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Cobre e o aumento da resistência à mastite causada por E. coli

POR MARCOS VEIGA SANTOS

MARCOS VEIGA DOS SANTOS

EM 16/05/2003

4 MIN DE LEITURA

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Marcos Veiga dos Santos

Diversas estratégias com o objetivo de prevenir a mastite bovina baseiam-se exclusivamente em medidas de manejo do rebanho. Por outro lado, a capacidade de resposta imune da vaca leiteira depende, entre outros fatores, do adequado fornecimento de nutrientes, levando vários pesquisadores a buscar o aumento da resistência do animal pela suplementação de nutrientes específicos. Atualmente, temos vários exemplos bem estudados que relacionam suplementação e resistência à mastite, como: selênio e vitamina E.

Busca-se assim o descobrimento de novos nutrientes com o mesmo potencial de auxílio no controle da mastite, sendo o cobre um dos mais estudados ultimamente pela sua função crucial no funcionamento do sistema imune de várias espécies animais. Em muito países e regiões leiteiras têm-se observado a ocorrência de muitos casos clínicos de mastite causados por microrganismos chamados de ambientais, tais como a Escherichia coli. A prevenção da ocorrência de casos clínicos de origem ambiental é um grande desafio, pois as medidas tradicionais de manejo afetam pouco este tipo de agente, em particular a desinfecção de tetos após a ordenha e a tratamento de vaca seca.

Baseando-se em pesquisas anteriores que demonstraram a função do cobre na redução da incidência de mastite e no tipo de resposta a infecções experimentais causadas por E. coli, estaremos relatando um estudo que avaliou o efeito do nível de cobre sobre a resposta imune de novilhas desafiadas com E. coli. De maneira resumida, vinte e três novilhas foram dividas aleatoriamente em dois grupos e submetidas a uma das duas seguintes dietas: dieta basal (6,5 ppm de cobre) ou suplementadas com altos níveis de cobre (dieta basal + 20 ppm na forma de sulfato de cobre), entre os 60 dias antes e 42 dias depois do parto. Durante este período, foi monitorado o nível de cobre dos animais através de biópsias de fígado e amostras de sangue. Paralelamente, após o parto foi realizada coleta semanal de amostras de leite para cultura microbiológica e monitoramento da ocorrência de casos de mastite.

As novilhas suplementadas apresentaram níveis de cobre no fígado cerca de 3 vezes superiores que os animais da dieta basal, indicando efeitos positivos da suplementação de cobre sobre as reservas do animal. No 34o dia após o parto, foi selecionado um quarto sadio de todos os animais (com e sem suplementação de cobre), o qual foi desafiado experimentalmente com a infusão intramamária de E. coli. Após a infusão foram monitorados em cada animal os sinais clínicos da mastite, a produção de leite e os níveis de cobre no sangue. Antes da infecção experimental, a produção de leite era igual para os dois grupos de animais. No momento do parto, os animais suplementados com cobre tenderam a apresentar menor proporção de quartos com infecções intramamárias que os não suplementados, apontando para uma possível ação preventiva da suplementação.

Após a infecção experimental, os animais suplementados com cobre na dieta apresentaram menores contagens de E. coli e de células somáticas (CCS) no leite nas 18 horas iniciais da infecção. Os sintomas clínicos dos casos de mastite foram mais severos para o grupo não suplementado, apresentando maior severidade nas primeiras 36 horas da infecção e retornando ao normal em cerca de 8 dias. Houve aumento das temperaturas retais com pico máximo de 18 horas, sendo que os animais suplementados apresentaram as menores temperaturas. No tocante a produção de leite, ambos os grupos apresentaram em média de 12 a 17% de quebra no 1o dia após a infecção por E. coli, retornando gradualmente ao normal após o 4o dia.

Os resultados deste estudo apontam que a suplementação com 20 ppm adicionais de cobre em uma dieta basal fornecem suprimento adequado de cobre para manter as reservas deste mineral em níveis adequados no fígado, durante o período peri-parto. No entanto, não se sabe se estes níveis de suplementação são os mais adequados para a máxima resposta imune de vacas leiteiras. Como referência, o NRC de 1989 recomenda 10 ppm para a dieta de vacas leiteiras, enquanto a edição de 2001 eleva para cerca de 16 ppm no final da gestação. Considera-se que os níveis de cobre presentes no sangue não refletem se os níveis de cobre do animal estão ou não adequados, uma vez que o fígado é o órgão de reserva, o que o torna o local mais indicado para o monitoramento.

Os resultados apresentados desse estudo indicam que a resposta das novilhas desafiadas com E. coli é influenciada pelos níveis de cobre da dieta, uma vez que os níveis basais parecem ser adequados ao crescimento e produção de leite, mas mostram-se insuficientes para otimizar a resposta imune à mastite. As diferenças em relação à resposta à mastite quanto à contagem de E. coli, CCS, temperatura retal e severidade dos sintomas está diretamente relacionada com os níveis e a função do cobre sobre o sistema imune, visto que várias células de defesa - neutrófilos e macrófagos - são fundamentais na resposta imune e utilizam o cobre no seu metabolismo. Pode-se, portanto, explicar os efeitos benéficos da suplementação devido à capacidade aumentada de eliminação pelas células de defesa.

Em resumo, os resultados reforçam a idéia da importância de nutrientes específicos, como o cobre, para a máxima resposta imune em vacas leiteiras, em especial na prevenção da mastite ambiental.

Fonte: J. Dairy Sci. 86:1240-1249, 2003.

MARCOS VEIGA SANTOS

Professor Associado da FMVZ-USP

Qualileite/FMVZ-USP
Laboratório de Pesquisa em Qualidade do Leite
Endereço: Rua Duque de Caxias Norte, 225
Departamento de Nutrição e Produção Animal-VNP
Pirassununga-SP 13635-900
19 3565 4260

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IUNAMACHADO

UNAÍ - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 15/04/2010

Eu queria saber do professor se Cobre injetável pode ser usado como preventivo.

<b>Resposta do autor:</b>

Iuna Machado,

Não recomendo o uso de cobre injetável em razão dos riscos de intoxicação. Somente deve ser usado na concentração máxima indicada para uso na dieta.

Atenciosamente, Marcos Veiga


DANIELA SÉRGIO RIBEIRO

GOIÂNIA - GOIÁS - ESTUDANTE

EM 13/06/2008

Gostaria de tirar umas dúvidas com o Prof. Marcos. Adorei o artigo e fiquei um tanto curiosa, principalmente porque temos casos de mastite por E. coli altamente resistentes à medicação disponível no mercado. A suplementação seria de 20 ppm, certo?
20 ppm de sulfato de cobre ou 20 ppm de cobre na forma de sulfato?

E essa suplementação seria misturada ao concentrado?
Independente do consumo diário? Poderia ser usado não apenas como preventivo, mas como paleativo ou coadjuvante no tratamento de casos clínicos?

Muito obrigada,
Daniela Ribeiro.

<b>Resposta do autor</b>

Prezada Daniela Sérgio Ribeiro,

Esse é um trabalho de pesquisa que avaliou o efeito da suplementação de cobre (20 ppm de cobre, na forma de sulfato de cobre) sobre a capacidade de resistência de novilhas a mastite causada por E. coli. Eu não indicaria que isso fosse usado como um tratamento para animais com a mastite já instalada e sim para prevenção de novos casos, principalmente em animais jovens e no período Peri-parto.

Na maioria das fazendas essa suplementação tem sido usada ou no concentrado ou na forma de ração total (concentrado e volumosos misturados).

Atenciosamente, Marcos Veiga

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