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Quanto custa a mastite?

POR BRUNO BOTARO

E MARCOS VEIGA SANTOS

MARCOS VEIGA DOS SANTOS

EM 04/06/2008

5 MIN DE LEITURA

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Apesar do desenvolvimento de diversas estratégias de controle e prevenção, a mastite continua sendo a doença que mais causa prejuízos à indústria leiteira, afetando diretamente o produtor, os processadores e o consumidor final. A mastite é a principal doença que afeta os rebanhos leiteiros no mundo e causa as maiores perdas, pois diminui sua produtividade e aumenta os custos de produção. Mas, quais são os custos reais da mastite?

Obviamente que, dependendo da forma como os dados são analisados, os resultados podem apresentar uma grande variação entre eles, uma vez que nem todos os fatores são levados em consideração no levantamento do impacto econômico da doença no rebanho, tais como: Perda da produção de leite nos casos de mastite subclínica, medicamentos, o leite descartado, a visita do médico veterinário, o tempo trabalhado para solucionar o problema, o comprometimento da qualidade do leite, a segregação e o descarte dos animais crônicos e a ocorrência de novos casos.

O conceito de perda deve ser visto como uma RELAÇÃO, e não um número: As perdas são menores em propriedades menos produtivas que em sistemas mais intensivos. Mais ainda: as conseqüências econômicas das perdas de produção diferem entre propriedades. Ou seja, o potencial da importância econômica da doença não é o mesmo entre as propriedades, e as medidas de controle em um determinado contexto pode não ser aplicáveis ou suficientes em outro.

Uma coisa é certa: devido ao fato de que a mastite custará dinheiro ao produtor, a maioria deles se motiva a reduzir a incidência da doença. Uma das motivações recai sobre um fato abordado nessa coluna anteriormente: A perda diretamente contabilizada por conta de um leite com alta CCS num programa de pagamento por qualidade ("Como o sistema de pagamento afeta a qualidade do leite? - Partes 1 e 2").

O produtor que entende que a mastite não só causa uma perda direta, mas ineficiência de produção associada a custos adicionais pode se motivar a agir no sentido de preveni-la, mesmo que a qualidade de seu leite esteja fora do risco ser penalizado por uma alta CCS pelo laticínio que o capta. Como um pré-requisito, informações sobre a atual incidência de mastite e as perdas econômicas que a doença já ocasiona na situação específica de sua propriedade são importantes. As decisões normalmente se baseiam na percepção de cada produtor do que realmente possa ser contabilizado como perda econômica devido à mastite. Essa percepção se refere ao que ele encara como perda em sua propriedade, e, portanto pode haver desvios em relação ao que é realmente factível de ser contabilizado como perda.

Por causa da evidente diferença existente entre as propriedades e seus sistemas produtivos e a dificuldade apresentada pelos produtores em observar o impacto econômico que a mastite acarreta nos custos de suas propriedades, pesquisadores holandeses desenvolveram uma ferramenta para o cálculo das perdas econômicas geradas por esta doença. Este estudo foi baseado em situações reais de produção de cada fazenda, demonstrando e comparando o impacto econômico da doença entre os rebanhos da Holanda e entre propriedades analisadas individualmente, relacionando-os com a percepção individual de cada produtor do que era, para ele, "perda econômica" devido à mastite.

Esta ferramenta se baseou em um programa de computador em que os próprios produtores ou técnicos o "alimentavam" com informações prontamente disponíveis na fazenda, ou aquelas informações que melhor estimassem a situação real, caso estas não fossem conhecidas. No programa, as perdas econômicas podiam ser decompostas em categorias: perda de produção de leite, custo com medicamentos, leite descartado, custo com veterinário, secagem, segregação e descarte de animais, mão-de-obra gerada e penalização sofrida no pagamento. Essas categorias eram pormenorizadas em números de casos clínicos e subclínicos e a ferramenta dispunha de recursos que permitiam a entrada de dados mais específicos, como a incidência e distribuição dos microrganismos responsáveis pelos casos de mastite da propriedade, caso essa informação fosse de conhecimento do produtor.

Baseados no modelo proposto no estudo, os autores observaram que a perda econômica gerada pela mastite sob as circunstâncias daquele país foi de €140 (optamos por manter os valores em euros, para destacar o local de realização dos estudos) por vaca ao ano e que a maior parte desta perda estava associada à mastite subclínica (55%). Na percepção dos produtores, a média da perda econômica com a mastite foi de, somente, €78/vaca/ano e que a maior parte desse prejuízo estava associada à forma subclínica da doença (46%), já que o custo do leite não produzido fora subestimado pelos produtores em €0,07/kg (contra um custo real de €0,12/kg do leite não produzido). Este foi outro ponto importante apontado pelos resultados: os produtores tiveram dificuldade em mensurar as perdas associadas com a mastite subclínica.

Questionados sobre as estimativas de prejuízos que teriam com o custo de perda de produção, somente 8% dos produtores conseguiram estimar corretamente os custos adicionais que tiveram com a mastite em suas propriedades, enquanto que 20% superestimaram e 72% subestimaram seus prejuízos com a doença (Figura 1). Os produtores cujos custos estimados tiveram os menores desvios em relação aos custos calculados com a mastite foram os que obtiveram os menores prejuízos com as perdas de produção ocasionadas pela doença em seus rebanhos.

Figura 1: Perdas econômicas estimadas vs Perdas econômicas calculadas por vaca/ano pelos produtores que melhor estimaram (○) e os produtores que subestimaram seus custos com a mastite (■). (Adaptado de Huijs et al., 2008)


De acordo com o estudo, a tendência do produtor em subestimar seu custo com a mastite recai sobre o fato de que ele se baseia nas perdas econômicas médias que a doença acarreta sem levar em consideração informações específicas encontradas somente em sua propriedade, como por exemplo, seus custos que vão desde a alimentação do animal doente, passando pela manutenção de sua aptidão reprodutiva, cama onde se aloja, até o custo de reposição desse animal. Mais uma vez, cabe reconhecer a forma de prevenir a doença para reduzir a incidência de mastite dentro da propriedade, uma vez que não só os custos diretos (medicamentos, período de carência, veterinário) são suficientes para contabilizar os prejuízos reais ocasionados pela doença.

Fonte: Huijps et al. Journal of Dairy Research, 2008. Santos & Fonseca. Estratégias para o controle de mastite e melhoria da qualidade do leite, 2006.

MARCOS VEIGA SANTOS

Professor Associado da FMVZ-USP

Qualileite/FMVZ-USP
Laboratório de Pesquisa em Qualidade do Leite
Endereço: Rua Duque de Caxias Norte, 225
Departamento de Nutrição e Produção Animal-VNP
Pirassununga-SP 13635-900
19 3565 4260

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ANA MARIA KRUGER

PONTA GROSSA - PARANÁ - ESTUDANTE

EM 13/10/2008

Boa tarde!

Gostaria de saber se o modelo é disponibilizado de alguma forma, e onde poderia encontrá-lo.

Sou Zootecnista recém-formada, e moro na região de Castro - PR. Apesar da região possuir alta tecnologia no que se refere a produção leiteira, aqui encontram-se problemas "absurdos" com mastite, entre outros que pessoas de fora nem imaginam que aqui possam existir.
ANNATHAIS GOMES

CAMPO GRANDE - MATO GROSSO DO SUL - INDÚSTRIA DE INSUMOS PARA A PRODUÇÃO

EM 30/08/2008

Bem interessante essa questão dos custos com a mastite. A maioria dos produtores rurais infelizmente não sabe qual o real prejuízo que eles têm com a presença desta doença no rebanho. A adoção de práticas preventivas na propriedade têm papel fundamental para minimizar estes prejuízos, porem o produtor só controla a mastite depois que ela já levou todo seu dinheiro embora.

Acredito que os programas como o PNQL e os sistemas de pagamento pelos laticínios possam mudar um pouco a cabeça do produtor, pois estes incentivos podem motivar o produtor a produzir leite de qualidade e pra isso o manejo na propriedade deverá mudar.
ANDERSON BACCIOTTI

AVARÉ - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 11/06/2008

Muito obrigado pelos artigos enviados. Devido à carência de livros que existe em minha faculdade sobre este assunto, fica dificil desenvolver o tema sobre leite que estou trabalhando; estou lendo todos os artigos e estão sendo muito úteis para meu tabalho de conclusão de curso, obrigado !
MAGNUS GUIMARÃES BRANDÃO DA SILVA

JATAÍ - GOIÁS - ESTUDANTE

EM 10/06/2008

Gostaria de parabenizar os idealizadores desse artigo, pois os produtores e até mesmo os técnicos subestimam os gastos com a mastite.... Parabéns

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