais firme. Por experiência, represou a mamite vem... O que fazer?... No meu caso, tenho tirado o leitinho residual na mão. Não tenho problemas de mamite. Mas estou tendo dificuldades de mão de obra, devido ao atraso na ordenha. Ninguém gosta!...
Meus visinhos descartam muito leite em função de mamite (carência de medicamentos).
Existe algum manejo para o leite residual que ainda não conheço?

No aguardo

Paulo
RAFAEL J BRUCH

TOLEDO - PARANÁ - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 19/03/2014

Sou produtor a um bom tempo, gosto do que faço. Estou fazendo uma leitaria nova, como mandam as especificações, mas me preocupo muito em fazer toda essa estrutura eletrônica, quando os técnicos não dão conta nem de cuidar das estruturas de ordenha básicas. Pois quando solicito um orçamento a uma empresa, esta desfaz das outras, tornando o produto que já temos em lixo e assim por diante.
Falta muita ética e compromisso para algumas empresas.
Parabéns Jorge a sua colocação, que as empresas ou cooperativas entendam que PRECISAMOS DE TÉCNICOS QUE AJUDEM OS PRODUTORES E NÃO APENAS VENHAM VENDER PRODUTOS.
MARCOS VEIGA SANTOS

PIRASSUNUNGA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 19/03/2014

Prezada Fabíola, esta avaliação do final da ordenha é somente visual, quando o fluxo de leite acaba visualmente. Para saber se existe leite residual, pode-se fazer um teste com a ordenha manual dos tetos, após a retirada do conjunto de ordenha, sendo que o volume máximo aceitável seria de cerca de 100 ml de leite por quarto.

Atenciosamente, Marcos Veiga
FABIOLA SALVADORI CHIVASKI

NOVA CANAÃ DO NORTE - MATO GROSSO

EM 19/03/2014

Como faço visivelmente para ver o fim da ordenha para evitar o leite residual?
MARCOS VEIGA SANTOS

PIRASSUNUNGA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 19/03/2014

Prezado Fernando, não é muito difícil definir um tempo "correto" de ordenha, pois este tempo depende dos seguintes fatores:
1) nível de produção da vaca: quanto maior a produção, maior o tempo de ordenha;
2) manejo pré-ordenha e condições de estimulação das vacas e genética da vaca (especializada ou não);
3) fase de lactação da vaca;
4) relação de pulsação e nível de vácuo usado no equipamento;
5) número de ordenha/dia;

Considerando todos estes fatores, uma ordenha te média de duração de 5-6 minutos (de ordenha efetiva (equipamento acoplado na vaca), mas pode variar, dependendo deste fatores citados. Atenciosamente, Marcos Veiga
FERNANDO HENRIQUE

RIO CLARO - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 19/03/2014

Qual e o tempo correto de uma ordenha mecanica
MARCOS VEIGA SANTOS

PIRASSUNUNGA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 19/03/2014

Prezado Emílio, o nosso objetivo com este fórum de discussão é tentar disseminar informações técnicas que sejam úteis aos produtores e técnicos do setor. Considerando a sua questão, minha sugestão é que este tipo de tomada de decisão seja feita com o auxílio de algum técnico da região, pois é bastante difícil sugerir ou recomendar a marca ou modelo sem conhecer detalhadamente o seu projeto e o seu planejamento. Minha sugestão é que o equipamento de ordenha seja adquirido de uma empresa idônea e com boa assistência técnica, o que é o principal diferencial entre as empresas atualmente,

Atenciosamente, Marcos Veiga
EMÍLIO CINTRA IOVINO

JAÍBA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 19/03/2014

Marcos,
favor me instruir,
sou pequeno produtor de leite, e estou instalando sala de ordenha, será eu mesmo que vou trabalhar com a extração do leite, e no meu caso, qual a melhor marca, modelo enfim tudo o que vou precisar. Minha meta é de 150 litros ao dia, a ordenha será de 2 em 2 vacas por vêz.
Att.
Emílio
MARIANA POMPEO DE CAMARGO GALLO

PIRACICABA - SÃO PAULO

EM 17/03/2014

Para quem quiser saber mais sobre manejo de ordenha, já estão abertas as inscrições para o Curso Online "Qualidade do Leite e Manejo de Ordenha" que inicia no dia 31/03.

Durante o período do curso, o instrutor Marcos Veiga irá esclarecer as dúvidas através do fórum de perguntas e conferência online.

Aproveitem esta oportunidade em: https://www.agripoint.com.br/curso/qualidade-leite/
LUIZ DALL'ASEN

XAXIM - SANTA CATARINA - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 17/03/2014

Parabéns pelo artigo!
JORGE FRANCISCO PALM

TOLEDO - PARANÁ - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 16/03/2014

Na maioria das vezes, os ordenhadores são considerados culpados, porem esqueceram que os fabricantes de equipamentos, também não treinam os seus técnicos de montagem e de manutenção, pois, precisam fazer a parte comercial de produtos de higiene e limpeza bem como peças, e não passam as devidas informações para os funcionarios das fazendas.
ESTÊVÃO DOMINGOS DE OLIVEIRA

QUIRINÓPOLIS - GOIÁS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 15/03/2014

Parabéns pelo artigo.

Verificamos em várias propriedades que utilizam ordenha mecânica e ainda não instalaram extratores a ocorrência de sobre ordenha. Quando comparamos os dados de qualidade do leite, principalmente de Contagem de Células Somáticas e incidência de mastite, percebemos que fazendas onde a sobre ordenha não ocorre ou ocorre em um período curto apresentam um controle mais adequado da saúde da glândula mamária. Isso representa menores gastos com tratamento, menos descarte de leite e de animais.

É necessário treinar a mão de obra e atualizar os equipamentos nas fazendas (instalar extratores).

Sucesso a todos
RAFAEL

SALVADOR - BAHIA - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 14/03/2014

Parabéns pela escolha do tema e pelo texto. O grande dilema da "ordenha completa" leva o produtor/ordenhador a temer retirar a teteira antes que a última gota de leite seja removida. Propagou-se o mito de que o leite residual é o grande causador de mastites. O que vemos na prática é; vacas sendo sobreorenhadas, vácuo elevado, teteiras velhas (sem flexibilidade/porosas), alto índice de hiperqueratose e CCS alto. Preconizamos, nesses casos, a aceleração da ordenha através da retirada mais precoce das teteiras, além de outros procedimentos.

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