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Fatores de risco para a ocorrência da mastite subclínica

POR BRUNO BOTARO

E MARCOS VEIGA SANTOS

MARCOS VEIGA DOS SANTOS

EM 07/11/2008

4 MIN DE LEITURA

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Os princípios básicos para o controle da mastite compreendem a eliminação de infecções existentes, a prevenção de novas infecções e o monitoramento da saúde da glândula mamária. Além disso, um programa de controle de mastite deve ser capaz de identificar e eliminar os fatores de risco aos quais os animais de um rebanho estão expostos. Para isso, por meio do cálculo do risco relativo (que, sinteticamente, é a relação entre a probabilidade de um evento ocorrer num grupo exposto contra a probabilidade do mesmo evento ocorrer num grupo de controle, ou seja, um grupo não exposto), podemos calcular a chance de uma vaca de um rebanho adquirir uma nova infecção intramamária quando exposta às condições de manejo e ambiente as quais o rebanho está submetido.

Com o objetivo de enumerar os fatores associados ao aparecimento de novas infecções intramamárias e calcular o risco relativo à incidência da doença, uma pesquisa foi conduzida na Zona da Mata, em Minas Gerais. Para isso, a pesquisa contou com 3.987 amostras de leite de 2.657 vacas em lactação provenientes de 24 rebanhos no período de um ano. De cada rebanho pesquisado, informações referentes a ordem de parto, período de lactação, profundidade e equilíbrio de úbere, presença de lesão nos tetos e escape de leite, e procedimentos relacionados ao controle e prevenção de mastite foram tomadas. Além disso, os pesquisadores realizaram também uma entrevista com os ordenhadores e os gerentes dos rebanhos, uma inspeção visual e técnica de equipamentos de ordenha, e a verificação de características individuais dos animais.

Ao classificarem os animais conforme a CCS (abaixo ou acima de 200.000 céls./mL), os pesquisadores observaram que 52% das amostras provinham de animais com CCS acima de 200.000 céls./mL. Associando estatisticamente os dados de CCS com as respostas obtidas no questionário formulado, verificaram que 36 variáveis estavam ligadas às contagens acima de 200.000 céls./mL. A partir da possibilidade de relação biológica coerente entre elas, os pesquisadores escolheram 10 variáveis usadas para identificação dos fatores de risco para CCS acima de 200.000 céls./mL, conforme podemos observar no Quadro 1 a seguir.

O único fator de risco associado às características individuais da vaca foi a profundidade do úbere, mostrando que animais com a base do úbere junto ou abaixo do jarrete tiveram 1,73 vezes mais chances de apresentar CCS acima de 200.000 céls./mL quando comparadas às vacas de úberes mais elevados, o que se deve, provavelmente, ao aumento da exposição das extremidades dos tetos aos patógenos ambientais.

Quadro 1. Fatores associados ao risco da ocorrência de CCS acima de 200.000 céls./mL. (Adaptado de Coentrão et al., 2008)

Clique na imagem para ampliá-la.

De acordo com os pesquisadores, nos rebanhos em que o equipamento de ordenha, de forma geral, era mal conservado e não possuía manutenção periódica adequada, o risco de ocorrência de mastite subclínica nos animais foi maior que nas propriedades onde se respeitava os procedimentos de limpeza e a revisão freqüente dos componentes do equipamento de ordenha, uma vez que, o uso e o funcionamento adequados do equipamento são fatores importantes para a qualidade do leite e o controle da mastite.

O segundo maior risco identificado pelos pesquisadores foi a falta de treinamento dos ordenhadores quanto ao manejo de ordenha, pois nas propriedades onde os colaboradores não receberam explicações sobre a correta realização e interpretação dos testes da caneca do fundo preto, do CMT, e sobre o uso do equipamento de ordenha, os animais apresentaram 2,51 vezes mais chances de desenvolverem mastite subclínica.

Além disso, nos rebanhos em que não havia diagnóstico microbiológico dos patógenos responsáveis pelos casos de mastite, os animais estavam 1,84 vezes mais expostos ao risco de uma infecção intramamária subclínica que as vacas de propriedades que recorriam aos serviços laboratoriais de cultura microbiológica e antibiograma. De acordo com os pesquisadores, a considerar que a mastite tem caráter endêmico em rebanhos leiteiros, o sucesso de um programa de controle da mastite respalda-se na avaliação periódica da saúde do úbere, baseada na análise periódica e interpretação dos resultados de CCS e exame microbiológico.

Dentre os fatores associados ao manejo de ordenha, a inserção total da cânula da bisnaga de antibiótico intramamário foi o que representou o maior risco de gerar uma infecção intramamária subclínica em relação ao rebanho em que os animais eram submetidos ao tratamento intramamário com inserção correta da cânula no orifício do teto. Os pesquisadores reforçaram que, em animais de rebanhos nos quais se seguia o protocolo correto de desinfecção do orifício do teto, para a posterior inserção parcial da cânula da bisnaga de antibiótico verificou-se uma menor chance de infecção, pois os procedimentos adequados evitavam a penetração de bactérias no interior da glândula.

Em propriedades onde se adotava a prática da imersão do conjunto de teteiras em solução desinfetante para impedir a disseminação de patógenos contagiosos tiveram, ao contrário, 2,19 vezes mais chance de disseminarem a doença entre seus animais durante a ordenha. Entretanto, segundo os pesquisadores, a má execução desta prática verificada nestas propriedades pode ter contribuído para um alto risco relativo: Provavelmente a matéria orgânica, como leite e outros contaminantes que se acumulavam, em contato com o desinfetante neutralizavam o princípio ativo da solução desinfetante, fazendo com que ela facilitasse a transmissão dos patógenos de um animal infectado para um susceptível por meio do conjunto de teteiras.

A compra de animais para reposição do rebanho e o tipo de aplicador utilizado nos procedimentos de pré e pós-dipping não resultaram em risco relativo maior que 1 e, por isso, segundo os pesquisadores, não foram caracterizados como fatores de risco.

Ainda, os pesquisadores reforçaram que os principais fatores de risco identificados pela pesquisa estavam associados às características regionais de logística, acesso à assistência técnica especializada, medicamentos, suporte laboratorial e, principalmente, à falta de orientação profissional.

Dessa forma, ficou evidente que a identificação dos fatores de risco associados aos casos incidentes de mastite subclínica devem ser priorizados nos programas de controle de mastite no rebanho, de forma a permitir a escolha e adoção de procedimentos adequados à prevenção dos novos casos.

Fonte: Coentrão et al. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, 2008.

MARCOS VEIGA SANTOS

Professor Associado da FMVZ-USP

Qualileite/FMVZ-USP
Laboratório de Pesquisa em Qualidade do Leite
Endereço: Rua Duque de Caxias Norte, 225
Departamento de Nutrição e Produção Animal-VNP
Pirassununga-SP 13635-900
19 3565 4260

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CELIOMAR ALVES MOREIRA

SÃO LUÍS DE MONTES BELOS - GOIÁS - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 06/04/2009

Parabéns ilustres Professores, pela matéria.

Fazendo uso deste espaço, relato as dificuldades que tenho com relação a real situação que convivo em uma propriedade que presto consultoria, a saber: 1º - animais com produção superior a 20,00 Kg média; 2º - ordenha mecanizada; 3º - base do úbere abaixo do jarrete; 4º - prolapso de esficter (maioria); e, finalmente, período chuvoso.

A unica alternativa que tenho, a medio - longo prazos, é voltar ao manejo de bezerro ao pé, visto levar em consideração o leite residual, outro agravante do problema. Mesmo assim, a CCS está inferior a 750 mil células / ml. Felizmente, a situação só não esta pior por eu ser dedicado a pesquisas, e ser responsavel pelo serviço de qualidade do leite onde presto meus serviços rotineiramente.

Um abraço e até mais.

<b>Resposta do autor:</b>

Prezado Celiomar Alves Moreira,

Pela situação que você descreveu, um dos principais fatores de risco para a ocorrência de mastite são os problemas de esfíncter de tetos. Uma das prováveis causas desse problema é o mau funcionamento do equipamento de ordenha (pulsador, nível de vácuo, teteiras velhas). Sendo assim, uma recomendação que pode trazer alguma resultado seria uma revisão e checagem do sistema de ordenha.

Sobre os problema de úbere pendular, esse já é um caso mais difícil pois depende da idade dos animais e também de fatores genéticos.

Atenciosamente, Marcos Veiga
NIVALDO@DOURAMIX.COM.BR

CAARAPÓ - MATO GROSSO DO SUL - INDÚSTRIA DE INSUMOS PARA A PRODUÇÃO

EM 03/12/2008

Parabéns aos pesquisadores, muito bom mesmo os resultados apresentados. Gostaria de saber se vocês tem algum resultado sobre a SILA (sindrome do leite ácido), pois nesta época de chuva é muito comum a reclamação de leite ácido, até mesmo em casos em que as pessoas não estão dando nenhum tipo de ração seca. Gostaria de uma informação mais precisa a respeito deste assunto e o que poderia ser feito para se evitar, ou prevenir para este tipo de problema muito comum na pecuária leiteira.

Att. Nivaldo César de Melo.
Gestor de Qualidade e tecnologia em Manejo e Nutrição Animal.
Dourados- MS.
NELSON ROSSATO

MANDAGUARI - PARANÁ - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 10/11/2008

Parabéns aos pesquisadores pela pesquisa e os numeros apresentados.

Como podemos ver, em segundo lugar como fator de risco ficou a falta de treinamento dos ordenhadores, mas se analisarmos bem, dos 10 fatores de risco relacionados pelos pesquisadores podemos ver que 70% dos itens estão relacionados ou ligados diretamente a mão-de-obra ou ordenhador.

Na minha opinião, apenas 3 não estão diretamente ligados ao oredenhador (mão-de-obra terceirizada): 1º- Compra de Animais p/ reposição (responsável é o proprietario) ; 2º- Base do ubere (genética / raça) e 3º Patógenos causadores (disponibilidade de cultura bacteriana).

Como podemos ver Dr. Marcos Veiga e Dr. Bruno Botaro, a mão de obra é muito importante no controle da mastite e redução da CCS na propriedade.

Temos acompanhado varias propriedade com problema de CCS alta e com ordenhadores treinados e orientados tecnicamente, e temos visto que o que falta em alguns é comprometimento e concientização em resolver o problema. Sabemos que estes fatores de risco são reais em cada propriedade, e que a mastite nunca vai acabar, mas pode ser controlada.

Um abraço.

FERNANDA KAULING

FIGUEIRÃO - MATO GROSSO DO SUL

EM 08/11/2008

A IN 51 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - MAPA, estabelece os novos padrões de identidade e qualidade para os diferentes tipos de leite comercializados no Brasil. De acordo com a IN 51, todo leite cru produzido no Brasil deverá ter sua qualidade monitorada, sendo a freqüência das análises, as características a serem avaliadas e os padrões normais estipulados para cada tipo de leite,(BRASIL 2002).

Mas me parece que a realidade é bem diferente, pois a falta de treinamento e capacitação para a maioria dos ordenhadores e concientização dos produtores para a importância desses cuidados higiênicos no momento da ordenha tem influenciado significativamente a qualidade final do produto. E a venda de leite in natura, que chega a mesa do consumidor, sem ter passado por nenhum tipo de controle sanitário, ainda é fato presente.

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