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Biossegurança aplicada ao controle de mastite - Parte 1

POR MARCOS VEIGA SANTOS

MARCOS VEIGA DOS SANTOS

EM 12/06/2003

4 MIN DE LEITURA

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Os conceitos de biossegurança aplicados ao controle de mastite consistem no conjunto de medidas de manejo para controlar e prevenir a introdução de agentes causadores de mastite, para um rebanho livre destes agentes, ou para reduzir a disseminação destes patógenos entre vacas dentro do rebanho. A biossegurança, ainda que este termo seja mais usado apenas recentemente, tem sido usada como forma de controle de mastite desde a década de 60, como por exemplo, através da recomendação de realização de cultura de amostra de leite das vacas antes da sua introdução no rebanho.

De maneira crescente, tem-se observado a introdução de novos animais nos rebanhos leiteiros, seja para reposição de animais descartados ou para o aumento do número de vacas em lactação dos rebanhos. Se por um lado a compra de vacas leiteiras permite a rápida expansão e/ou reposição de animais descartados, esta estratégia pode resultar em sérios riscos e introdução de doenças infecto-contagiosas nos rebanhos leiteiros. Neste caso, os impactos negativos da entrada de agentes contagiosos são principalmente os prejuízos acarretados, além dos gastos com medidas de controle que se fazem necessárias. Em várias regiões temos observado exemplos de fazendas que adquiriram vacas e novilhas de outros rebanhos sem as devidas medidas de precaução, que, após passados alguns meses, começam a apresentar surtos e elevação de índices de mastite. Além disso, as freqüentes liquidações de rebanhos leiteiros são outro potencial risco de introdução de doenças nas fazendas que compram estes animais, caso não sejam tomadas medidas preventivas.

Geralmente, os técnicos e produtores que compram estes animais não possuem informações sobre a ocorrência de doenças infecciosas, entre as quais a mastite. Sendo assim, a aplicação de medidas de biossegurança pode ser extremamente importante para reduzir os prejuízos associados a entrada de doenças infecciosas nos rebanhos leiteiros. Para tanto, faz-se necessário o entendimento dos princípios de biossegurança, os objetivos da prevenção de doenças e as informações específicas sobre a epidemiologia de cada agente patogênico.

Conhecendo os agentes causadores de mastite

Os microrganismos causadores de mastite são comumente classificados quanto a sua origem ou reservatório. Desta forma, classificam-se como agentes contagiosos aqueles que têm como reservatório a glândula mamária, e como agentes ambientais aqueles cuja fonte primária é o próprio ambiente do animal (esterco, lama, curral). Considerando que os agentes ambientais são amplamente distribuídos em todo o ambiente, é inviável o seu controle, através de medidas de biossegurança, para os novos animais introduzidos no rebanho. Neste caso, podem-se aplicar medidas para controlar os agentes ambientais dentro do rebanho, por exemplo, através da higiene de ordenha e vacinação.

Por outro lado, medidas para evitar a introdução de animais infectados por agentes contagiosos dentro de um rebanho, assim como para reduzir a sua disseminação entre vacas são extremamente importantes para controle da mastite contagiosa. Para uma melhor compreensão das estratégias para reduzir a sua disseminação é importante o conhecimento mais detalhado dos principais agentes contagiosos: Streptococcus agalactiae, Staphylococcus aureus e Mycoplasma sp.

Streptococcus agalactiae

Este é um típico agente patogênico contagioso da mastite, que se caracteriza por ser encontrado quase que exclusivamente no interior da glândula mamária. Este microrganismo foi um dos primeiros a ser isolado de casos de mastite, sendo ainda considerado um agente causador muito importante nos rebanhos brasileiros. Em outros países, como Canadá, estudos apontam cerca de 40 a 50% dos rebanhos apresentam que menos uma vaca infectada por S. Agalactiae. Nos EUA, estimativas apontam para prevalências de 5 a 20% dos rebanhos com a presença deste agente, através da análise do leite do tanque. No Brasil, em estudo realizado com 48 rebanhos e cerca de 6.300 amostras, aproximadamente 6,9% das amostras foram positivas para S. Agalactiae, sendo que o microrganismo foi isolado em 60% dos rebanhos analisados, o que demonstra que este microrganismo é prevalente dentro dos rebanhos pesquisados.

Várias estratégias de controle e erradicação de S. Agalactiae são conhecidas atualmente, sendo implantadas em muitos rebanhos com sucesso. O tratamento dos casos de infecção intramamária causada por S. Agalactiae, na lactação ou na secagem, apresenta taxa de cura superior a 90%, demonstrado que este microrganismo responde bem a antibioticoterapia. Outras medidas de controle, tais como a desinfecção dos tetos após a ordenha, tratamento de vaca seca, secagem dos tetos com toalha descartável, estão associadas à redução da prevalência de S. Agalactiae nos rebanhos.

A erradicação de S. Agalactiae dos rebanhos leiteiros é possível, ainda que demorada e trabalhosa. Neste caso, a eliminação completa deste agente é atingida pela identificação das vacas infectadas pela cultura de amostras de leite, seguida do tratamento intramamário com antibiótico. Esta estratégia também é conhecida como "blitz terapia", pois se tem como objetivo o isolamento e tratamento de todos os animais infectados no mesmo período, resultando em rápida redução do agente no rebanho. Como tanto a identificação como o tratamento não atingem 100% de eficácia, são necessárias várias tentativas para a completa erradicação de S. Agalactiae. Paralelamente à execução da blitz terapia, as medidas tradicionais de controle devem ser aplicadas, visando a redução das novas infecções causadas por este microrganismo.

Diversos trabalhos de pesquisa indicam que, mesmo com elevado custo de implantação, a erradicação de S. Agalactiae é uma medida que tem retorno econômico, visto que este agente causa grande aumento da contagem de células somáticas (CCS) e redução da produção de leite. Uma vez estabelecido o controle de S. Agalactiae, devem ser implementadas práticas de biossegurança buscando diminuir os riscos de novas infecções. Considerando que o interior da glândula mamária é o reservatório exclusivo do agente, os rebanhos livres de S. Agalactiae podem evitar a sua introdução pela cultura do leite de todos os animais que entram no rebanho antes que sejam ordenhados juntos com as demais vacas. Esta é a principal medida para diminuir o risco da introdução de S. Agalactiae em rebanhos leiteiros.

Fonte: Balde Branco, v. 463, maio 2003.

MARCOS VEIGA SANTOS

Professor Associado da FMVZ-USP

Qualileite/FMVZ-USP
Laboratório de Pesquisa em Qualidade do Leite
Endereço: Rua Duque de Caxias Norte, 225
Departamento de Nutrição e Produção Animal-VNP
Pirassununga-SP 13635-900
19 3565 4260

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