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Impacto econômico da mastite - Parte 1/2

POR MARCOS VEIGA SANTOS

MARCOS VEIGA DOS SANTOS

EM 09/11/2001

7 MIN DE LEITURA

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1

Este artigo será publicado em duas partes

Introdução

Durante as últimas décadas, o impacto econômico da mastite em fazendas leiteiras tem sido estudado de forma intensiva e estes resultados vêm sendo amplamente divulgados como justificativas para a implantação de medidas de controle da mastite bovina. Entretanto, mesmo com o estudo e desenvolvimento de diversas estratégias de controle e prevenção, a mastite continua sendo a doença que mais causa prejuízos à indústria leiteira, afetando diretamente o produtor, a indústria processadora e o consumidor final. A mastite é considerada a principal doença que afeta os rebanhos leiteiros no mundo e aquela que proporciona as maiores perdas econômicas na exploração de bovinos leiteiros. Estima-se que haja um prejuízo de cerca de US$ 1,8 bilhão/ano nos EUA em função da ocorrência de mastite (NMC, 1996). Já no Brasil, pode-se deduzir que, em função da alta prevalência de mastite nos rebanhos, possa ocorrer perda de produção entre 12 e 15%, o que significa um total de 2,8 bilhões de litros/ano em relação à produção anual de 21 bilhões de litros.

Prevalência da mastite bovina

A despeito do intenso trabalho de pesquisa em controle de mastite em muitos países do mundo, a mastite ainda é uma doença com alta prevalência em rebanhos leiteiros. Em um estudo realizado nos estados de Nova York e Pensilvânia, nos EUA, durante a década de 90, no qual foram avaliadas culturas microbiológicas de leite de 108.312 amostras, identificou-se cerca da metade das amostras (48,5%) como sendo positivas para algum agente patogênico da mastite (Wilson, et al, 1997). Os resultados deste estudo demonstraram que os agentes causadores mais freqüentemente encontrados foram (% em relação ao total das amostras):

* Staphylococcus sp: 11,3%

* Streptococcus agalactiae: 10,1%

* Staphylococcus aureus: 9,1%

* Streptococcus sp: 7,3%

* Corynebacterium bovis: 7,2%

Os quatro principais grupos de agentes mais comuns deste estudo representaram cerca de 75% dos isolamentos. É interessante notar que os coliformes foram identificados em menos de 1% das amostras. No Brasil, há estimativas que apontam uma variação de 38% (Laranja da Fonseca, 1992) até 71% (Costa et al, 1999) na prevalência da doença.

Considerações sobre o custo da mastite

A definição de quais itens incluir no custo da mastite não é tão simples quanto possa parecer, uma vez que a decisão sobre quais fatores devem ser incluídos nestes cálculos dependem do objetivo e do uso prático da informação sobre os custos da mastite. Diversas metodologias vêm sendo usadas para este fim. No entanto, nenhuma delas pode ser considerada completa e contemplando todos os possíveis fatores que afetam o custo da mastite (Schepers e Dijkhuizen, 1991). Como exemplo para esta questão, podemos considerar que o custo do trabalho extra com os casos de mastite clínica é significativo para grandes rebanhos, enquanto que o seu significado em pequenos rebanhos familiares é muito reduzido.

Uma questão importante sobre os custos da mastite é a definição dos limites máximos para se considerar se o animal está com mastite e se, conseqüentemente, existe alguma perda associada. Quando considerado um animal isoladamente, pode-se determinar as perdas de produção associadas com a mastite como sendo a diferença entre a produção daquele animal com mastite e a sua produção caso a vaca não apresentasse a doença. No entanto, este conceito não pode ser estendido diretamente para os rebanhos como estimativa de aumento de produção pela redução dos índices de mastite no rebanho. Isto ocorre, pois a soma de todas as perdas associadas com a mastite pode estimar o impacto econômico da doença no rebanho, mas geralmente esta estimativa superestima a oportunidade real de retorno em relação ao controle de mastite, uma vez que sempre existirá algum nível de mastite no rebanho. Por outro lado, outra questão importante é saber quanto das perdas associadas à mastite podem ser reduzidas com medidas de controle economicamente viáveis (Fetrow et al., 2000).

A análise de custos da mastite em rebanhos leiteiros deveria incluir todas as perdas associadas à ocorrência da doença, assim como os custos das medidas aplicadas no seu controle. No entanto, devido ao caráter multifatorial da mastite, algumas medidas de controle não podem ser identificadas exclusivamente como tendo o objetivo de controlar a mastite, como por exemplo: manutenção de ambiente limpo e seco, estratégias para aumento do consumo de alimentos, melhorias no conforto dos animais e eficiência no tempo de ordenha, o que dificulta a quantificação destes custos com relação à mastite (Fetrow et al., 2000).

Podemos considerar que o custo da mastite pode variar em função do rebanho e do tempo. Diversos fatores podem afetar o custo final da mastite, uma vez que estes itens podem sofrer variações ao longo do tempo: preço do leite, custos de alimentação, custos de reposição de descartes e custos de medicamentos. A consideração destes fatores em cada situação permite uma definição mais precisa dos custos da mastite em um rebanho em particular.

Principais categorias de custos da mastite

Considerando todas as dificuldades apontadas anteriormente para a definição dos custos da mastite, podemos identificar os seguintes itens como sendo os principais componentes para o custo final da mastite:

* Perdas de produção de leite em função da mastite subclínica;

* Custo dos casos de mastite clínica;

* Custos do descarte e morte prematura;

* Prejuízos da indústria por redução na qualidade e rendimento industrial de derivados.

1) Perdas de produção de leite em função da mastite subclínica

Conforme já descrito anteriormente, a mastite é considerada a doença que mais acarreta prejuízos para a indústria leiteira, sendo que os prejuízos relacionados com a redução da produção de leite é o item principal, representando entre 70 a 80% dos custos totais da mastite (Ligthner, et al, 1988; Lehenbauer et al, 1998).

Uma das principais formas de estimar as perdas de produção de leite é pelo uso da CCS (contagem de células somáticas) do leite como um indicador de mastite subclínica. As estimativas das perdas de produção podem variar de 10 a 30% da produção leiteira por lactação, sendo que a extensão das perdas é influenciada por diversos fatores como: severidade da infecção, tipo de microrganismo causador, duração, idade do animal, época do ano, estado nutricional e potencial genético (Reneau, 1990; DeGraves e Fetrow, 1993).

Uma vez que a mastite tende a aumentar a sua prevalência durante o verão, os prejuízos são maiores nesta época do ano. Adicionalmente, casos de mastite no início de lactação apresentam impacto maior do que aqueles no final da lactação, além do fato de que os efeitos de um caso clínico podem se estender até a próxima lactação. De forma similar, vacas mais velhas são mais propensas a apresentarem mastite do que animais mais jovens.

De acordo com Wilson et al. (1997), os prejuízos com a produção de leite dependem do agente causador e, considerando o impacto sobre a CCS de cada agente, pôde-se estimar as perdas associadas com cada patógeno como sendo (valores em US$ em perdas/vaca/lactação):

* Staphylococcus sp: 114,00

* Streptococcus agalactiae: 179,00

* Staphylococcus aureus: 161,00

* Streptococcus sp: 169,00

* Corynebacterium bovis: 125,00

Estes resultados demonstram que o tipo de microrganismo causador está estreitamente relacionado com a intensidade de perdas de produção de leite. No entanto, ainda que encontrado em menos de 1% no estudo de Wilson et al. (1997), os coliformes podem determinar perdas de produção de até 1180 kg de leite/lactação (Anderson, et al., 1992)

Deve-se ressaltar que a ocorrência de mastite pode resultar em perdas de produção sobre a próxima lactação, ainda que os efeitos principais sejam sobre a lactação atual na qual ocorre o caso de mastite. De acordo com Fetrow et al., (1991), os efeitos negativos da mastite sobre a próxima lactação são da ordem de 20-30% das perdas observadas na lactação atual.

No entanto, as melhores estimativas de perdas de produção de leite em função da mastite são aquelas baseadas na CCS (ou log CCS), ainda que estas estimativas de perdas possam variar de acordo com o estudo. Considerando que o leite de uma glândula mamária normal sempre apresenta uma CCS mínima, podemos considerar que existe um limite máximo de CCS para considerar que as perdas de produção de leite são importantes. As tabelas 1 e 2 apresentam estimativas de perdas de produção de leite em função da CCS de vacas analisadas de forma individual e em função da CCS do tanque.

 

Tabela 1 - Perdas de produção de leite associadas ao aumento do ECS (escore de células somáticas)

 

 

Tabela 2 - Relação entre CCS do tanque, porcentagem de quartos infectados e porcentagem de perdas de produção de leite

 

MARCOS VEIGA SANTOS

Professor Associado da FMVZ-USP

Qualileite/FMVZ-USP
Laboratório de Pesquisa em Qualidade do Leite
Endereço: Rua Duque de Caxias Norte, 225
Departamento de Nutrição e Produção Animal-VNP
Pirassununga-SP 13635-900
19 3565 4260

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NEILOR

LARANJEIRAS DO SUL - PARANÁ - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 29/12/2017

Importante.

Muita gente não acredita em tanta redução na produção mais é fato verídico....Boa matéria.
JEAN MARCELO MAUL

BALNEÁRIO CAMBORIÚ - SANTA CATARINA - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 16/05/2013

Muito Boa a Matéria!!!!  Parabéns!!!!!!

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